Um alerta como presente de Natal

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Fico imaginando a quem poderia interessar o estremecimento entre os dois políticos mais poderosos do Maranhão, na atualidade, Flávio Dino e Carlos Brandão.

Para analisarmos o que pode causar essa fissura, é preciso que se faça, de maneira correta, justa e consciente, um retrospecto dos acontecimentos.

Ninguém duvidava de que Flávio Dino seria governador do Maranhão. Eu mesmo disse durante a campanha eleitoral de 2010 que era apenas uma questão de tempo para Flávio se tornar governador, pois nenhum outro político no campo oposto ao grupo Sarney teria a capacidade dele para isso.

A eleição de Flávio Dino em 2014 foi fruto da união de diversas forças políticas, que se juntaram para derrotar o alquebrado grupo que outrora havia sido comandado, com sabedoria, pelo ex-presidente José Sarney.

A primeira eleição de Flávio portanto, não foi uma façanha pessoal. Ele teve mérito nela, mas, sua vitória não teria acontecido sem o decisivo apoio do ex-governador José Reinaldo Tavares e do grupo do ex-governador Jackson Lago, além de outras lideranças, inclusive algumas oriundas do próprio grupo Sarney.

Para compor a chapa encabeçada por Flavio, como candidato a vice-governador, Zé Reinaldo, indicou o então deputado federal Carlos Brandão, enquanto o candidato ao senado seria o também deputado Roberto Rocha.

A primeira eleição de Flávio portanto, não foi uma façanha pessoal. Ele teve mérito nela, mas, sua vitória não teria acontecido sem o decisivo apoio do ex-governador José Reinaldo Tavares e do grupo do ex-governador Jackson Lago, além de outras lideranças, inclusive algumas oriundas do próprio grupo Sarney.

Para compor a chapa encabeçada por Flavio, como candidato a vice-governador, Zé Reinaldo,, indicou o então deputado federal Carlos Brandão, enquanto o candidato ao senado seria o também deputado Roberto Rocha.

deputado federal Carlos Brandão, enquanto o candidato ao senado seria o também deputado Roberto Rocha.

Dino venceu a eleição e tratou seu vice com atenção e deferência, mesmo que nunca tenha dado a este, verdadeiro poder, fosse político ou administrativo. Brandão era o que era. Vice. E como tal funcionava muito bem.

Formado na velha e boa escola de tradicionais políticos maranhenses, Brandão é daqueles que sabem, entre outras coisas, que bom cabrito não berra.

Prepostos de Dino não davam a Brandão a importância que deveria ser dada a alguém que em uma eventualidade ou mesmo em uma fatalidade, seria governador. Se isso era verdade em relação àqueles que gravitavam o primeiro mandatário, não era em relação ao próprio, que tratava Carlos com consideração e respeito.

Todos sabem que não tenho afinidade política com Flávio Dino, mas isso nunca me impediu de reconhecer suas qualidades e seus méritos, nem de analisar os fatos que o envolvem de maneira isenta e objetiva.

Na sua segunda eleição, Flávio dependeu única e exclusivamente de si mesmo. Ele se elegeu sozinho, fruto de seu trabalho político, independentemente do fato de eu não achar esse trabalho assim tão excepcional.

Não sei se é verdade, mas dizem que para esse segundo mandato, pessoas próximas a Flávio quiseram mudar o vice, mas o comportamento ilibado, a correção e a lealdade de Carlos para com Flávio, prevaleceu.

Todos sabem que Dino usa o poder com bastante autoridade e competência. Todo mundo conhece sua verve fácil, sua grande cultura e seu imenso conhecimento jurídico, mas apenas certas pessoas têm coragem de reconhecer que em algumas ocasiões ele comete erros políticos elementares, como no caso do desnecessário descarte do ex-governador José Reinaldo e da construção eleitoral equivocada que culminou com a eleição de adversários seus para as prefeituras de São Luís e Imperatriz, as duas maiores cidades do Maranhão.

Os destinos de Brandão e de Dino já estavam traçados, porém mesmo assim Brandão foi submetido a meses de provação, pelo fato do adiamento da escolha do candidato a governador de seu grupo político. Aventaram até a possibilidade de ele ser nomeado para o Tribunal de Contas do Estado. Enquanto isso Brandão fazia tudo como manda a regra: bom cabrito não berra, e ele jamais berrou.

A alternativa a Brandão seria o senador Weverton Rocha, que nunca foi uma alternativa verdadeira, pois Flávio realmente nunca aceitou Weverton, por ver nele um lobo e não um cabrito.

Uma pessoa ligada a Flávio me perguntou se Carlos venceria a eleição sem apoio do ex-governador e em cima da bucha respondi que não, mas aproveitei a deixa e fiz uma pergunta ao meu interlocutor. Perguntei-lhe quem poderia facilitar bastante a vitória do grupo de Flávio, além de dar a ele tranquilidade e segurança. Eu mesmo respondi! – Só Brandão!

Depois de Carlos ter sido eleito governador no primeiro turno, de Flávio eleger-se senador (ele elegeu a si e aos outros últimos três senadores do Maranhão), e deles juntos elegerem quase a totalidade das bancadas estadual e federal do estado, é um absurdo que alguns pequenos detalhes possam ameaçar a paz, a harmonia e a tranquilidade deste grupo, que hoje não tem opositor no Maranhão, e que se continuar unido, tão cedo não terá!

Dizem que a eleição para presidente da Assembleia Legislativa e a indicação de nomes para o secretariado são os motivos do estremecimento entre Dino e Brandão, mas estes fatos não devem e não podem ser motivos capazes de gerar uma ruptura.

Nenhum governador até hoje, deixou de influir na escolha do presidente do poder legislativo estadual! Acordos podem ser repactuados, desde que isso seja feito com clareza, honestidade e coerência.

Nenhum governador pode ter em seu secretariado alguém em quem ele não confie, ou quem não o respeite, ou quem não lhe seja leal em primeiro lugar. Os cargos e os poderes inerentes a eles devem permanecer como acertado, mesmo que os nomes de seus ocupantes possam mudar.

Nada, eu repito e grito: NADA, deve fazer com que seja perdida a oportunidade de alavancar boas realizações para o Maranhão, através do grande prestígio que terá o ministro da justiça no futuro governo federal. Nada pode causar tal cisão. Nem a busca de espaço e de poder no governo estadual, por membros do grupo mais próximo a Flávio, nem a vontade do pessoal mais ligado a Carlos, de tentar pagar com a mesma moeda o que sofreram durante quase oito anos.

Quanto mais poder, mais responsabilidade. Flávio e Carlos precisam ser sábios, cautelosos e tolerantes, precisam ser verdadeiros estadistas, para não permitirem que seu grupo político se esfacele. Mais que isso, eles devem se entender pelo bem do Maranhão e de seu povo.

PS: Há um ditado popular que diz que “um mau acordo é melhor que uma boa briga”. Se não acreditam em mim, procurem em nossa história recente momentos semelhantes a estes. A história é bastante didática e esclarecedora.

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