Mobília

4comentários

Só os móveis permanecem lá

impávidos

imóveis

compondo o cenário previamente desenhado para o espetáculo.

Os personagens principais mudam

mas não mudam os serventes

não mudam os garçons

nem as arrumadeiras.

Mudam os cães que não mudam,

latem

e a caravana passa.

4 comentários para "Mobília"


  1. Marco Antonio Pinheiro

    Muito Bom! Gostaria de saber como é o seu processo criativo. Como é que vivendo no meio em que você vive ainda consegue criar belos poemas como esse. Parabéns!

  2. Maria de Lourdes Kominsky

    Gosto muito de tudo que você escreve, dos belos poemas como este até as crônicas filosóficas, cheias de ensinamentos e observações sensíveis sobre as pessoas e a vida.

  3. ROSE DE CARVALHO

    “os cães ladram e a caravana passa”. Antigo ditado Árabe.

    "Mudam os cães que não mudam.."Frase tua.

    Ladrar é da constituição dos cães.

    Cães ladram para avisar a seus donos a aproximação de algo que não faz parte de seu habitat convencional, ou quando desejam fazer festa para algum conhecido.

    Também é de sua constituição manterem-se próximos aos locais onde vivem, como se fossem limitados por um círculo invisível. No primeiro caso, não importa que a caravana tenha boas notícias.

    No segundo, o latido é diferente, mas é latido. Mas se ambos agem de acordo com suas constituições o que há de excepcional na expressão? Exatamente o sentido de um permanecer estacionado e do outro seguir sempre em direção ao seu destino.

    Assim são algumas pessoas. Fixam-se em suas posições. Não buscam. Não ousam. Não largam seus velhos hábitos. Ladram para tudo que lhes pareça não fazer parte de seu meio.Observe a maravilha de contradição existente no meio da afirmação. O estacionário e o evolutivo. Sabe-se que seguir adiante é da constituição das caravanas, tal qual ladrar é da constituição dos cães.

    Aqui vale também uma reflexão sobre dois termos. Apesar de “hábitos” e “costumes” terem significado semelhante, quando precedidos pelo adjetivo “velho”, assumem posições diferenciadas. “Velho costume” representa a parte da cultura que permanece viva na memória popular. É ativo e coletivo. “Velho hábito”, não. É aquilo que está enraizado no indivíduo. É muito pessoal. É mania mesmo!

    Então, não me assusta o ladrar de alguns que se espantam pelos cães que não mudam. Também é não me surpreede o seguir adiante, para o seu destino determinado. Não nos fechamos para os velhos costumes . E nem aos velhos hábitos que são comportamento, geralmente inconsciente, que resulta da repetição frequente de certos atos; quando sadios ,devemos mante-los e quando não só ha mudança se houver uma reflexão de atitudes. Quantos de nós mesmo tendo consciência de alguns hábitos errados nas nossas vidas e mesmo assim continuamos com eles?
    Basta estarmos dispostos a seguir em boa consciência e manter um comportamento democrático para que, juntos,possamos vencer as agruras da vida deixando de viver apenas para manutençao de um mundinho confortavel .Os latidos são apenas latidos. Podem até incomodar um pouco. Podem irritar. Podem provocar algumas iras contra a caravana por perturbar o sono de alguns. Mas a caravana entende o seu sentido e segue adiante e sabe que os cães têm que latir mesmo. E a caravana continuara seguindo adiante. Ficar preso a um círculo invisível é para eles, os cães…Além de, em breve, terão que latir fazendo festa, pois assim seus donos o desejarão.

  4. CHIGA PORTUGAL

    SR. DEPUTADO GOSTO DE LER E CURTIR SEUS ESCRITOS , MAS ACHO QUE OS COMENTARIOS POR PIOR QUE SEJAM, NOS ESCLERECE O GRAU DE ENTENDIMENTOS DOS COMENTARISTAS, ESTOU TRISTE POIS (A MOBÍLIA ) PELA MADRUGADA TINHA UM COMENTARIO MARAVILHOSO ,E SUMIL . PENA QUE NÃO LEMBRO O NOME DA COMENTARISTA E NÃO ARQUIVEI O COMENTARIO.

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