Candeeiro

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Há muito tempo coloquei em cima da mesa de meu escritório, em minha casa, três livros que pensava, e ainda penso, me serviriam de apoio em tudo o que eu fosse fazer na vida.

O primeiro deles foi A Bíblia Sagrada. O segundo, O Príncipe de Maquiavel, sendo o terceiro A Arte da Guerra, de Sun Tzu. Por fim, coloquei junto com estes um livro que ganhei de um amigo. Trata-se do Alcorão, livro que Deus teria ditado ao profeta Maomé, texto sagrado para os islamitas. Poderia ainda ter sobre minha mesa um exemplar do Torá, o livro santo dos judeus, mas ele de certa forma já está lá, inserido na Bíblia. É o que chamamos de Velho Testamento.

Imagino que em cima de minha mesa tenha conhecimento, sabedoria e história suficiente para dirimir qualquer dúvida que se me apresente. Acredito que precisamos ter todas essas coisas o mais próximo de nós que for possível.

Outro dia comentei com um amigo que usava os livros sagrados das três grandes religiões como oráculo, abrindo-os aleatoriamente e buscando neles respostas ou caminhos. Disse a ele que fazia isso também com as obras de Maquiavel e de Sun Tzu.

Esse amigo riu e desdenhou de mim dizendo que em nada aqueles livros combinavam ou tinham em comum e eu fiquei de provar-lhe que tem. Comprometi-me em escrever um texto onde provasse que há alguma relação, mesmo tênue, entre os dois livros, segundo ele profanos, que falam de poder, corrupção, usurpação e guerra, com os livros sagrados, que falam de fé e de Deus.

Meu amigo foi mais além, deu um tema para que eu tentasse alinhavar passagens semelhantes entre as obras, mesmo que distantes. Pediu-me para falar sobre os discípulos, os seguidores, os ajudantes, aqueles que servem como representantes.

Fui pesquisar e organizei o texto que se segue. Espero ter conseguido provar alguma semelhança entre esses livros, entre suas histórias.

1) Sun Tzu diz: “Lembre-se dos nomes de todos os oficiais e subalternos. Inscreva-os num catálogo, anotando-lhes o talento e suas capacidades individuais, a fim de aproveitar o potencial de cada um. Quando surgir oportunidade aja de tal forma que todos os que deves comandar estejam persuadidos que seu principal cuidado é preservá-los de toda desgraça”.

2) No capitulo XXII de O Príncipe, Maquiavel fala da importância da escolha dos ministros de um mandatário e responsabiliza diretamente a este pelo sucesso dessa escolha. Ele diz que é usando de sabedoria e prudência que o príncipe deve escolher aqueles que o ajudam na administração dos negócios de seu ducado e será principalmente pela boa ou pela má fama de seus ministros e conselheiros que o duque será conhecido. Caso escolha bons ministros e conselheiros tidos em alta conta, este será lembrado como grande, se aqueles que o cercam e ajudam tem má fama, são cruéis e corruptos, o duque assim parecerá a todos. “… A primeira conjectura que se faz da inteligência de um senhor, resulta da observação dos homens que o cercam”, diz ele literalmente.

3) Tenho conhecimento de alguns poucos seguidores graduados de Moisés. Sei de seu irmão Aarão e seu general Josué. Aarão era uma espécie de sacerdote e foi um dos de pouca fé que construíram um bezerro de ouro para idolatria, pecado grave. Josué foi a espada de Deus na terra. Depois da morte de Moisés tornou-se líder de seu povo e destruiu quase todos os seus inimigos. Deve ter aprendido muito do que sabia com seu príncipe.

4) Conhecemos 12 dos ministros de Jesus. Nós os chamamos de discípulos. Destes Pedro se sobressaía. Apesar de ter negado seu mestre três vezes, tornou-se o primeiro chefe da nova igreja.

Já Judas é vítima de cruel preconceito. Tinha ele importantes ligações políticas, pois era do partido dos Zelotes, fervorosos e zelosos defensores da fé e dos costumes judaicos. Ele foi orientado pelo próprio Jesus para fazer o que precisava ser feito… Bem mandado, o ministro fez o que seu mestre mandou e aconteceu o que todos nós sabemos, ou melhor, o que nos foi contado e que muitos de nós acreditamos realmente aconteceu.

