Nada melhor para a noite de domingo

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Vi todos os filmes que estão indicados ao Oscar e confesso que é impossível dizer-se com certeza quem irá levar para casa a famosa estatueta, em qualquer uma das mais importantes categorias. Há muitos anos a disputa não era assim tão acirrada. Parece que em 2011 o cinema melhorou bastante, em comparação com os anos anteriores.

Tendo declarado isso, o resto passa a ser mera especulação de quem é apaixonado pela arte de se fazer sonhar acordado, de olhos bem abertos e normalmente comendo pipoca.

Mas vamos diretamente ao que interessa. O melhor filme.

Não quero de cara arriscar-me em dizer quem irá ganhar, posso comentar com você sobre aqueles que eu acredito que não irão ganhar.

Em minha opinião “A Árvore da vida” nem deveria estar concorrendo nessa categoria. A única em que admitiria que esse filme pesado e difícil pudesse concorrer seria na de melhor diretor, pois Terrence Malick consegue fazer aquilo a que se propõe, e é isso que caracteriza um bom diretor… Se o que ele se propõe a fazer resulta em uma coisa da qual não gosto, e certamente pouca gente vai gostar, isso é matéria para outra crônica. (Alguns amigos meus, chegados ao cinema denso vão me malhar depois dessa…).

“Os descendentes”, “Histórias cruzadas” e “O homem que mudou o jogo” são histórias americanas demais e a indústria cinematográfica vive muito mais do mercado externo do que do interno, e não nos esqueçamos que esse prêmio, antes de qualquer coisa, é da indústria e não da arte, dos artistas que a fazem. São ótimos filmes, mas não devem sair vencedores.

Hollywood não vai dar um Oscar para o “Meia-noite em Paris” de Wood Allen porque este é um filme da franquia “fastscreen”, onde o diretor sai pelo mundo mostrando as belezas das maravilhosas cidades que servem de pano de fundo para suas histórias, como já fez em Barcelona e parece que pretende fazer também no Rio de Janeiro. Gostei de tudo nesse filme, mas não vai ganhar.

Eu particularmente gosto muito, mas muito mesmo de filmes como “Cavalo de Guerra” e “Tão forte e tão perto” porque suas estruturas de roteiro e narrativa nos levam a um passeio por um tempo, um espaço, um ambiente, onde o homem, suas circunstâncias e as consequências de suas ações são também personagens importantes na história que é retratada, nesse caso por diretores do quilate de Spielberg e Stephen Daldry, que dirigiu o belíssimo “Billy Elliot”. Não acredito que tenham chance.

No final das contas só dois filmes estão realmente concorrendo ao prêmio de melhor do ano: “A invenção de Hugo Cabret” e “O artista”. O primeiro é uma mega produção de quase 130 milhões de dólares, enquanto o segundo não chegou a 30.

Vejam só! 100 milhões de dólares de diferença e disputam em pé de igualdade o maior prêmio do cinema mundial. Isso é o que se poderia chamar de igualdade cinematográfica, onde estilos, conteúdos, recursos financeiros, recursos humanos, ideias e ideologias diferentes se igualam quando o juiz é o cérebro, o intelecto humano… E porque não dizer a alma humana seduzida pela magia de quem sabe contar histórias.

Em que pese “A invenção de Hugo Cabret” ser um ótimo filme, uma bela fantasia de Scorsese em homenagem ao cinema francês, eu votaria em “O artista”, pois é um filme corajoso e arrojado. Em preto e branco e mudo, ele fala e põe cores em um importante episódio do cinema e de como vivia quem o criou. Da dor e da delicia de serem como eram e como são. Não só por isso, mas por ter visto retratado no personagem principal, grandes ídolos da arte que tanto amo: Vi naquele filme Chaplin e seu cão, vi Douglas Fairbanks, Mary Pickford e D. W. Griffith… Vi Buster Keaton, Errol Flynn, Fred Astaire…

Depois de melhor filme, o que mais importa é o prêmio de melhor diretor e esse acredito ser também difícil prever o vencedor. Alexander Payne por “Os Descendentes, Terrence Malick por “A Árvore da Vida”, Woody Allen por “Meia-Noite em Paris”, Michel Hazanavicius por “O Artista” e Martin Scorsese por “A Invenção de Hugo Cabret”. Essa é minha lista em ordem crescente, sendo que Michel e Martin estão em pé de igualdade, com ligeira vantagem para o segundo.

Como o espaço é curto, vou a seguir apresentar a você minha lista de prováveis vencedores da festa de logo mais à noite em Los Angeles, vou dizer-lhe quais seriam meus votos caso pertencesse à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, apenas nas categorias que posso opinar: Filme: O Artista; Diretor: Martin Scorsese; Roteiro original: O Artista; Roteiro adaptado: A Invenção de Hugo Cabret; Ator: Jean Dujardin; Atriz: Meryl Streep; Ator coadjuvante: Max Von Sidow; Atriz coadjuvante: Berenice Bejo; Filme em língua estrangeira: A Separação (Irã); Longa animado: Chico & Rita; Fotografia: Cavalo de Guerra; Direção de arte: Cavalo de Guerra; Montagem: A Invenção de Hugo Cabret; Canção original: “Real in Rio”; Efeitos visuais: A Invenção de Hugo Cabret; Maquiagem: A Dama de Ferro; Figurino: W.E. – O Romance do Século; Trilha sonora original: As Aventuras de Tintim; Edição de som: Cavalo de Guerra; Mixagem de som: Cavalo de Guerra.

Espero que tenha ajudado você a passar alguns minutos em companhia do que há de melhor nos cinemas da atualidade e que tenha lhe convencido de que não há nada melhor para fazer nessa noite de domingo.

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