Carta aberta a Léo san*

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A superação das dificuldades da vida através do esporte não é novidade no Brasil. Todos nós conhecemos muitas histórias de meninos e meninas que vieram de situação desfavorável e conquistaram uma vida nova, através da dedicação e do amor a uma modalidade esportiva. O esporte faz isso, sem falar no fator de proteção que ele trás em si, sem falar na distância regulamentar que o esporte deixa os jovens das drogas e dos crimes de um modo geral. Essa superação de que falo aconteceu novamente no último final de semana, com um jovem maranhense e através do Judô.

Infelizmente eu só pude acompanhar mais essa história de superação e sucesso através de emocionados telefonemas. Falo da seletiva nacional classificatória, nas categorias, Juvenil e Júnior, para o Circuito Europeu e o Campeonato Mundial de Judô que se realizará na Ucrânia, que aconteceu em Brasília.

A equipe do Maranhão era composta de 07 atletas: Ana Carla Vieira, José Carlos Pires, Guilherme Bello, Vítor Rios, Talisson Almeida, Pedro Guimarães e Leonardo Diniz. Lutando com apuro, fibra e qualidade, nossos atletas superaram muitos obstáculos, e, como é natural no esporte, ganharam e perderam.

O grande destaque foi o nosso representante na categoria Juvenil de menos de 73 Kg, Leonardo Diniz, que conseguiu superar dificuldades inimagináveis. Eram 47 atletas lutando em seu peso. A grande maioria patrocinada pela Oi/Sogipa, Minas Tênis Clube/Fiat, Palmeiras, Corinthians, Santo André, São Caetano, Pinheiros e Flamengo. Torcidas enormes, ginásio lotado, competição com mais de 800 judocas.

Os nossos atletas tinham uma história de vida diferente dos demais, patrocinados pelas mega-estruturas desportivas já citadas. Nossos atletas, em sua quase totalidade eram “paitrocinados”, como diz um amigo apaixonado pela modalidade.

Dentre todos Leonardo tinha uma história de vida ainda mais difícil. Nascido no Coroadinho, filho de família humilde, mãe empregada doméstica e moradora da Liberdade, nem de longe Léo possuía a mesma facilidade e apoio fornecidos pela Oi, Fiat, Parmalat, Lubrax e tantos outros patrocinadores.

Leonardo é “cria” do professor Emílio Moreira, resultado do trabalho efetuado no ginásio Paulo Leite, nosso “Templo do Judô”, talvez a mais bem aproveitada praça de esportes do Maranhão. É fruto da abnegação de “Chico Neto” e da ajuda dos pais de atletas que sempre se uniram em apoio aos judocas sem “paitrocínio”.

Destemido, Léo soube superar todas as dificuldades, e bateu os atletas da Oi, da Fiat, da Parmalat, do Corinthians e do Flamengo. Venceu suas lutas por Ippon, o golpe máximo do judô, para delírio e felicidade de Emílio Moreira, o mais antigo sensei do Maranhão, que o acompanha desde seu começo nos tatames, aos 11 anos.

Com Léo e por ele, toda a equipe do Maranhão vibrou, gritou e se emocionou, além de ter chorado e comemorado, porque um companheiro, um irmão, agora iria partir para o Circuito Europeu, para treinar e lutar na Itália, na Bélgica, na Alemanha, na Rússia, no Cazaquistão e na Ucrânia. A emoção maior foi por ser Léo. De minha parte, eu chorei ao telefone, quando soube da notícia e quando soube de sua história, por ser ele a prova da verdade contida nos versos de nosso maior poeta: “… A vida é combate que aos fracos abate, e aos bravos e fortes só pode exaltar…”.

Chorei ao telefone com meus amigos Ney Bello e Emílio Moreira, que apaixonados pelo judô, não escondiam a felicidade e a alegria por ser um maranhense, por ser um garoto oriundo dos projetos sociais do judô, e mais que tudo, por ser ele, Léo.

Agora teremos todos que lutar fora dos tatames contra muitas dificuldades. Teremos que partir para buscar apoio que minimamente rivalizem com a excepcional estrutura dos judocas que estarão na Seleção Brasileira Juvenil ao lado de Leonardo Diniz. Não só o Estado, mas as Empresas privadas e os Mecenas, todos nós faremos o que for necessário. Foi o que eu disse ao telefone, como troféu, como modesta recompensa para o nosso campeão.