O maior de todos os ministros de Jesus, no entanto, nunca esteve pessoalmente com ele. Saulo ouviu apenas o que seria a sua voz, no caminho para Damasco. Mesmo tendo perseguido e matado muitos seguidores do Cristo, aquele que viria a se chamar Paulo, tornou-se a ferramenta, a cunha indispensável para colocar a pedra angular da nova religião no seu devido lugar.

5) De Maomé conheço pouco. Conhecemos pouquíssimo. E alguns de nós o vê de maneira preconceituosa e equivocada. O que dele sei é que é o profeta de uma religião que se baseia nas mesmas histórias e tradições comuns aos profetas do judaísmo e do cristianismo.

Não consigo identificar na história de Maomé a figura de algum tipo de ministro.

Sua morte acaba por criar o esfacelamento do islamismo nas facções que existem até hoje. A minoria xiita acreditava no direito de Ali Abu Talib a suceder o Profeta, por entenderem que ele teria sido publicamente nomeado por Maomé como seu sucessor, enquanto a maioria sunita da população preferiu escolher Abu Bakr como sucessor de Maómé.

Dito isso, acredito que tenha provado para aquele amigo, e a quem mais interessar possa, não só que os livros sagrados e suas histórias combinam inteiramente com os livros profanos que lhes fazem companhia sobre minha mesa, como as histórias que eles contam, guardam grande semelhança e profundo nexo.

2 comentários para "Candeeiro"


  1. Adriano

    Senhor,

    Inclua as 48 leis do poder em sua leitura, pois ela retrata muito bem o seu perfil, onde flutuas onde está o poder, além de não ter opnião cotundente acerca de temas contraditórios, sendo portanto um bom vivan, tratando dos interesses do povo, porém sem ter grande influência acerca do que o povo realmente necessita!!! Sua conduta é fantástica, tens o respeito de todos, porém pouca admiração dos que necessitam de mudanças!!! Tenho pena de você. faça uma reflaxão ou apenas continue achando ser importante!!!!

    Resposta: Se este livro, “As quarenta e oito leis do poder” fosse importante para mim, faria parte de meus livros de cabeceira, mas não o é. Parece-me que para você ele é importante, então durma com ele debaixo de seu travesseiro, quem sabe as letras formando palavras que você possa entender saiam de suas páginas no meio da noite e invadam seu cérebro através de seus orifícios mais próximos a ele, pois se elas buscarem entrar-lhe por caminhos mais distantes, acabem por lhe causar algum incomodo que até possas vir gostar.
    Outra coisa, sua analise de meu perfil não me importa. Seu recalque por não ser quem gostaria e sua inveja do que sou me incomoda bastante, pois vejo como a vida é, por um lado sábia e por outro lado injusta. Sábia por não ter lhe dado coragem de assinar seu nome verdadeiro no comentário e injusta por não lhe dar a capacidade necessária de debater comigo de igual para igual, o que torna uma covardia de minha parte dar-lhe aqui esta resposta, que o faço porque a vida necessariamente não tem que ser justa, ela simplesmente tem que ser vida. Viva!

  2. SIMONE PAIVA

    FIZESTES UMA COMPARAÇÃO COERENTE DESSAS OBRAS RELATADAS, TODAS FORAM INSCRITAS POR MÃOS DE HOMENS, RAZÃO PELA QUAL SE DEU ESSE ALINHAMENTO E DE FORMA BRILHANTE, TENHO MUITO RESPEITO POR TI, APESAR DE DISCORDARMOS EM UM BREVE MOMENTO, PARABÉNS PELA COLOCAÇÃO E TENHA MESMO, PRINCIPALMENTE A BÍBLIA COMO LIVRO DE CABEÇEIRA, Q COMO O REI SALOMÃO, UM DOS MAIORES SÁBIOS DA TERRA JÁ DIZIA SOBRE ELA: “LÂMPADA PARA OS MEUS PÉS E LUZ PARA OS MEUS CAMINHOS.” ABRAÇO SIMONE PAIVA(PROFESSORA DE BASQQUETE DO COLÉGIO BATISTA)

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