Verdade não caduca.

Semanas atrás escrevi num texto que foi muito comentado em todas as esferas políticas de nosso estado. Disse que até porque acreditava que ninguém fosse me perguntar alguma coisa, iria logo dizendo o que pensava, pois não queria perder a oportunidade de dizê-lo antes de qualquer pessoa que talvez não tivesse nem moral nem legitimidade para tanto, o fizesse, pois pelo menos isso, moral e legitimidade, eu tinha e tenho.

Entre todas as coisas que comentei naquela ocasião, as que me parecem as mais importantes são justamente aquelas que dizem respeito à forma de como deveríamos e deveremos encarar os imensos desafios que neste momento temos pela frente.

Melhor seria que pudéssemos ao mesmo tempo reparar alguns erros cometidos anteriormente, erros esses muito mais políticos que administrativos, e que demonstrássemos que com o tempo, o aprendizado e o amadurecimento havíamos nos tornado mais sábios e mais tolerantes.

Comentei que era necessário que se dissesse que ninguém deveria pensar que esses poucos meses de governo seriam fáceis. Ninguém tem o direito de se enganar ou de tentar enganar outras pessoas, fazendo com que acreditem que em um passe de mágica iremos consertar o desmantelo de um governo que desde o primeiro dia, muito mais que administrar o estado, procurava simplesmente sobreviver ao fato de ter nascido de um pecado ao mesmo tempo original e capital.

Foi nessa incerteza que o ex-governador Jackson Lago montou uma administração anêmica e frágil. Muitas vezes teve que ceder a pressões que nenhum governante deveria nem poderia ser exposto. Foi chantageado, extorquido, enganado. Entre seus assessores, poucos escapam da acusação de traição, pois mais que assessorar ao governo e ao governador, assessoravam a si mesmos e aos seus interesses mais imediatos.

O atual governo de Roseana Sarney terá que ser um governo de reconstrução, de estabilização, de restabelecimento da ordem na administração dos negócios de estado e do estado.

Dizia, que por saber como é difícil essa situação, aconselharia que os puxa-sacos de plantão e que os oportunistas fossem mantidos distantes. Não é hora para se aceitar esse tipo de coisa. Existem coisas importantes a serem feitas e se elas forem feitas, por si só, isso colocará uma pá de cal sobre o recente desastroso passado administrativo e político de nosso estado.

Nosso grupo político tem que dar o exemplo e não se deixar levar pela vaidade nem pelo orgulho, muito menos pelo rancor ou pelo sentimento de revanche. O Maranhão não vai agüentar isso e nosso povo não merece. Devemos assumir o governo de forma protocolar e administrá-lo de forma efetiva, eficiente e eficaz. Que fique claro que não há nem nunca houve, nem nunca haverá em nosso grupo um correspondente aos repugnantes “Novos Balaios”.

Nós políticos, principalmente os com mandato eletivo, temos que participar efetivamente da construção desse novo cenário, mas devemos ter consciência do que deve ser feito e de como deve sê-lo. 

Alertei para que ninguém se jogasse numa busca frenética pela indicação de cargos no governo, pois para cada cargo há um perfil correspondente e ele deveria ser minimamente respeitado, pois não vivemos mais o tempo do jabuti trepado. Não há mais espaço para desculpa de enchente ou mão de gente.

Devemos ter consciência de que uma coisa é fazer a política e coisa bem distinta é fazer a administração pública. Quem por acaso for fazer parte da administração direta e executiva do estado tem que ter consciência de que só lhe é possível estar ali e fazê-lo porque há uma estrutura política que o sustentou, que o sustenta e o mantém. Por sua vez, os políticos, de todos os tamanhos e em todos os níveis, têm que ter consciência de seu valor dentro dessa estrutura, mas tem que saber que esse valor não pode colocar em jogo a governabilidade e a estabilidade administrativa do governo.

Disse que gostaria de ver vários de meus colegas políticos, com ou sem mandato, participando da nova administração, mas que queria que partisse deles mesmos e que eles recebam recomendação expressa da Governadora Roseana Sarney, de que o cargo que por ventura venham ocupar, não lhes pertence, mas sim ao povo do Maranhão, do qual nós seremos temporariamente os procuradores. Que tenham consciência de que devem tratar os assuntos administrativos de maneira clara e reta e que os assuntos políticos sejam prioridade, que tenham preferência desde que não conflitem com os administrativos, que estejam de acordo com a legalidade, com a justiça, com a coerência, com o bom senso e principalmente com o interesse público.

Finalizei dizendo que a montagem da base de apoio do governo será uma obra delicada, que demandará muita atenção, dedicação e cuidado, pois existem áreas de conflitos tanto dentro de nosso próprio grupo, quanto em relação aos apoios que com toda certeza virão através de adesões. Aqueles que sempre foram conosco tem que ser tratados com toda deferência e consideração. Quem quiser vir apoiar que venha, mas que fique claro que a contrapartida desse apoio jamais acontecerá à custa do sacrifício de quem sempre foi leal e companheiro.

A política é uma arte, e como tal carece de estudo, técnica, experiência, cuidados como os de um pintor ou de um poeta. O exercício da arte da política aprimora seus artesãos e é nessa condição que devemos encarar nosso oficio.

Tudo isso foi dito mais de um mês atrás, prevendo o cenário de hoje. Acredito que o que disse naquela ocasião continua sendo verdade e verdades como essas são eternas, jamais ficam caducas.

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

Busca

E-mail

No Twitter

Posts recentes

Comentários

Arquivos

Arquivos

Categorias

Mais Blogs

Rolar para cima