Uma experiência única! SQN!

Esse meu texto é só de agradecimento! Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a minha esposa Jacira por me levar para assistir a um dos piores filmes jamais produzidos em Hollywood. Trata-se do negativamente insuperável, “Cinquenta tons mais escuros”. Sem maiores delongas o filme é uma droga!

Para que eu não pareça um despeitado pela beleza do galã, por quem algumas mulheres suspiravam na sala, e em defesa da película, que graças a Deus não se gasta mais celuloide com esse tipo de porcaria, o filme tem duas coisas boas: As especiais adaptações das músicas de compositores e cantores famosos que povoam o filme e a escolha de belos cenários naturais e “industriais”, que fazem com que, quem conseguir ultrapassar a barreira das nuances do “Gray”, possa ver alguma coisa boa naquele desperdício de dinheiro, numa produção que lotou a sala de exibição naquela sessão.

Esse filme cumpre uma façanha. Inverte um dito popular: “Porcos às pérolas”!

Outra coisa boa se poderia dizer sobre esse filme. O rosto da protagonista é algo deslumbrante. A moça é verdadeiramente linda e o galã realmente não é feio, mas homem precisa de outras coisas mais do que beleza. Digo isso não por ser desprovido dela, mas porque realmente charme e simpatia são atributos mais importantes para um ator do que beleza. Estão aí para comprovar o que digo Humphrey Bogart, Spencer Tracy, George C. Scott, Anthony Quinn, Robert de Niro, Al Pacino, Morgan Freeman. Nem todo mundo consegue ser um George Clonney, né!?

Mas deixemos o filme em si um pouco de lado e falemos do cidadão que estava sentado bem ao meu lado esquerdo, já que minha mulher estava ao direito.

O energúmeno, desde a hora em que cheguei, se pôs a dedilhar um smartphone gigantesco, tão iluminado quanto a Estátua da Liberdade no 4 de julho. A este cidadão vai meu segundo agradecimento deste texto, uma vez que ele me fez exercitar a paciência que eu venho cultivando, a minha rara calma, a minha civilidade e minha urbanidade, coisas das quais tanto me orgulho.

Eu olhava para o cidadão e ele nem ligava! Eu me contorcia na cadeira e ele nada! Se aquele filme prestasse penso que não teria sido tão paciente, calmo, civilizado e urbano e teria perdido as estribeiras. Imaginem se estivesse assistindo a um filme de Christopher Nolan, daqueles que se piscarmos, perdemos o fio da meada!?

O sujeito ao meu lado, por mais que eu demonstrasse que seu tamborilar no celular estava incomodando, nada fez, aí eu educadamente com uma voz baixa e suave disse-lhe: “O amigo poderia desligar seu celular, é que apesar desse filme ser uma droga, eu preciso prestar atenção para poder, embasadamente, brigar com a minha mulher, quando sairmos daqui, por ela ter me trazido para ver essa porcaria”. Pensei que isso o faria achar graça e desligar o aparelho fazedor de imbecis! Ao contrário ele virou pra mim e disse: “Os incomodados que se retirem!”.

Ah, meus amigos! A primeira coisa que eu fiz foi me lembrar dos ensinamentos do mestre Gafanhoto! Não aquele do seriado Kung-Fu, mas meu compadre Gafanha, professor de uma geração de jogadores de basquete, que nos ensinou como proteger a bola usando o cotovelo! Até já lia a manchete do Jornal Pequeno de domingo: “Ex-deputado e cineasta Joaquim Haickel agride espectador em filme sensual”. Ri comigo mesmo e a única cosa que fiz foi me dirigir ao idiota, calmamente, e lembrar-lhe que antes da sessão começar há um filminho chato pra cacete que tenta ensinar às crianças e aos ignorantes que devem desligar os aparelhos eletrônicos, para que estes não atrapalhem a exibição do filme, mesmo ele sendo uma porcaria como aquela.

No final das contas o indigitado emborcou o aparelho sobre a perna, mas ele ficou a sessão inteira ascendendo umas luzinhas coloridas!

Eu continuei o calvário daquela sessão, sempre ao lado da mulher que amo, assistindo a uma obra baseada em uma trilogia best-seller, que resultou até agora em dois filmes péssimos, sem historia, sem criatividade, sem nada.

Ah, sim! Quem acha que o tal mister Gray é grande coisa, nunca viveu.

PS: Há uma cena no filme, na qual tanto o ator quanto o diretor demonstraram não ter nenhuma competência “linguística”!

 

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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