Meu presente de cinquenta

4comentários

O texto a seguir foi escrito por mim por ocasião de meu aniversário de 50 anos, quando fiz uma espécie de balanço de minha vida e resolvi dar a mim mesmo um presente para comemorar aquela data tão simbólica. Meu presente seria me reconciliar com qualquer pessoa que eu pudesse ter magoado, que eu pudesse ter ferido, de quem eu pudesse de um modo ou de outro ter me distanciado.

 

“Sempre me achei um sujeito de muita sorte, pois tenho muitos e bons amigos. Amigos que fiz durante toda minha vida, por todos os lugares por onde passei.

Meus amigos são como bússolas a me mostrar o norte, como faróis iluminando meu caminho, orientando minha viagem, minha jornada. São como portos seguros onde posso ancorar meu barco quando precisar me reabastecer ou fugir de um vendaval.

A existência de cada um desses meus amigos, todos verdadeiros, mesmo aqueles com quem não convivo diariamente, me garante a existência de um ombro, de um abraço, de uma palavra de incentivo ou de um alerta, e até de um puxão de orelha, num caso de precisão.

Cultivei meus amigos como um agricultor faz em seu campo. Semeei desde muito cedo, adubei, reguei, combati as pragas.

Faço amigos desde sempre, desde o tempo em que eu estudava no Pituchinha. Fiz amigos no Colégio Batista e depois os cultivei no Dom Bosco. Fiz amigos no grupo de lobinhos e escoteiros Dezoitão, na academia de judô do major Vicente e fiz também muitos amigos no bairro do Outeiro da Cruz e no Sacavém, meninos com quem jogava futebol na infância e que ainda hoje encontro pela vida e me sinto orgulhoso de ter convivido com eles. Amigos do tempo do sítio do Angelim, do Lítero, do Jaguarema. Amigos da época da Seleção Maranhense de Basquetebol, da Associação Desportiva Mirante, da Federação Maranhense e da Confederação Brasileira de Tênis. Grandes amigos das peladas de futebol na praia do Olho D’Água. Amigos que fiz quando fui morar em Brasília, no bloco J da 202 Norte e no Clube de Unidade Vizinhança. Amigos do cursinho pré-vestibular, da universidade, do curso de Direito. Amigos que cultivei quando fui trabalhar com meu pai, em suas empresas, amigos que continuei fazendo quando fui trabalhar como chefe de gabinete do então governador João Castelo, para sair de lá fazendo amigos Maranhão afora, como deputado estadual, eleito pela primeira vez em 1982.

Amigos dos movimentos culturais, do Guarnicê, da Jornada Maranhense de Cinema, da Mirarte, do Circo Voador… Uns e Outros amigos Párias.

Nunca parei de fazer amigos, nunca deixei de conviver bem com as pessoas. Fiz muitos amigos na Assembléia Nacional Constituinte, e fiz muito mais ainda quando passei pelas Secretarias de Assuntos Políticos e de Educação.

Meus colaboradores, os empregados de minhas empresas são meus amigos. Orgulhoso, digo sempre que jamais tive uma causa trabalhista que não tivesse sido resolvida de forma amigável.

Voltei a me eleger deputado estadual e continuei fazendo amigos. Estes não são apenas meus eleitores, são muito mais, são pessoas que me conhecem, convivem comigo e que me tem como seu amigo verdadeiro, pessoas que confiam em mim, que me respeitam, não apenas como deputado, mas como cidadão, como pessoa.

Fiz amigas em todas as mulheres que passaram por minha vida. Foram amigas em todos os sentidos, até mesmo aquelas com as quais o tempo ou o relacionamento foram fugazes. São amigas até mesmo aquelas que a distância e as circunstâncias tenham nos afastado.

Fiz mais do que confrades, fiz bons e grandes amigos tanto na Academia Maranhense de Letras quanto na Imperatrizense.

