Precisamos falar sobre racismo

Racismo é o assunto do momento e espero que ele seja tema recorrente na pauta de todos, até que fique tão banal que o seu objeto deixe de existir… Mas mais realisticamente, o racismo infelizmente não vai desaparecer completamente, no entanto sua incidência precisa diminuir drasticamente.

O brutal assassinato de George Floyd, por um policial branco, na cidade americana de Mineapolis, gerou uma onda de protestos por todo o mundo, chamando mais uma vez a atenção para esse grave problema de nossa sociedade.

Existem outros grupos raciais que também são vítimas do racismo como curdos, armênios, sérvios, croatas, hutus, tutsis, ciganos, judeus e palestinos, mas as perseguições a eles são mais localizadas, quase sempre em conflitos civis internos.

O racismo mais comum é o sofrido pelos negros nos países ocidentais, devido aos séculos de escravidão que os povos africanos foram submetidos, principalmente nos 500 anos, entre 1400 e 1900. Depois desse período escravocrata formal, o racismo estrutural tomou conta do dia a dia das pessoas negras.

Racismo estrutural é a forma pela qual ele foi estabelecido, de modo a fazer com que os descendentes dos antigos escravos permaneçam nas camadas mais baixas do espectro social. É muito difícil escapar ou suplantar isso, uma vez que ele está arraigado nos componentes básicos desse organismo vivo que é a sociedade.

Nossos pais sempre deixaram bem claro que as pessoas não deveriam e não podiam ser classificadas ou valorizadas pela cor de sua pele.

Meu pai teve um irmão de criação negro que ficou conhecido como Raimundo Nagib, já minha mãe trouxe para morar conosco uma amiga de infância, que se transformou em nossa mãe de criação, Mãe Teté. Meus pais criaram como nosso irmão o filho de Anita, lavadeira da casa de minha avó, que morrera de parto, Celso Henrique.

Eles incentivavam a nossa convivência com a rapaziada do bairro onde morávamos, quase todos negros, com quem jogávamos futebol: Calhambão, Mário, Xilado… Depois foram os amigos do basquete: Espirro, Carlos Henrique, Paulo Zona…

Sempre respeitamos as pessoas independentemente da cor de sua pele, sempre tivemos amigos negros e jamais fizemos distinção deles por motivos raciais. As distinções que sempre estabelecemos entre as pessoas foram as que dizem respeito às suas índoles.

Quando minha filha estava ficando mocinha, imaginei que ela aparecesse um dia lá em casa com um namorado. Fiquei idealizando o cara perfeito pra ela. Imaginei um rapaz da minha cor, um branco-bege, de cabelos castanhos, olhos negros, um cara parecido comigo!… Aí ela me apareceu com um asiático! Foi um baita susto! Ao me assustar, imaginei se ela tivesse arrumado um namorado negro! O que honestamente eu acharia!? O susto seria certamente maior que o que eu tive com o japa. Mas eu sabia que a coisa mais importante seria o modo como qualquer um deles trataria minha filha, como seriam os seus princípios como pessoas.

No fundo somos todos racistas, pois a nossa estrutura social é racista, e é contra isto que devemos lutar. É muito importante que todos nos posicionemos contra isso.

PS: Pensando bem, vejo que ainda sou bastante preconceituoso. Abomino pessoas hipócritas, pérfidas, arrogantes, prepotentes, insensíveis, incapazes de reconhecer um erro… E de agora em diante passarei a ser preconceituoso também com os racistas! Acho que desses preconceitos eu não vou conseguir me livrar!…

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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