2008: Trinta Anos

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Completei em 2008 trinta 30 de vida pública. Comecei em 1978, no cargo de assessor do gabinete de meu pai, aqui nesse mesmo Legislativo maranhense. Depois fui para a Câmara dos Deputados, em Brasília. Outra grande escola. Em seguida, voltei para São Luís e fui ser chefe de gabinete de José Burnett, secretário da Casa Civil do então governador João Castelo, e desde então venho construindo e acredito que consolidei um perfil de homem de diálogo, sempre aberto e propenso à conversa e ao entendimento. Como parlamentar, tanto no âmbito estadual quanto no federal, eu sempre procurei ser acessível a todos, aos que estivessem acima ou abaixo de mim, mas principalmente àqueles que estivessem ao meu lado, meus colegas parlamentares, e ao povo que em primeira e última analise, é há quem eu represento.

Sempre procurei dizer o que pensava com objetividade e clareza, sempre fugi do uso abominável dos subterfúgios. Sempre acreditei que uma verdade incômoda ou ruim é muito melhor que uma mentira ou mesmo uma desculpa esfarrapada, que logo se mostrará falsa e desnecessária.

Em todos esses anos de lida política, acredito que consegui o importante respeito de meus eleitores e de meus correligionários, a quem sempre tratei com correção e amizade. Cidadãos que confiaram a mim a sagrada procuração de falar por eles, de representar seus interesses, defender seus direitos, coisa que tenho tentado fazer com coerência e honradez.

Sempre busquei a boa convivência e mais do que isso, busquei me ombrear, me igualar aos bons exemplos de meus colegas deputados. Desde os que primeiro trabalharam comigo, como o aguerrido Gervásio Santos e o grande José Bento Neves. Dois parlamentares sobre os quais não canso de repetir que meu comportamento e meus votos nos primeiros tempos de minha “deputancia”, se construiu e se baseou em uma média dos incríveis discursos e das irrepreensíveis posturas éticas e políticas destes dois grandes parlamentares, de quem tive a honra de ser colega. E ainda há quem pense e quem diga por aí que essas duas palavras, ética e política, não combinam, o que não é verdade em alguns casos, mas o que infelizmente e bem verdade em outros.

Nesses 30 anos convivendo e sobrevivendo no centro das grandes decisões políticas de meu Estado, aprendi muita coisa e continuo aprendendo diariamente. Aprendi que a vaidade, o egoísmo e a auto-suficiência são ingredientes indissociáveis do exercício do poder. Aprendi também sobre aquilo que se deve fazer para que os citados ingredientes não se sobressaiam mais que o pragmatismo, a sabedoria, a tolerância, a generosidade, a coerência, a humildade, todos estes outros ingredientes próprios do exercício do poder e bastante utilizados por alguns políticos que buscam realizar seu trabalho tal e qual faz qualquer outro trabalhador. Com a mesma responsabilidade que tem um médico com o seu paciente, com a mesma dedicação que tem um professor com seus alunos, com o mesmo respeito que tem um pastor com seu rebanho.

A política para mim é algo sagrado, sem mácula, sem panacéia, sem hipocrisia. Faço política da mesma forma que escrevo um poema, uma crônica ou um conto, que jogo basquetebol ou tênis, que preparo um risoto de frango ao leite de coco babaçu ou de shitaki fresco. Política para mim é natural como ver um filme ou mesmo escrevê-lo, produzi-lo e dirigi-lo. Política é algo que vem de dentro de mim, é uma coisa que aprendi muito cedo em minha vida, vendo meu pai, meu tio, seus amigos e correligionários. Não cheguei a aprender com Victorino Freire, Eugênio de Barros, Newton Bello ou com La Rocque, mas busquei saber sobre eles. Aprendi política vendo José Sarney, Clodomir Millet, Alexandre Costa, Pedro Neiva, Nunes Freire, Ivar Saldanha, Cafeteira, Lobão e João Alberto, sem falar em Celso Coutinho, Raimundo Leal, José Elouf, Carlos Guterres e Baima Serra, dentre tantos outros.

