Apenas um sonho!…

Acordei sobressaltado com o sonho que tive! Sonhei que eu havia ganhado o Prêmio Nobel da Paz! Só que esse fato foi apenas um pequeno detalhe de meu sonho cinematográfico, digno de um roteiro baseado em um livro de Dan Brown, com direção de Christofer Nolan!

Querem que eu lhes conte, rapidamente o meu sonho!? Como não vou ter mesmo o seu feedback, vou acreditar que tenha dito que sim.

Eu era um voluntário em uma missão humanitária, numa dessas guerras absurdas e insanas com motivação de ódio religioso e racial. Funcionava como uma espécie de diplomata entre o grupo Médicos Sem Fronteiras e os dois lados do conflito, ocasião em que pude conhecer e conviver com algumas das lideranças dos grupos envolvidos naquela loucura.

Numa determinada ocasião estava em visita a um acampamento de um líder de uma das facções, uma daquelas mais radicais e irracionais, quando aconteceu um bombardeio que vitimou muitas pessoas, inclusive um dos filhos do tal líder, que foi atingido por estilhaços e se encontrava em estado gravíssimo. Ao ver o desespero do pai, procurei ajudar e me dispus a ir até o acampamento de seus adversários, onde se encontrava um médico especialista no tipo de atendimento que o rapaz precisava. Foi o que fiz. Ao voltar fiquei conversando com o pai do paciente, que naquele momento não era mais o comandante de guerreiros radicais e sanguinários, era simplesmente o pai de mais uma das vítimas da guerra.

Procurei confortá-lo e distraí-lo e como sempre gostei de falar sobre religião, comentei que nada daquilo estaria acontecendo se ficasse provado que Deus não existia, que ele é apenas uma mera ilusão da mente humana, criada para responder as diversas perguntas para as quais não se tem respostas. Falei isso com um enorme temor com a forma com que aquele homem, que para mim era completamente irracional, poderia reagir.

Ele olhou para mim, com um ar sério, os músculos de sua face flexionados, demonstrando que seus olhos faziam foco em mim. e disse: “Essa seria uma solução fácil demais meu amigo, Deus trilha por caminhos mais complexos.”

Para quem pensou que seria decapitado por blasfemar contra o motivo de sua fé, ter sido chamado de amigo já era muita coisa.

O sonho se interrompe naquele momento e reapareço em um imenso auditório, acompanhado de alguns cientistas e filósofos. Naquele lugar, na presença de milhares de pessoas eu defendia a tese de que Deus não existe e que se pudéssemos, através das mais mirabolantes equações, provar essa teoria, acabaríamos com o motivo da maioria dos conflitos que afligem a humanidade.

Os matemáticos demonstraram suas equações e os filósofos deram forma à teoria que acabava por provar que Deus não existe. Mais uma vez o sonho/filme sofre um corte e eu já apareço em Oslo, recebendo o Prêmio Nobel da Paz. Em uma das primeiras filas estava aquele líder, outrora radical e sanguinário, cujo filho, nem os nossos mais dedicados esforços, conseguiu salvar. Ele estava acompanhado de outro filho seu, um mais jovem que aquele, que não precisava mais se arriscar em guerras religiosas, uma vez que o maior motivo delas não mais existia.

A solenidade foi linda! Fiz um discurso eloquente no qual reafirmei e sacramentei a não existência de Deus e a consequente eliminação das guerras religiosas, início e fim de quase todos os conflitos humanos.

Ao descer as escadarias do majestoso prédio onde aconteceu a solenidade, sorridente e realizado, olhei para o céu e disse comigo mesmo: “Graças a Deus conseguimos acabar com um dos flagelos que atormentam a humanidade!”? Neste instante, o jovem que baleou Gandhi, o atirador que calou Martin Luther King e o radical que matou Yitzhack Rabin, juntos e simultaneamente, dispararam contra mim… Foi aí que eu acordei!

 

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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