Neste momento nos obrigamos a olhar um pouco mais além. Devemos olhar para os projetos sociais que podem ser implantados nos Ginásios de nosso Estado, como o que acontece no “Paulo Leite”. Precisamos olhar para o trabalho dos Emílio Moreira, dos Marcos Leite, dos Wanderson, dos Curió, dos Mário, dos Uitaçussi, dos Coelho, dos Góes, dos Rodolfo e de tantos técnicos de judô que o Maranhão possui e fazer esse trabalho ser replicado no volei, no basquete, no handbol, no futsal… Não só olhar, mas também apoiar esse trabalho. O lucro será nosso. Nossos jovens e nossos professores já provaram que com um pouquinho de apoio, combinado com uma praça de esportes bem organizada, bem administrada e bem equipada, o esporte pode nos levar muito além.

O que me deixou mais feliz foi constatar que o esporte sempre é o melhor caminho, e que independentemente do ponto de chegada, ele nos leva a um futuro e a uma sociedade melhor.

Meu caro Léo e demais jovens esportistas do Maranhão, o apoio para que vocês tenham um futuro de oportunidades no esporte é responsabilidade nossa! Nós lhes daremos o apoio necessário para que vocês nos proporcionem muitas outras vitórias.

PS: * San, San é o mais comum dos títulos honoríficos japoneses e o mais conhecido fora do Japão. É usado para referir-se a alguém de mesma hierarquia, quer etária, quer profissional. Aplica-se tanto a homens como a mulheres, e a tradução mais próxima ao português é senhor ou senhora.

8 comentários para "Carta aberta a Léo san*"


  1. Gi

    após ler esse artigo veio direto o pensamento “nao perguntem do que sou capaz, dê-me a missão” . Qualquer coisa pode se tornar grande se quem tiver fazendo tbm assim o for. Adorei esse artigo seu. abçs

  2. Henrique Moraes

    Fiquei emocionado ao ler essa história. Espero que o senhor consiga realmente recuperar a imagem do esporte do Maranhão. Se há alguém que pode fazer isso é o senhor. Parabéns!

  3. Diogo Adriano

    Nossas apostas estão todas na sua gestão. Só um esportista, mesmo que amador, entende a importância da vitória do Léo e o desafio que temos para levantar o esporte maranhense.
    Boa sorte!

  4. Antonio Nicolau Júnior

    Prezado Joaquim, é importante o cargo de Secretário de Esportes ser ocupado não só porr um desportista atuante, mas por alguém que traga consigo o entendimento da pluralidade esportiva, como estás demonstrando em teus artigos e tuas ações – parabéns. Há em Pindaré uma associação de capoeira – extensão da Nação Palmares – extremamente organizada e atuante (engloba teatro, maculelê, tambor de crioula e outras manifestações) capitaneada pelo jovem professor Dorinaldo e contando com dezenas de associados e praticantes. Há ações na Secretaria de Esportes que atendam às demandas dessa vertente esportiva que possam ser buscadas por aquela associação? Abraços.

  5. leopoldovaz

    Joaquim,

    Apenas para lembrar, o nome dado ao Complexo Esportivo:

    “COMPLEXO SOCIAL E ESPORTIVO DE SÃO LUIS” – onde deveriam funcionar, junto às outras praças esportivas do estado, as ‘escolinhas de esportes’, naquele modelo idealizado por Cláudio Vaz dos Santos – Cláudio Alemão -, com a fundaementação didática-pedagógica esportiva dadas pelo Dimas, Laércio, e seus alunos/atletas/instrutores. Temos ainda, dessa geração de jovens esportistas, ainda em idade escolar, e que se aventuraram em ser ‘professores/instrutores’ muitos em ação… Pinheiro, Gastão, Biguá, Viché, Gilmário, Mangueirão, Patinho, Maranahão, Carlos, Paulo… outros, enveredaram para carreiras ‘sérieas’, seguiram os estudos – pelas suas condições financeiras – e se tornaram profissionais competentes em outras áreas, mas sem jamais abandonar o esporte e, mesmo alguns, exercderam dupla função – Paulo, é umj exemplo; outros, seguiram a carreira do esporte, cursando educação física, e ainda estão ai, na ativa formando nossos futuros profisionais; outros, de escolas públicas e a necessidade de ganhar a vida, passaram direto para a condição de técnicos, sem a oportunidade de cursas educação física…

    Neste momento, é preciso olhar para o passado. Ver como se deu a ‘esportivização’ de nossa educação fisica, os seus resultados ou consequencias, e analisar as causas da ccrise que temos vivodo nesses ultimos 20 anos – a partir de meado dos anos 80, inicio dosd anos 90. O modelo que aí está, se esgotou, na incompetencia de nossos gestores!!!

