O dia seguinte ou O dia depois de amanhã

3comentários

Fiquei em dúvida sobre qual título deveria dar ao meu texto de hoje. Não sabia ao certo se iria falar sobre os acontecimentos de amanhã, ou sobre as consequências dele, que serão sentidas depois de amanhã.

Neste texto publicado em meu blog e em meu Facebook, com links para meu Twitter e meu Instagram, no sábado, 29 de outubro de 2022, véspera do segundo turno da eleição presidencial brasileira, falarei sobre estes dois momentos, me utilizando de títulos de filmes sobre catástrofes, “The Day After”, de 1983 e “The Day After Tomorrow”, de 2004, como prenúncio daquilo que pode e que muito provavelmente vai acontecer.

Se no filme “O dia seguinte” a catástrofe que destrói a terra é uma guerra nuclear, em O dia depois de amanhã, a destruição dela é causada por uma catástrofe climática. A similaridade entre estes dois filmes e nosso país, neste complicado momento, é no que diz respeito ao subgênero destas obras cinematográficas: Catástrofe.

Amanhã, quando formos votar, tanto quanto os responsáveis por disparar os mísseis nucleares em “O dia seguinte”, nós seremos os responsáveis por uma das duas bombas que iremos detonar em nosso país.

Depois de amanhã, quando já tivermos apertado o botão e selado nossos destinos, saberemos das consequências de nosso feito, saberemos qual catástrofe teremos.

Uma única certeza podemos ter desde logo. Qualquer que seja nossa escolha, ela nos trará sérios e graves problemas.

Mais que uma simples metáfora com os nomes desses dois filmes, nossa situação é extremamente idêntica aos contextos deles. Irremediavelmente, nossa escolha resultará em consequências, só nos resta descobrir de agora até amanhã, qual escolha nos trará menos danos, ou se preferirem, por eliminação, qual delas nos causará mais malefícios, e devemos rechaçá-la.

Nossas bombas atómicas são conhecidas de todos. Bolsonaro um boçal verborrágico, imprudente com as palavras e nos modos, um sujeito grosso e mal-educado, que também não é nenhum santo de candura e pureza e Lula, um caudilho populista, que sabe falar a língua do povão, que sabe que desde a Roma antiga, pão e circo resolvem o problema da maioria da turba, um sujeito que faz o que for preciso para deter o poder e usa a corrupção como moeda corrente para alcançar seus objetivos.

Da mesma forma que em 2018, em 2022 a escolha não será para decidirmos quem é o melhor candidato a presidente, será para eliminarmos aquele que pode trazer mais malefícios para nosso povo, para nosso país, para nossa economia.

Este texto não serve para tentar catequizar ou doutrinar ninguém, pois quem hoje, ainda não decidiu em quem votar amanhã, é melhor nem comparecer as seções eleitorais, pois certamente correrá um grande risco de se arrepender de sua escolha.

Esse texto é tão somente para deixar claro que, aconteça o que acontecer amanhã, as consequências serão catastróficas. Nosso país estará definitivamente dividido.

De um lado aqueles que acreditam que um governante não precisa ter respeito pelo cargo que ocupa, que ele pode ser rude, boçal, grosseiro, que isso não diminui o fato dele ser o maior mandatário de 220 milhões de pessoas, de administrar trilhões e trilhões de reais, de representar moralmente nossa nação e nosso país, perante o mundo.

De outro lado estarão aqueles que acreditam que desvios de conduta, de recursos públicos, que o mau uso do dinheiro do estado, para uso pessoal e para se perpetuar no poder, são males menores. Estarão aqueles que acreditam na solução fácil dos problemas, aquelas que se resolvem no âmbito da filosofia humanista e das ideias politicamente corretas.

Eu, e alguns como eu, colocados bem no meio dessas duas posições, pessoas que conseguem de forma equidistante, perceber o que há de bom e de ruim em cada uma delas, fica numa situação pior, pois sofre pelo que cada um é e por aquilo que poderiam ser.

Se Bolsonaro não fosse tão boçal, se fosse mais diplomático, educado, respeitoso, se tivesse mais tato e paciência, se soubesse se portar e se comportar, se fosse possível que controlasse seu ímpeto, se ouvisse e se dispusesse a seguir alguns bons conselhos, seria um bom presidente.

Se Lula voltasse a ser o mesmo de seu primeiro ano de governo, quando sua maior vaidade era ser verdadeira e honestamente o “salvador da pátria”, se esquecesse o brilho dos holofotes e do poder supremo, se rejeitasse os radicalismos da luta de classes, se deixasse de acreditar nas mentiras que diz, seria um bom presidente.

Mas é muito improvável que qualquer um dos dois mude. É quase certo que os dois permanecerão como realmente são, como são suas naturezas, daquilo que são feitos.  

Qualquer um dos dois poderá vencer as eleições amanhã, mas certamente, qualquer que seja o resultado, nós brasileiros, seremos os grandes derrotados, graças a uma política de radicalização estúpida, criada por ambos os lados para se consolidarem no poder.

Depois de amanhã, independentemente de quem ganhe, ele não terá vencido, pois nosso país estará dividido e o vencedor terá muito trabalho para governar, o que mais uma vez fará com que os perdedores sejamos nós, a brava gente brasileira.

3 comentários para "O dia seguinte ou O dia depois de amanhã"


  1. JOSE RIBAMAR ROCHA GOMES

    As vezes me pergunto, constituinte Joaquim:o surgimento de péssimos e corruptos presidente, governadores, senadores e deputados não se deu por conta da desistência de bons políticos? E Joaquim Haickel, qual deputado (estadual e federal), pode-se botar no seu patamar, agora que César Pires não foi reeleito? No passado, tive boas conversas com Pontes de Aguiar, tido como um tosco, mas, de uma sagacidade política ímpar. Constituinte Joaquim Haickel, o dia seguinte, como sugere o filme, pode ser, também, o final do Planeta dos Macacos quando, o personagem de Charlton Heston diz ao ver a estátua da Liberdade na água: maldição, eles conseguiram.

    • Joaquim Haickel

      Você tem toda razão, meu amigo.

  2. Marcos Guimarães

    Excelente e extremamente lúcido seu texto, meu amigo Joaquim. Traduz nosso sentimento de indignação ao ter que escolher entre o “menos pior”, entre o LOUCO ou o LADRÃO. Que Deus nos ilumine nesta difícil decisão, e nos proteja das consequências dela.

deixe seu comentário

Twitter Facebook RSS