Tenho muita sorte porque se por um lado tenho muitos amigos, tenho pouquíssimos desafetos, já que inimigo não contabilizo nenhum.

Tenho adversários políticos, pessoas e grupos aos quais me oponho política ou eleitoralmente, mas dentre esses não há nenhum por quem eu nutra ódio ou que tenha por mim esse sentimento.

Tem acontecido de alguns políticos resolverem se afastar de mim por motivos inconfessáveis, mas isso faz parte de jeito deles serem e agirem, nada tem com a amizade que dediquei a eles, muito pelo contrário, esse é o imposto que temos que pagar para permanecermos com os verdadeiros amigos ao nosso lado.

Nestes 50 anos de minha vida são poucos aqueles dos quais eu me afastei ou que de mim tenham se afastado. Talvez duas ou três pessoas em 50 anos de vida, possam ser apontadas como exemplo de quem tenha de mim se apartado.”

 

Na época que escrevi o texto acima não vi motivo para publicá-lo. Escrevi para meu deleite, para meu prazer. Hoje um ano depois, esse texto se impõe como reafirmação de minha condição de pessoa feliz e de sorte por ter os amigos que tenho e por não ter muitos desafetos.

Mesmo aqueles que se afastaram de meu convívio, mesmo aqueles que me abandonaram ou que tenham se sentido por mim abandonado, mesmo aqueles, continuam tendo em mim uma amizade latente, capaz de como Fênix ressurgir das cinzas.

Exemplo disso foi o que aconteceu no ano passado mesmo, quando me reconciliei com uma importante figura de nosso mundo cultural, da qual tinha motivos para me afastar, mas que descobri motivos mais que suficientes para me reaproximar e manter uma sincera e respeitosa amizade.

Segundo um bom e velho amigo meu, a prova maior da minha disponibilidade e capacidade para ser realmente amigo, é o fato de ter amigos comuns, que, se não são inimigos, tem grandes dificuldades de convivência, ou interesses bastante antagônicos. E mais ainda, consigo ser amigo deles o suficiente para manter verdadeiramente essas amizades, servindo sempre que possível, para um e para outro, como bússola, farol ou como porto seguro.

4 comentários para "Meu presente de cinquenta"


  1. manoel Sidarta

    É bom não confundires amigo com conhecido. Quantos amigos para os quais podes telefonar 03:00 hs e dizer que estas com determinado problema e ele dizer: calma, não sai de casa que eu vou ai para conversarmos? Poucas pessoas tem mais amigos que os dez dedos das mãos, e olhe lá. No Caso do Lula, só nove.

    Resposta: Caro Sidarta tenho dez dedos como quase todo mundo, mas graças a Deus tenho bem mais amigos. Fique certo que não confundo amigo com conhecido.

  2. Diogo Adriano

    Eu te conheci através de Fernando e desde de então passei a confiar em você como meu político preferido. Depois te conhecendo melhor passei a admirar não só o político como a pessoa. Precisando pode ligar às 03h:00min da manhã.
    Abraço,

  3. Jacira Quariguasi

    Parabéns meu amor! Espero que no texto sobre seus próximos 50 anos, somente uma amiga tenha passado e ficado em sua vida. Eu!

  4. geraldo castro

    Compartilho de sua preocupação sobre a decisão exarada pelo STF sobre as coligações. Mas acho que inversamente do que foi divulgado pela impressa de que o partido detêm o mandato, acho que essa matéria foi escrita por jornalistas (assessória de comunicação do STF) que as vezes podem não entender a verdadeira fundamentação da decisão. No caso julgado pelo STF é totalmente diferente do Chiquinho, pois naquele o 1 suplente mudou de partido(infidelidade partidária) e o 2 suplente era do PMDB.Entendo, acho que igual a você, que Chiquinho não tem chance alguma de ficar na vaga de Pedro Novais.

deixe seu comentário

Twitter Facebook RSS