Metralhadora giratória
Joaquim Nagib Haickel
Deputado estadual e membro da Academia Imperatrizense de Letras.
Alguns amigos e leitores andam reclamando que há muito tempo não escrevo nem publicado nada de novo, principalmente nada sobre política. Acho que eles têm razão, então lá vai, depois não reclamem heim!
Minha abordagem de hoje terá quatro tópicos:
1 – Uma frase, na verdade uma sentença na real acepção da palavra ecoa em meus ouvidos há mais de um ano, quando um importante chefe político do meu partido me disse que apesar de eu ser um sujeito culto e inteligente, um deputado competente, um político coerente, responsável e respeitado, carregava comigo um grave defeito que segundo ele me inviabilizaria definitivamente o futuro promissor, que eu até poderia ter, se não fosse como sou.
Você deve estar se perguntado, qual tão grave defeito será que tem esse rapaz!? Segundo ele, o defeito que fará com que eu não assuma os mais altos postos da minha carreira se deve ao fato de eu não aceitar o sistema de liderança cega, surda e muda, como aqueles macaquinhos com as mãos tapando os olhos, os ouvidos e a boca.
Se for verdade que para alguém ter sucesso na política, tenha que se submeter cegamente, surdamente e mudamente a um líder, quem quer que seja ele, então estou realmente lascado. Isso não faço não. Não porque não queira, mas porque simplesmente não sei como agir assim. Não consigo não ver o que me mostram, não consigo não ouvir o que me dizem e principalmente, não consigo deixar de dizer o que penso, de dar minha opinião.
2 – Tenho me sentido muito incomodado com o comportamento de alguns amigos jornalistas que estão fazendo o que mais condenávamos nos jornalistas adversários tempos atrás. Esta dança das cadeiras propiciada pela mudança no comando dos destinos de nosso estado, bem demonstra a forma absurdamente errada que os nossos adversários agiam antes, mas infelizmente serve para comprovar que somos nós agora os errados na forma de praticar o jornalismo político.
Não é porque estamos fora do governo que vamos simplesmente passar a agir como agia a imprensa que antes achávamos tendenciosa e sectária. Dona de uma visão estreita, intolerante e intransigente. Agora somos nós a oposição e agir como agiam aqueles a quem tanto condenávamos é um absurdo sem falar que é uma grande burrice. Os caminhos e a formas mais fáceis e cômodas de defender algo, quase sempre são os mais passíveis de insucesso. Vide os nossos adversários.
3 – Estive em Imperatriz no dia 8 de março, dia internacional da mulher. Fui para a sessão da Academia Imperatrizense de Letras que comemorou aquela festiva data e depois fui ao Teatro Ferreira Gullar onde mais comemorações alusivas ao dia da mulher aconteciam.
Foi uma noite divertida e interessante. Entre uma atração e outra eram feitas homenagens a importantes personalidades femininas da cidade, do estado, do país e do mundo. Perguntas do tipo quem foi a primeira mulher a se eleger deputada federal no Brasil eram feitas e quem respondesse corretamente ganhava um presente. Muito interessante e educativo.
Encerrada a festa fomos eu, o confrade Domingos César e o presidente regional do PC do B, Gerson Pinheiro sentar na porta do teatro. Lá pelas tantas Domingos se vira e diz que aquele teatro foi o melhor presente que a Roseana poderia ter-lhes dado. Imediatamente retruquei, pois não sei agir de outra forma. Disse que acreditava, mas perguntei-lhe que se isso era verdade, porque será que sendo o dia internacional da mulher, e tendo em vista todas aquelas homenagens feitas para tantas mulheres tão importantes e merecedoras de nosso respeito e de nossa gratidão, porque não houve nem uma simples alusão ao nome da primeira governadora eleita e reeleita em um estado brasileiro, já que foram homenageadas a primeira deputada federal do Brasil, a primeira prefeita de um município brasileiro, a primeira vereadora do município de Imperatriz!? Ele sorriu como se concordasse.
Sectarismo! Visão parcial, estreita, intransigente e intolerante. As promotoras da festa pertenciam a uma corrente política contraria a ex-governadora Roseana, mas não poderiam jamais desconhecer que ela é mulher e como tal, aquele dia também era seu, e se estavam homenageando tantas e todas as mulheres porque não homenagear até mesmo uma que apesar de ser adversária, construiu e reformou o teatro que servia de palco para aquela comemoração?
4 Dito isso, quero me dirigir àquele importante líder de meu partido que disse que jamais eu alcançaria posições de destaque na política porque não idolatrava um líder, não tinha um chefe. Olha, já cheguei onde jamais pensei que pudesse chegar. Estou na política desde 1982, 25 anos, bodas de prata. Só irei adiante inteiro, completo, vendo, ouvindo e falando. Se tiver que me mutilar para galgar um degrauzinho a mais, ficarei onde estou. Estou bem aqui.
Integro. Quero poder ser capaz de criticar leal e abertamente meus amigos para poder com todo o respeito e com toda a moral que tenho e que as pessoas têm por mim, defendê-los, quando eles realmente precisarem, não quando simplesmente, por algum capricho eles o quiserem.
Procuro ser um bom político. Jamais seria um capacho.
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