Touro, tourada
Não há flores
nem champanhe
nem beijos
só há teus olhos
tua boca
e tuas mãos.
Há uma estrela
no céu
e um buraco
negro
no pulmão.
Há a espada do toureiro
enamorada
pelo colo perfumado
teu coração.
Na mente dela de ninguém
O ombro dele
era o meu
na boca
dela
que é minha.
A boca dele – não a minha –
na dela
Não a beija como a minha
não a morde
não a lambe
como a minha
Como.
minha.
Boca dela
no ombro dele.
A cadela
lembrou de mim.
Linguagem
Fala!
Fela!
Fila!
Fola!
Fula!
E o coração dela foi parar na virilha…
Depois caiu para o joelho
Que tremia.
Vênus
Pra abrir
teu coração e tua mente
não uso chave
Sirvo-me
de algo melhor
a boca
ardente.
Com a boca
lábios, língua, palavras e dentes
abro muita coisa.
teu coração, tua mente, teu cofre
tua caixinha de jóias.
Coloco tua gaiola no parapeito da janela
te solto
te salto
te assalto.
Roubo-te.
Abro-te
a porta.
Roma
Você é a minha cidade.
Conheço tuas ruas,
passeio por elas.
Planto em teus becos a minha árvore
e ela floresce em você.
Tomo conta de teus jardins
e cuido de teus gramados com esmero.
Sou teu jardineiro.
Acendo todo o dia
os lampiões de tuas avenidas,
de teus olhos,
para que ilumines a minha vida
e espero que o fogo que uso para acender-te
a alma,
a mente,
o corpo
acabe por nos incendiar
Amor.
Razão
Encaro o teto
esperando que o silencio
decida se apresentar.
A boca parada,
dedicada inteiramente ao pensamento
e a dor.
Fico quieto
tempo suficiente
para descobrir
a cor do ar.
Levo suavemente um suspiro até a boca,
Fecho os olhos,
tento adivinhar o futuro
e reescrever o destino.
Olho
por um longo tempo para tuas calças
jogadas no sofá,
antes de mover apenas a mão esquerda
e com o dedo médio
seguir as dobras
imaginando as carnes que elas abrigavam.
Continuo parado,
imóvel,
na tentativa de me misturar com a mata.
Para que ela devore a minha duvida,
amarrada tão firmemente
com um fio de teu cabelo.
Pierre, o pato e Isabelle.
Sozinho,
Pierre foi ao mercado.
Comprou um pato,
um quilo de cebola,
dois quilos de batata
– redondinhas –
ervas de Provence e mostarda.
Foi para casa e preparou um banquete.
Sentou-se à mesa,
abriu um Borgonha,
rasgou uma baguete…
Num pratinho,
azeite de oliva,
sal e pimenta do reino…
e depois
ainda apunhalou um foie gras.
Comeu e bebeu de olhos fechados.
No fogão de lenha,
o fogo é brando
mas no tempo certo
o pato
duro,
amolece.
Na caçarola
batatas e cebolas
salteiam
na manteiga fresquinha
com as ervas de Provence,
com a mostarda,
e com o arsênico.
Pierre,
sozinho,
senta e come.
Isabelle irá sentir sua falta.
Encordado
noite adentro
acordado.
Em claro.
De luz
a lua.
Abajur de 29 polegadas
chuvisco da tv
fora do ar.
Olhos fixos nos punhos da rede
pragas sanguinárias há pular.
Laços fora soldados.
Independência sem sono
sonho bizarro
filme de Lynch.
Saudade do que não foi.
Quase plagio
de jingle antigo.
Plagio legitimo
de um outro eu de ontem.
Poema mascado
mascavo
fumo de rolo
cuspido
cupido sem asas.
Azar o teu
o meu
o nosso.
Ir
tu podes
para onde quiser
desde que não arraste contigo
pedaços do meu
coração
violão.
Senta praça
meganha.
Barganha
canta cantiga antiga
arranha-a-jarra-arranja-aranha
brincadeira de criança.
Palavras perdidas ao sol.
Gestos soltos ao vento.
E tu
e tua outra parte
ainda solta
ainda perdida
no infinito balouço azul.
Mulher-Borboleta
Cavalos brancos
feitos de nuvens,
de sonhos.
Veleiro com velas de flores,
choronas.
Uma mulher-vulcão,
em erupção.
Moinhos de vento
asas de borboletas.
mulher liquida feita de mar
amando
homem sólido feito de pedra.
Flor pegando fogo. Pétalas feitas de gente.
Moça dormindo na praia.
Ondas como lençol e livro como companheiro.
Enquanto isso,
um cara navega nas ranhuras da madeira.
Coitado!
Os cavalos brancos desceram das nuvens,
agora são uma avalanche de neve.
Pavio de vela em forma de mulher.
Pegando fogo.
Labareda.
Mulher-montanha.
Cabelos de cachoeira. Se derramando.
Menino travesso escondendo lixo debaixo do tapete
deus ta vendo.
Mulher, apoio erótico,
de livros.
Mulher borboleta presa dentro de um livro de poesia.
Vela servindo de farol par um pequeno barco.
Perdido.
Alimento básico.
Ovo feito sol.
Arvore- Janela- Atlas.
Caravela voadora.
De velas,
asas de borboletas.
Perfil
“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.
Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.
Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.
Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.
Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.
Busca
No Twitter
Posts recentes
Posts recentes
Comentários
Arquivos
Arquivos
Categorias
Categorias
Mais Blogs
Blogs
O Grupo
Contato
- (98) 3215-5050
- (98) 99999-9999
- [email protected]
- Av. Ana Jansen, 200 - São Francisco São Luís - MA
Comentários