Chove lá fora.

1comentário

Até que enfim chove lá fora.
Há muito
o sol
amigo diário,
diurno,
não dava espaço a doce chuva matinal.
Abro as cortinas e vejo o céu cinza.
Não vejo nada além disso.
Meus olhos
olham para dentro de mim.
Minha lembrança voa em busca da infância
povoada por chuvas de todos os tipos:
torrenciais,
pingos doloridos do tamanho de bolinhas de gude,
finas e rápidas,
localizadas – incrivelmente só de um lado da rua…
Abro a janela e sinto a suave brisa da manhã,
escuto trovões distantes,
e sinto o respingar da água da vida em meu rosto.
As margaridas no canteiro do parapeito da janela
parecem sorrir para mim.
De repente
o vento abre uma pequena fresta na parede de nuvens,
faz com que a folhagem do babaçual ao lado
balance em sutil reverencia
e o sol
distante
manda dizer por um raio dourado cintilante
que permite o casamento da raposa com o rouxinol.

1 comentário para "Chove lá fora."


  1. César Augusto Cutrim Severrú

    Bonito poema!
    A chuva limpa
    onde a angústia prima,
    por que andar na chuva
    se o sol brilha no fim da linha?

    Abraços Excelência.

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