E o balanço disso, no que resulta essa minha postura política? O balanço, por um lado, se mostra deficitário, tendo em vista os últimos acontecimentos concernentes à eleição da nova Mesa Diretora da Assembléia, que se não deixa rupturas, deve-se exclusivamente pela forma como procuro agir, e nesse caso tenho certeza de que fiz a minha parte da melhor maneira que poderia tê-la feito. Por outro lado, em que pese ser adversário do atual governo, pude merecer dele, nesses dois anos, o privilégio de ver destinadas aos municípios onde atuo eleitoral e politicamente, verbas do orçamento estadual no total de mais de um milhão e seiscentos mil reais em cada exercício. E apesar de ainda não ter havido os repasses de alguns valores, como no caso dos recursos que destinei à Academia Imperatrizense de Letras, problema que imagino logo será saneado, esse instrumento participativo e democrático deveria ser estabelecido como praxe e estendido a todos os parlamentares, independente de partido ou grupo político, desse ou daquele governo.

Para finalizar esse balanço de minhas atividades, fica aqui, de público o meu apelo aos meus colegas deputados, para que esqueçamos as querelas pessoais ou municipais e pensemos em um Legislativo maior, mais forte, não apenas em uma nova sede, mas unido em torno da valorização deste que é o poder verdadeiramente representativo do povo.

2 comentários para "2008: Trinta Anos"


  1. euterpe

    Joaquim,

    Esteja certo que nestes 30 anos de vida pública você conseguiu sim o respeito de seus eleitores. A maior prova disso é que você consegue sempre ser reeleito, o que deve mostrar que você tem feito seu trabalho de representante do povo a contento.
    Apesar de não poder opinar a respeito dos dois parlamentares que você cita como seus exemplos de conduta ética, pois nada sei sobre eles, confio em seu discernimento, e quando você diz que aprendeu com eles, acredito que eles de fato, tiveram uma postura política irrepreensível.
    Já não posso fazer o mesmo quando você cita outras pessoas de nossa convivência até hoje e que infelizmente são os responsáveis por minha certeza inabalável que realmente estas duas palavras não combinam: Ética e Política.
    Quando você diz que para você política é algo sagrado e que você faz da mesma forma que faz um poema, um risoto ou mesmo um filme, acredito que de fato você tenta dar o melhor de si. Por que quando você faz estas outras coisas que fazem parte de sua vida, você realmente faz intensamente e dá o seu melhor.
    Quanto ao seu balanço é você mesmo quem diz que lhe parece deficitário. Imagine o que nós, que como espectadores assistimos a pouca vergonha que foi esta eleição. Uma verdadeira falta de respeito para com os eleitores e para com eles mesmos, que fazem promessas que não cumprem, que fazem acordos que não são respeitados, que só estão preocupados em se dar bem e o mais rápido possível.
    Enfim, já que a política está em seu sangue e não há como não ser de outra forma, só desejo que você não se deixe corromper e continue sendo este político que tão bem tem nos representado no decorrer de todos esses anos.
    Parabéns pelos seus 30 anos de vida pública.

  2. Leitora

    “Faço política da mesma forma que escrevo um poema, uma crônica ou um conto, que jogo basquetebol ou tênis, que preparo um risoto de frango ao leite de coco babaçu ou de shitaki fresco”. (Joaquim esse prato deve ser divinooooo : o risoto)”

    Vc criou laços com pessoas que nem imagina, pessoas que apenas lêem e, sem saberes, tornaram-se seua amigos, sofrem junto qdo vc tá triste, partilham da sua indignação em assuntos que expões aqui, discordam de vc qdo necessário, se emocionam com suas poesias… somos seus leitores perdidos no anonimato, mas que te consideramos como amigo próximo. Esse é o privilégio dos escritores e de algumas outras profissões (dos que fazem boa política tbm) pois criam laços de amizade que nem sonham até onde se extendem e quão importante são no dia a dia de muitas pessoas. Pura sintonia e empatia.

    Parabéns

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