    É hora de se repensar o modelo. Prestar atenção na nome do “Castelão”, e voltar-se para o ‘social’, parab além do apenas ‘esportivo’…

  6. DANIELLE NAVA

    CARO SR. SECRETÁRIO JOAQUIM, QUE FOI CHEFE DA DELEGAÇÃO DE BASQUETE INFANTO-JUVENIL FEMININO, EM 1986, ITANHAÉM-SP, SERÁ QUE LEMBRA AINDA, ACHO QUE SIM. FOI MEU PRIMEIRO CAMPEONATO BRASILEIRO COM 13 ANOS APENAS, PAULÃO ERA TÉCNICO.

    CONCORDO PLENAMENTE COM O QUE ESCREVEU, E O QUE MAIS GOSTO DO ESPORTE – É A MELHOR SOLUÇÃO PARA VÁRIOS PROBLEMAS, E OS QUE NÃO SÃO SOLUCIONADOS, SÃO AMENIZADOS, SEMPRE.

    PARABÉNS!! AO PROF. EMÍLIO MOREIRA PELO SEU TRABALHO SÉRIO, E, MAIS UM TALENTO REVELADO. FOI O MEU PRIMEIRO COORDENADOR NO COLÉGIO MARISTA, COM QUEM APRENDI MUITO; TIVE A HONRA DE SER SELECIONADA POR ELE, DENTRE MUITOS PROFESSORES INSCRITOS. ELE QUERIA FAZER UM TRABALHO SÉRIO COM A EQUIPE DE BASQUETE FEMININO DO MARISTA. FOI TAMBÉM CHEFE DA DELEGAÇÃO DO MARANHÃO NOS JEB’S 1989, EM QUE EU ERA ATLETA.

    PARABÉNS TAMBÉM AOS PROFS. DE JUDÔ QUE TRABALHAM SÉRIO POR ESTA MODALIDADE: WANDERSON, CURIÓ, RODOLFO, UITAÇUSSI, GÓES, ETC.

    GOSTARIA MUITO QUE O BASQUETE MARANHENSE PUDESSE REALIZAR TRABALHOS SOCIAIS E DE TREINAMENTOS COMO O JUDÔ VÊM FAZENDO, QUANTOS TALENTOS DEIXAM DE SER REVELADOS, UMA PENA!

    ABRAÇO E DÊ UMA REVIRAVOLTA NA GESTÃO DO ESPORTE NO MARANHÃO.

    DANIELLE NAVA ROCHA

  7. Laercio Elias Pereira

    Caro Secretário,

    Como sou antigo é sempre difícil imaginar o Joaquim Haikel fora do uniforme verde do time de basquete do Batista. Mas, o tempo passa. Toda a sorte do mundo na sua gestão. Competência e experiência Vc tem. Um abraço. Laercio

  8. JUAREZ CAVALCANTE

    Caro Secretário,
    Acredito na sua capacidade e dinamismo, aliás, a falta de dinamismo entre seres, distingue aqueles de sucesso.
    Gostaria que o amigo voltasse o pensamento para um projeto de grande envergadura e após análise, emitisse ao menos uma resposta.
    Que grande projeto seria esse? perguntaria…
    Seria a elaboração do “GRANDE PROGRAMA MARATONA DE SÃO LUIS”.
    Aconteceria no dia da fundação da Cidade de São Luis, e que seria sempre reeditada nesta data. Temos senário exuberante para o percurso.
    Imaginemos alguns milhares de pessoas percorrendo nossas avenidas, incluindo-se as duas pontes sobre o Rio Anil…
    Somente um secretário dinâmico e realmente idealista pensaria e adotaria um programa como este…fica o desafio!
    Lembrete! São Luis irá completar o importante aniversário…brevemente!!!

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