impeachment!?

Depois de ter visto o Jornal Nacional na segunda-feira, 11 de agosto, fui me informar sobre o assunto para tentar analisar os fatos sob a luz do bom senso.
Uma contadora ligada ao doleiro que é personagem principal em várias denúncias de crime Brasil afora, deu depoimento na policia federal onde conta que teria acontecido uma reunião para tratar do pagamento de propina pela liberação de precatórios devidos à Constran e que nesta reunião estariam presentes assessores graduados do governo do Maranhão. Tal notícia foi divulgada no Jornal Nacional e levou a crer que os funcionários citados estariam envolvidos em conluio para lesar o nosso Estado.

Acontece que a depoente citou o nome de uma pessoa que no organograma administrativo do governo não tem nenhuma ligação com o pagamento de precatórios. Essa pessoa que é responsável pela gestão do Fundo Estadual de Pensão e Aposentadoria do Estado do Maranhão, quando procurada pela emissora, disse que foi convidada a participar de uma reunião e que nela, indagada sobre assuntos relacionados ao FEPA, disse apenas que os recursos deste fundo só poderiam ser depositados ou investidos em bancos oficiais. Em que isso se relaciona a precatórios?

Esses fatos levam a crer que na citada reunião, acontecida no Gabinete Civil do Estado do Maranhão, em horário de expediente, não foi tratado nenhum assunto sobre precatórios e sim sobre fundo de pensão, e mais, que a posição dos membros do governo teria sido contrária a qualquer negócio envolvendo o FEPA, principalmente com bancos privados.

A depoente mistura os assuntos, não sei se de propósito; a polícia federal não os esclarece, não sei se propositalmente; a emissora responsável pela matéria jornalística, agi de forma desleixada, querendo apenas noticiar um fato sem que antes investigue se o que apresenta ao telespectador é a verdade ou uma mera versão oportunista. Misturar dois assuntos tão distintos é pura má fé! Ou da depoente, ou da PF ou da TV Globo. Estava então criada uma grave crise.

O tal doleiro foi preso em São Luís, mas antes disso, segundo a reportagem, teria trazido para o Maranhão uma quantia enorme de dinheiro em duas malinhas de mão. Acredito que quando essas malas passassem pelos raios x dos aeroportos, o dinheiro dentro delas, teria sido detectado! Mas pode ser que o sujeito tenha vindo de avião particular… Se a PF sabia que havia dinheiro de corrupção naquelas malas por que não as confiscou ou as seguiu o tempo inteiro?

Eu até acho que sou um bom ficcionista e posso imaginar mil formas de desenvolver um conto ou um roteiro onde essa estória mas isso é um problema para a PF, não para mim, um Sherlock amador. Há no entanto ainda um fato inacreditável! A reportagem afirma que um dos envolvidos deixou na recepção de um hotel de nossa capital, uma caixa supostamente contendo dinheiro, e que somente três dias depois, a tal caixa teria sido resgatada por um funcionário do Governo. Puxa vida! Deixar uma bolada de dinheiro em uma caixa, na recepção de um hotel e ela só ser retirada dias depois de ser deixada, é demais até mesmo para roteiristas como Tarantino ou Woody Allen.

No meio do depoimento a tal contadora diz que foi entregue certa quantia em dinheiro a um assessor da governadora e que este reclamou da pouca quantidade, dizendo que iria falar com a chefa. Ora bolas! Macacos me mordam! Acredito que esteja clara a intenção de quererem envolver o nome da governadora, mesmo sabendo que não há a menor possibilidade de ligá-la a esse caso.

Os esclarecimentos prestados pelos funcionários do Governo do Maranhão citados na precipitada reportagem de televisão, reprisada nos dias subsequentes nos noticiários da emissora, com o mesmo estardalhaço, dão conta de que o que foi dito pela depoente e narrado na matéria de TV não é verdade.

