O sonho de ontem.

Elegante,
falante,
galante…
Não lembro direito, mas não esqueço jamais.
Flores,
vinho,
coisas pra beliscar,
música,
dança,
conversa ao pé do ouvido.
Sorriso infantil,
olhar denunciador,
seu corpo fala por ela,
vibra(literalmente vibra)
ao som da flauta de Euterpe
e da lira de Terpsícore.
No colo dela,
em seu decote,
descortino o mundo e desço…
Montes,
vasta pradaria,
vales,
um rio feito de suor…
Precipício…
Mergulho.
Quando emergi estava nas costas dela,
em sua nuca
e aos seus ouvidos fechei a noite.

10 comentários em “O sonho de ontem.”

  1. Caro Joaquim,
    Parabéns. Que belo texto!
    Gostei tanto que me encorajei a enviar um escrito meu.
    Há outros que penso em reunir num livro.
    Grande abraço,
    Mário Márcio

    O corpo queima
    A alma congela
    O membro vibra
    O peito emudece
    As mãos vagam, sem nada encontrar
    Os olhos se fecham
    Os desejos se mostram
    O sêmen jorra
    E se perde no vento

  2. Caro poeta, pelos meus registros, esse foi sem dúvida o melhor poema que você escreveu nos últimos anos. É inteligente, culto, sensível e sensual. Clio soou a trombeta em sol maior. Depois desse, eu lamento, mas só posso cobrar-lhe outro, melhor ainda.
    Um beijo
    Da sua eterna Mnemosine

  3. Realmente! Esse poema é muito interessante. Tem ritmo, tem força, é sensível e sensual. Usa belíssimas metáforas (Precipício!). É másculo, não machista.
    É um poema forte de amor e sexo feito por um homem com cheiro de homem, com cara de homem e com todas as letras maiúsculas, coisa rara de se achar por ai.

  4. Por Zeus! Pelo Tártaro, acordem meninas! Para que um homem fique assim feito raridade, tem que ter a parceira certa, uma mulher mais rara ainda. Só alguém especial pode trazer a tona o melhor de um homem.
    Mãos a obra meninas e se tornem pessoas especiais. Quanto ao poeta, lamento dizer, mas ele já tem musa.
    Eta poeta, vás ter que recorrer à musa para atenderes tanta demanda de sonhados poemas. E foi só um sonho, de ontem, imagina se tivesse sido real. E quem disse que os sonhos não são reais? São tão reais que causam efeitos especiais. 🙂 Muitas vezes até causam guerras apocalípticas no Olimpo. Até que tudo fique limpo e passado a limpo é uma longa jornada da memória.
    Beijos
    Mnemosine

  5. Mnemosine é a Deusa da memória. Muito legal o comentário de Mnemosine. Penso que um poeta que faz uma leitura assim cheia de erotismo deve ser “apaixonado” pelo FEMININO. Vê-se este erotismo em vários trabalhos seus, por exemplo no filme “Pelo Ouvido”, nele, percebe-se o cuidado com o sentir feminino. Talvez uma mulher não captasse tão bem o erotismo explícito no filme-conto-memória-ou-fantasia do diretor-escritor…p/ quem ler não importa a origem do escrito e sim o que pode causar nele, digo, no leitor, ler um poema, uma crônica, ver um filme…enfim ” O sonho de ontem”

  6. Obrigado pelo elogio “Leitor”. Você está certo, não importa de onde o vento sopre, o importante é se deixar tocar pelo vento. Todo escritor é como o vento, traz à tona suas próprias memórias, enquanto estimula o mesmo processo nos leitores. E em cada um processa-se de maneira particular, sem nunca decifrar a alma do escritor, pois essa é mais do que ele escreve e torna público. A memória é imprescindível para o aprendizado e fortalecimento do eu.
    Um abraço
    Mnemosine

  7. Caro poeta,

    Felizmente, caro Joaquim, fazer poesia não é simplesmente aplicar metaforas e eufemismos para clamar, nessa ordem, por : Vulvas cabeludas; grandes e pequenos lábios; liquidos lubrificantes e mucos; profunda vagina e sexo oral !

    Ainda bem !!!

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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