O professor, um argumento

Resolvi publicar aqui o rascunho inicial do roteiro original de um longa-metragem que pretendo realizar nos próximos anos.

Faço isso para praticar um pouco de ficção, para deixar um pouco de lado a crônica, a conversa filosófica, política, cultural e temporal, além de estabelecer publicamente a autoria da ideia e a propriedade da obra, já que ainda está tramitando seu registro da Biblioteca Nacional, o que ira resguardar meus direitos autorais.

“O professor” – em momento algum seu nome é citado – é um homem maduro, por volta dos 50 anos, bem apessoado e simpático. (Alexandre Borges)

Elegante e educado. Veste-se bem e porta-se de maneira correta. Sua situação econômica e financeira é tranqüila e estável. É separado e pai de uma filha. Mantém um relacionamento cordial com a ex-mulher. Filha e mãe não aparecem em cena, apenas ao telefone. (Luiza e Julia Lemmertz)

Ele não tem mais pai e sua mãe mora em um apartamento próximo ao dele. Ele a visita diariamente. Conversam sobre vários assuntos, de futebol a política, de sexo a religião. Há uma certa tensão entre eles. No decorrer do filme sua mãe irá morrer devido a problemas cardíacos, oportunidade para tratar a questão da morte. (Fernanda Montenegro)

Ele tem uma empregada que o acompanha há muitos anos. Ela também cuida do apartamento de sua mãe. Trabalhava anteriormente com sua ex-mulher e quando da separação, ela optou por acompanhá-lo. Serve de contraponto. Pouco fala, mas tudo vê, e o que ela vê o espectador percebe. (Zezé Mota)

A cidade onde ele mora não aparece. Pode ser em qualquer lugar, de médio pra grande. Só há cenas internas.

Ele vive em um apartamento espaçoso, com uma sala ampla, uma boa cozinha e um escritório-biblioteca.

Suas ocupações são na área de humanidades. É filósofo, professor, escritor e jornalista. Toca um instrumento musical e adora cinema. Tem algo de freudiano, um que nietzschiano… Meio filosófico, meio cru; Meio poético, meio tarado; Meio alegre, meio suicida…

Não consegue desacreditar de Deus, mas luta para conseguir. Abomina as religiões.

Politicamente moderado, é tolerante e diplomático. É contra qualquer forma de autoritarismo, mas defende a autoridade legítima.

A forma de narração do nosso filme é semelhante a de Tropa de Elite 2, alternando um off muito presente com diálogos indispensáveis e pontuais.

“O professor” escreveu alguns livros e obteve com eles prestígio e sucesso de crítica, além de algum dinheiro. Escreve para um importante jornal onde aborda temas culturais, filosóficos, sociológicos, econômicos e políticos. Uma de suas maiores fontes de renda são as palestras que dá sobre os temas que domina. É professor de filosofia e história da arte em uma universidade importante. Adora dar aulas para jovens, mas tem turmas de mestrado e doutorado.

Envolve-se com três mulheres. Uma bem jovem que conheceu na saída de um cinema. Ela tem idade pra ser sua filha. Com ela tem apenas um relacionamento platônico (Cléo Pires); A segunda, não tão jovem… Uma dessas garotas de programa de luxo. Ele a conheceu em um bar. Formada em pedagogia, é inteligente e sagaz. Entre os dois há uma forte atração carnal (Camila Pitanga); A terceira é um pouco mais velha. Aluna de doutoramento com quem mantém um romance sexo-filo-psico-cultural maduro (Maria Fernanda Cândido).

Nosso homem tem uma vontade antiga: escrever um livro onde ensine um jovem o que e como fazer para se tornar um homem quase perfeito, no que concerne ao trato com as mulheres. Mas tem medo do que possam pensar as pessoas, de como possa ele ser visto pela crítica. “Logo ele que sempre foi um homem equilibrado, moderado, politicamente correto, escrevendo um livro como esse!”

Ele quer escrever um verdadeiro código de postura, um tratado de como ser uma pessoa, um homem e um macho. Orientações sobre o que deve e o que não deve fazer aquele que deseja dominar a arte de agradar as mulheres nas diversas formas e nas várias situações que se apresentem, ou pelo menos em algumas delas.

Ele frequenta bares, restaurantes, boates, cenários onde observa os personagens que compõem seu livro.

No entanto nosso filme se passa efetivamente em duas locações. No escritório-biblioteca do “professor” onde ele devaneia escrevendo seu livro e em um quarto imaginário em sua mente onde as narrativas de como proceder sexualmente com uma mulher se consubstanciam. Tais narrações serão encenadas por um casal de atores (??).

As cenas de sexos devem ser realistas, mas não pornográficas. Os personagens estão envolvidos sentimental e amorosamente, mas o sexo domina a cena. A iluminação deve ser onírica, acompanhando o clima da narração.

O desfecho é poético, inconcluso, em aberto: pode ser que “O professor” acorde de madrugada para escrever. Escreva por algum tempo, mas de repente empaque e fique imóvel, pensativo, fitando a tela do computador onde o cursor pisca em uma frase inconclusa. Ele se levanta, vai à cozinha, toma água, e volta para o quarto. Ele vê o sol raiando pela fresta da cortina. Fecha a cortina, se deita, começa a pensar na história e adormece. Os créditos finais sobem.

O filme deverá ter 90 minutos de duração total e não terá nenhuma marca que o vincule a um tempo ou a um espaço.

O formato poderia ser também o de uma minissérie em 13 capítulos onde poderiam ser aprofundadas um pouco mais algumas características e os dilemas dos personagens.

 

P.S. Sugestões e comentários a respeito desse texto devem ser enviados para o e-mail: [email protected]

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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