Segundo tais esclarecimentos, nunca aconteceu nenhuma reunião clandestina entre a Constran e membros do governo; O pagamento do precatório a essa empresa obedeceu ao cronograma estabelecido pela justiça que homologou todos os procedimentos da Procuradoria Geral do Estado, com a devida anuência do ministério público e da justiça; Que a Constran, através de seus advogados estiveram sim com representantes do governo para tratar do pagamento do precatório, como faria qualquer credor do Estado; Que a negociação transcorreu com correção e lisura e foi benéfica ao erário estadual, o pagamento efetuado em vinte e quatro parcelas e tendo havido uma economia de quase trinta milhões de reais.

Se não havia como beneficiar a Constran, se o cronograma de pagamentos dos precatórios não foi desrespeitado, se houve o parcelamento e o barateamento da dívida do Estado, se a empresa credora não foi irregularmente beneficiada, por que ela iria pagar propina a qualquer membro do governo?

Não há motivo causal claro ou consistente que comprove ter havido alguma irregularidade relacionada ao pagamento desses precatórios. Sem provas fortes e substanciosas é impossível, a luz do bom direito ou do bom jornalismo envolver o governo nessa armação. Já na política baixa e no jornalismo barato que tem sido praticado nesse país, acusações torpes acontecem antes que se apure a veracidade dos fatos.

Tentar construir um caso bombástico usando um depoimento de uma pessoa amparada pela lei da delação premiada, onde ela envolve sem nenhuma consistência ou prova o nome da Governadora Roseana Sarney, e querer com isso fazer um impeachment!… Isso já é demais.

Acusar é fácil. Destruir reputações de pessoas reconhecidamente sérias como a de Helena Maria Cavalcanti Haickel, que sempre trabalhou no sentido de construir uma vida correta e ilibada, é fácil. As pessoas que tentarem destruir essas reputações e essas vidas devem ser responsabilizadas e punidos, civil e criminalmente, da mesma forma radical, como exigem seja feito com aqueles que acusarem injustamente.

PS: Algumas vezes aqui, neste mesmo espaço, tenho criticado alguns posicionamentos da governadora Roseana Sarney no que tange a sua forma de agir politicamente, mas não acredito em qualquer envolvimento dela em ato de corrupção.

Clique aqui e veja alguns documentos sobre o assunto

3 comentários em “impeachment!?”

  1. Sou do meio trabalhista de direito e conheço muito bem o caráter da procuradora Helena Maria, conheço sua história profissional, não conheço sua vida pessoal, mas em toda sua carreira vi uma mulher imbativel em suas decisões de sempre estar fazendo o correto, e muito mais, seu zelo por sua vida profissional, onde nesses tantos anos nunca se quer vi seu nome citado em nada ilícito, e as vezes por ônus de sua profissão de procuradora ter que receber pessoas más intencionadas, o que não quer dizer que ela tenha que condizer com o que os outros a propunham, tenho total confiança assim como outros que isso já foi bem esclarecido onde podemos ver todo o empenho dela em facilitar e colaborar pra qualquer fins de investigação, Força Dona Helena, quem for culpado será.

  2. José Ribamar da Luz

    Eu também acho pouco provável que a governadora tenha se metido com aquele negócio dos R$ 300.000,00. Ocorre que, também não é muito fácil explicar como aquela contadora “inventou” os nomes dos participantes daquela reunião fatídica. Se eles não fizessem parte do convívio financeiro dela, de onde então ela os conhecia? Por que ainda não desmentiram a ocorrência da reunião? Enfim, são muitas perguntas cujas respostas os maranhenses de bem esperam lhes sejam dadas pela Polícia Federal; pois, agora, não dá mais para aguentar um novo ‘Caso LUNUS”, quando fomos brindados com sete versões fantasiosas, dadas pela Governadora, sobre a origem suspeita daquela dinheirama. Concorda?

    Resposta: Concordo com algumas coisas e discordo de outras. “Inventar”, acho que não, mas chamar o secretario de planejamento de assessor é não saber quem ele é. Saber o nome do Chefe da Casa Civil ou da procuradora do Estado, não deve ser difícil, nem por isso é obrigado que essas pessoas façam parte do convívio financeiro dela. Como disse acusar é fácil, mas para isso é preciso provas.

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Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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