Sobre eleição da mesa da ALM

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Vamos fazer hoje um rápido retrospecto das últimas cinco eleições internas no Poder Legislativo.

Em 1999 seria o quarto mandato consecutivo do deputado Manuel Ribeiro, coisa que já achávamos demasiado, porém como era o início de outra legislatura, resolvemos dar-lhe o benefício da analogia em relação ao Congresso Nacional e votamos todos nele. Até a oposição da época votou sem muitas restrições.

Em 2001 já havia outro ânimo. Os deputados Arnaldo Melo, João Evangelista e eu, encabeçamos uma discordância aberta e clara e lideramos um movimento contra o que acreditávamos que era uma grave inconstitucionalidade. Tanto que eu entrei com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal para impedir que um presidente de Assembléia Legislativa estadual pudesse se eleger ad eternum para aquele cargo, já que o mesmo não era possível em relação às duas casas do Poder Legislativo federal. Não consegui meu intento. A liminar que pedi não foi concedida e até hoje o mérito da ação não foi apreciado por nossa corte constitucional.

Resolvemos marcar posição e candidatarmos alguém que sabíamos que iria sofrer uma derrota fragorosa. Eu fui o escalado para perder e obtive apenas sete preciosos votos dos 42 deputados com direito para tal naquele pleito. Se não me falha a memória, Manuel teve 33 e dois deputados não compareceram à sessão.

Continuaria havendo até hoje reeleições em nosso Legislativo se em 2003 os mesmos rebeldes mais uma vez liderados por Arnaldo, João e por este humilde escrevinhador que vos fala não se manifestassem. Acrescidos então de um excelente grupo de deputados recentemente eleitos como César Pires, Chico Gomes, Carlos Filho e Max Barros e por um grupo de velhas raposas, entre elas, Tatá Milhomem, Aderson Lago, Julião Amim, Luis Pedro e o eterno Mauro Bezerra, que ajudaram a começar a mudar a face de nosso Legislativo.

Uma coisa pela qual sempre lutei foi pela independência do Poder Legislativo. Não que fôssemos ser tão independentes que nos afastaríamos dos demais poderes. Isso nunca, nem do Judiciário e muito menos do Executivo. Isso seria impossível. Queríamos ouvir as orientações de nossos grupos, mas que não gostaríamos de obedecê-las cegamente, caso elas fossem visivelmente prejudiciais ao equilíbrio e à harmonia que deve sempre haver entre os poderes.

Em 2003 elegemos Milhomem em uma eleição difícil, mas que acabou sendo quase consensual e a partir daí começamos a utilizar um processo eletivo quase normal, sofrendo sim, dentro dos limites normais, a influência não só do Executivo, mas também de todas as forças da sociedade.

Em 2005, com a ruptura do então governador Zé Reinaldo com o grupo político que o gerou, preferi apoiar a candidatura de Mauro Bezerra ao invés de me curvar às exigências de leões tão mal governados. Fiz isso, mesmo que o candidato apoiado pelo palácio fosse meu querido amigo João Evangelista, por quem sempre tive o maior respeito e consideração, mas não poderia ir contra tudo aquilo que sempre defendi. Perdi com Mauro, mas João fez uma administração tão boa, democrática e igualitária que logo estávamos todos juntos na defesa do Poder Legislativo, ainda que em campos opostos, política e eleitoralmente falando.

Em 2007, depois de outra grande renovação na composição da casa, houve uma pequena tentativa de sublevação que logo foi sufocada, pois seus motivos não eram libertários nem de interesse comum, visavam unicamente posições personalísticas e individuais e movimentos assim se desintegram por si só.

Para mim pouco importa quem esteja tentando puxar os cordões, não sou marionete nem fantoche. Sou títere de mim mesmo e se puder sou também de outros, foi para isso que sempre procurei estudar os bonecos, os mamulengos e suas idiossincrasias.

