16 minutos.

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Na tarde da última quarta-feira, dia 24, fui para Santa Inês, em um avião bimotor, acompanhado de dois executivos da TV Eldorado, emissora pertencente ao Jornal O Estado de São Paulo, com quem temos negócios.

Trabalhamos até tarde e depois nos recolhemos. Teríamos que regressar a São Luis no outro dia pela manhã cedo. Teófilo e Alfonso tinham passagens marcadas para São Paulo, no vôo das 14 horas da quinta-feira, 25.

Na quinta, acordei angustiado, com um nó na garganta, com a sensibilidade aflorada e uma vontade inexplicável de chorar.

Naquele estado, a primeira coisa que fiz após acordar e abrir os olhos foi pensar em minha filha Laila. Depois em minha mãe, no meu irmão e em minhas mães de criação que já estão velhinhas. Pensei em minhas outras filhas, Avana, Ananda… Pensei em Ivana com seu inseparável maço de cigarros. Pensei em Thiego e Vanessa vivendo da violenta cidade maravilhosa. Pensei nos meus sobrinhos, Nagib Neto, Pilar, Rocha, Tadeu, Caterine, Vinicius… E pensei na pessoa com quem passara boa parte da noite conversando ao telefone.

Depois de tomar o delicioso café da manhã feito por Iva, cozinheira da fazenda de meu primo Nelson Frota, esqueci da angustia que estava sentindo e fui terminar o trabalho.

Contatos feitos, vistorias realizadas, projetos alinhavados, possibilidades estimadas, trabalho concluído, pegamos o avião.

Logo que decolamos comentei com o comandante Sergio que estava ouvindo um barulho estranho, como se um cabo estivesse batendo na fuselagem do avião. Mas não parecia ser algo grave.

Fizemos um vôo normal até mais ou menos o meio do caminho. Eu e Teófilo nos bancos de trás, Sergio pilotando e Alfonso, que é piloto de helicóptero, ao seu lado, de co-piloto. Lá pelas tantas, a aeronave sacoleja forte, o manche puxa violentamente os braços de Alfonso para frente e o avião imbica. Rapidamente Sergio aciona a bomba reserva de combustível, prevenindo-se sabiamente de uma eventual perda de pressão na alimentação do combustível.

Imediatamente todos nós empalidecemos. Sergio que é um piloto experimentado, tomou todas as precauções possíveis naquelas circunstancias, enquanto Alfonso lhe assessorava. Eu e Teófilo, lá atrás, apenas assistíamos a tudo, impotentes.

Depois de algum tempo, já tendo identificado com certeza absoluta que se tratava de uma pane de motor, Sergio nos avisa do problema e tenta nos tranqüilizar, mas o suor em sua testa tencionada denunciava que a coisa não era lá muito boa não.

Ele regula alguns instrumentos no painel e pede que Alfonso leia o GPS para nos dizer quanto tempo tínhamos de vôo até São Luis. Nessa hora é que me veio à idéia de todo esse relato que estou lhes fazendo, aqui e agora.

Alfonso vira-se um pouco em nossa direção, e como quem quisesse nos confortar, diz com uma expressão tênue de segurança: “

8 comentários para "16 minutos."


  1. eduardo cardoso

    É dessa maneira que vejo e entendo Deus, um ser supermo, coordenador das forças da natureza e que não precisa de intermediários.

  2. Anônimo

    Imagino que esta seja sua forma sutil e pública de rezar pelo pronto reestabelecimento de seus amigos João Evangelista e Aderson Lago que acabaram de se submeter a intervenções cirurgicas!

  3. Cristiana Cerqueira

    Ainda bem que deu tudo certo!
    Obrigada meu Deus, por tê-lo(s) salvo!!!
    Bjim com amor.

  4. Aemon

    Pois é ninguém é imortal. Hoje estamos aqui, no dia seguinte mortinhos da silva; e para as pessoas de nariz empinadinho, que se acham,então vai ser um horror quando chegar lá do outro lado. Segundo a doutrina de Kardec não existem títulos, posição ou conta bancaria, todo mundo é nivelado por baixo e é só pór isso que a vida é bela.

    Resposta: Desculpe, mas você está equivocado, a vida é bela pelas coisas belas que ela nos oferece e não por algo de ruim que possa acontecer com quem não se gosta. E são tantas coisas belas que há na vida! Uma delas é ver que Deus não faz distinção entre alguém amargurado como você, alguém de nariz empinadinho como você disse e alguém como a santa madre Tereza de Calcutá. A vida, se desenrola normalmente, apesar de nós, de quem somos e de como somos.

  5. Anônimo

    A pessoa com quem você conversava, durante parte da noite, é importante em sua vida? Pergunto isto porque observei que ela ficou por último no percurso de seus pensamentos e, pelo tempo que levou a reflexão, acredito que passaram mais de 16 minutos.Então, por este racicíonio lógico-dedutivo,se fosse numa situação de risco e emergência e se tivesse que salvar alguém, seria quem?

    Resposta: Era apenas uma amiga…

  6. Leitor da bíblia

    Algumas observaçôes.

    Algumas pesoas passam uma vida inteira para descobrirem Deus. Outras nem isso conseguem…
    No seu caso, uma experiência interessante, mesmo que drástica.
    A observação, é que não é da “nossa forma” e sim da Dele.(descubra a forma que Ele quer que vc o conheça, identifique, o aceite.) Descubra mais do criador e Ele não se resume a apenas 16 minutos. Reserve mais de seu tempo p/ Deus agora.
    Religiôes não salvam, não ligam vc á nada. Na verdade até atrapalham. Apenas fale com Ele, e peça orientação para Deus.

    Resposta: É dessa forma que eu procuro fazer!

  7. A.A.

    “Resposta: Era apenas uma amiga…”
    Quem era essa amiga?Pode-se saber o nome? Então você não a salvaria?

    Resposta: ???

  8. Wilber Carvalho

    fico feliz em saber que não aconteceu nada, além do susto, admiro voce e sempre que posso leio seu blog, continuo achando o avião o meio de transporte mais perigoso, procuro evitá-lo.Saudações

    Resposta: Obrigado por seu carinho…
    Estatisticamente é o meio de transporte mais seguro, mas é o que causa mais desastres espetaculosos.
    Sou daqueles que acredita piamente que podemos evitar o perigo, jamais eliminá-lo.
    Lembro de Lawrence da Arábia que lutou em algumas ferozes e sanguinárias batalhas na primeira guerra, sobreviveu, voltou para casa e morreu num acidente com uma motocicleta.

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