Agora, para a próxima eleição, que deve ser casuisticamente antecipada, temos um quadro extremamente complexo, sujeito a uma infinidade de variáveis. O governo amealhou uma confortável maioria no plenário da ALM, mas mesmo assim tinha, até muito recentemente, dois candidatos à presidência da casa, os deputados Marcelo Tavares e Edivaldo Holanda. Todos dois meus amigos, parlamentares honrados, homens confiáveis, pessoas de boa índole. Seria muito difícil escolher entre um deles em CNTP.

Era preciso buscar critérios fortes e rígidos para nos posicionarmos, e só havia um diferencial que visivelmente distinguia Marcelo de Edivaldo. A proximidade inevitável de Marcelo ao ex-governador Zé Reinaldo, seu tio, fato que poderia fazer com que nossa bancada não acompanhasse sua candidatura. Isso eu sempre disse, tanto para Marcelo, como para todas as pessoas que me perguntaram sobre a situação da eleição. Foi aí que o líder de nossa bancada, deputado Ricardo Murad, em boa hora, nos repassou uma orientação no sentido de que deveríamos esperar a decisão do bloco governista. Deveríamos esperar que eles indicassem e apoiassem efetivamente alguém. Este seria também o nosso candidato, desde que o acordo de proporcionalidade dos cargos da Mesa Diretora fosse mantido.

Quanto à escolha dos nomes para cada cargo, isso é de competência interna das respectivas bancadas, que deverão se reunir e escolher democraticamente quem lhes representarão na Mesa Diretora.

7 comentários para "Sobre eleição da mesa da ALM"


  1. Luis Henrique Soares

    É sempre muito melhor quando se sabe sobre os acontecimentos diretamente da fonte, por quem os faz, por seus agentes, e você deputado Joaquim é um dos agentes políticos mais capacitados e respeitados de nosso estado.
    A sua explanação deixa claro o seu posicionamento político, a sua forma de pensar sempre buscando a lógica e a coerência, embasado sempre em princípios morais e éticos claros e sólidos.
    Admiro muito o seu jeito de agir e de certa forma fico mais tranqüilo tendo o senhor entre os nossos deputados, inclusive ouvi dizer que o senhor estará na composição da próxima mesa diretora da Assembléia, no cargo de primeiro secretário.
    Parabéns aos seus pares que terão nesse cargo um homem de confiança.

  2. estrela vermelha

    Lendo a matéria de Marcos D’èça de hoje em O Estado vi quanto tendencioso este rapaz é, e não por acaso. Ele massacra o governador e enaltece a sua deusa Roseana. Você mesmo diz que Manoel Ribeiro dirigiu a Casa durante dez anos consecutivos. E quem estava a frente do governo? Será que os deputados sabendo que suas pretensões de chegarem ao Poder não surtiriam efeito diante da “poderosa” candidatura de Manoel Galinha, com Roseana por trás, colocariam o bloco na rua? Todos sabiam que a disputa não existiria devido o martelo já ter sido batido nas rodas de Red na casa do Calhau. Todos os deputados sabem que Ribeiro só caiu depois que quis alçar voou solo em direção ao Palácio do Leões, gesto no qual, Sarney e Roseana viram uma possível ameaça ao seu controle político no Estado e decidiram por sua degola. O mesmo fizeram com o pai do deputado Joaquim Haickel, Nagib Haickel, quando a frente da AL disse que se lançaria candidato ao governo. Foi o suficiente para os tambores rufarem em Codó e Nagib esquecer-se até que falou tal frase. Tatá Milhomem entrou como bucha de canhão, já que não oferecia riscos e é de uma fidelidade canina aos chefes. Portanto suas analises mentirosas só intereçam a vocês mesmos, um bando de derrotados que querem reinventar a Póvora como se isso fosse possível. Todo presidente, governador ou prefeito querem sintonia com o ocupante do Poder Legislativo, e não preciso dizer que é lá que os projetos do governo são votados. Se o Lula todo dia faz campanha para seus preferidos na Câmara e Senado, por que o Jackson faria diferente? Acorda Alice e vai ver o Cidadâo Kane.

  3. Onofre Correa

    Meu caro amigo.
    Onde estão a fotos que foram tiradas pelo Paulinho por ocasião de nossa homengem nos 20 anos da constituinte em BSB?
    Dê uma cobrada nele pois perdí o Phone dele , um abraqo, Cnofre Correa

  4. Railson Lima

    Eu, tenho 16 anos e vejo a politica de uma tal forma, que desde já digo que é preciso muitos argumentos e dos bons pra se ganhar um voto meu.
    Eu conheço pessoalmente, o deputado federal Pedro Fernandes, o deputado estadual Chico Gomes, que pelo visto é um deputado que tem em seu coração a politica e as causas humanitárias. Já lhe assistir Deputado Nagib por várias vezes discurçar na AL, vejo por muitas vezes que o meu vizinho o Deputado Alberto Franco, faz festas quase todo mês com forró adoidado, que vai as 5 horas da manhã, discutir na AL e nada de projetos de interesse “Apenas Canudos”.
    A senadora Roseana Sarney e o Governador Jackson por várias vezes vi conversas que cheguei até a pensar que não era pra eu estar ouvindo aquilo.
    Vejo que um cargo desse, dessa prepoderância, não poderia ser ocupado por exemplo por um deputado “Turista”.
    POR UM DEPUTADO QUE TEM NA SUA MANGA MANOBRAS POLITICAS.

  5. Prof. Caio

    Contudo, vale ressaltar que o presidente João Evangelista vai decidir quem serão os deputados que farão parte da próxima mesa, isso independente de governista e oposicionista.

    Resposta: Citando o mestre Lister Caldas, “quem viver verá”.

  6. Jfsouza

    o seu relato sobre a alternância do poder naquela casa, omite alguns detalhes e esquece de nomes mais importantes naqueles momentos decisivos do que os que foram citados, talvez o próprio João e o Arnaldo possam-lhe refrescar a memória. O deputado Manoel Ribeiro na ânsia de continuar no poder rompeu um compromisso com o PFL de constituir o famoso chapão aproveitando a fragilidade da Roseana com o caso Lunus que implodiu sua possível candidatura a presideência, como tb o Zé Reinaldo que assumia naquele momento com índices baixíssimos nas pesquisas e o Manoel aproveitou prá dar um banho no PFL e se coligou com o PMDB de João Alberto achando que fariam no mínimo uns quatorze ou quinze deputados e assim ficaria muito fácil prá ele se eleger presidente novamente no próximo mandato, porém ele não contava com o potencial dos Pefelistas, que acabaram elegendo quatorze, e a coligação do Mané só oito. Revoltados com esse golpe do Mané a turma do PFLÊ começou a articular a derrubada do Manoel”O grande” apesar dos seus quase oitenta mil votos, essa é a pura verdade, mas não esqueça, o nome que deu sustentação a todo esse processo vc. não citou, mas tente lembrar, repito converse com o Arnaldo, o João que eles com certeza lembrarão, esse deputado na época consegiu influenciar outros importantes prá que não cedessem à pressão e ofertas tentadoras naquela oportunidade.José Francisco

  7. jFSOUZA

    O JOVEM RAILSON TEM RAZÃO EM VALORIZAR O SEU VOTO, tb concordo com ele sobre o Dep Alberto Franco, é uma pena que gente como ele ainda tenham chance de se eleger com tanta facilidade através de todos os tipos de esquema, mas o que fazer se o mesmo tem o apoio dos homens de capa, porém quanto a vc dep. como primeiro secretário na próxima mesa é excelente, acho que vc já exerceu esse cargo há alguns anos atrás, com certeza vai fazer um bom trabalho novamente.Já quanto ao presidente João, por tudo que ele fez e significou para o Legislativo maranhense, tem cacife para mais uma vez comandar essa sucessão.”quem viver aprovará”.José Francisco

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