Sobre aquilo que mais precisamos

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A politician at a podium making an announcement

No começo de nossa república, os órgãos governamentais mais cobiçados pelos políticos eram os que envolviam a fazenda pública, a segurança e a instrução, pois neles estavam a fiscalização das empresas, a arrecadação dos impostos e os pagamentos dos fornecedores, o controle das ações civis e penais das pessoas e o acesso ao conhecimento com a respectiva possibilidade de nomeações de professores e seus auxiliares.

A sociedade evoluiu e com ela a máquina administrativa também passou a ser vista e utilizada de outras formas. Os órgãos citados anteriormente continuam sendo de grande importância, mas deixaram de ser os mais cobiçados, com exceção da Educação.

A fazenda pública hoje só arrecada e não mais tem função pagadora. A segurança, pela existência de uma grande quantidade de direitos e regras que devem ser respeitadas e obedecidas, não mais enche os olhos dos políticos. A instrução pública que hoje se chama erradamente de educação, pois educação é algo imensamente maior que a mera transferência de conhecimento, é a única que mantém a sua importância, não mais pela possibilidade de semear pessoas em cargos, pois hoje todos eles são preenchidos por concurso público, mas pela possibilidade de pautar e controlar a sociedade e o povo que dela faz parte, através dos conteúdos e matérias que se estabelece na grade curricular.

Setores como o planejamento que foi desmembrado da fazenda pública, passou a ter bem mais importância, pois em que pese não arrecadar, é o setor que efetivamente planeja os investimentos e os gastos do Estado, prioriza e autoriza os pagamentos. Meio ambiente, que nem existia, passou a ser uma forma de controle dos meios de produção, pois é ele que diz onde pode a sociedade implantar suas casas e seus negócios. Organismos ligados às pessoas, que antes nem eram cogitados, passaram a ter grande relevância, pois uma das formas mais modernas e eficientes de politização, são os direitos sociais. O setor de infraestrutura que antes era chamado apenas de obras públicas, ganhou uma importância imensa, uma vez que a melhoria dos ambientes onde vive a população é de suma importância, coisa que antes não era crucial.

Essa mudança de paradigma requer um novo político, que se preocupe com coisas diversas, que tenha um olhar mais abrangente e menos focado, que observe o periférico simultaneamente com o pontual, requer alguém não só mais sensível, mas também mais múltiplo, alguém que possa dosar a importância do meio ambiente, do agronegócio, da indústria e da construção civil, sem que uma atividade interfira negativamente na outra. Este político é o que há de mais importante hoje e o que é mais raro em nossa sociedade.

Acredito que apenas o liberalismo responsável é capaz de produzir um político assim. Alguém que saiba o valor de preservar o meio ambiente, mas que entenda que de nada ele servirá à população se ela não tiver alimentos bons e baratos, que existem certos custos que a indústria deve pagar para que o meio ambiente seja preservado, mas que a produção não deve e não pode ser reprimida.

Responsabilidade social e política não se refere apenas a garantir direitos e igualdades às pessoas, mas garantir a elas uma vida mais produtiva e feliz, e isso não apenas aos menos favorecidos que devem é claro ser priorizados, mas os cuidados com eles não podem desqualificar o respeito aos demais.

A extremada politização das causas que criou o “nós contra eles” em todos os âmbitos do convívio social, é a arma que os incapazes usam ao se recusarem a entender isso que eu hoje comento aqui.

O respeito, o compromisso com o correto e com o justo, a fraternidade, a tolerância e a dedicação à realização de coisas boas para todos de forma racional, mesmo que se saiba o quanto isso é complicado e difícil, é o que define o bom político, hoje e eternamente.

PS: Ofereço esse texto àqueles que considerado os melhores secretários da administração estadual anterior: Felipe Camarão, que foi eleito vice governador; Carlos Lula que agora é deputado estadual; Marcellus Ribeiro Alves, que para o bem de nosso Estado continua na Secretaria da Fazenda; e Ted Lago que fez um primoroso trabalho frente a EMAP.

3 comentários para "Sobre aquilo que mais precisamos"


  1. José Carlos Silva

    Muito bem, voltou a produzir! Vamos em frente.

  2. Oreste Papadopol

    Por que o Império Romano/Bizantino do Oriente caiu, mas os turcos otomanos conseguiram?

    Os bizantinos estavam falidos porque aqueles vampiros venezianos sugavam todo o ouro deles por meio de pactos comerciais começando com o de 1082, enquanto os otomanos ficavam mais ricos a cada dia desde o primeiro dia de sua existência.
    A chave para o sucesso de um monarca é o quão bem eles administram o tesouro. Se não há dinheiro, os funcionários e mercenários são mal pagos. Se forem mal pagos, eles conspiram contra o monarca e os mercenários irão traí-los ou abandoná-los no meio da batalha. Os funcionários e mercenários bizantinos faziam exatamente isso enquanto os otomanos eram leais. Por que os funcionários e soldados otomanos eram leais? Porque eles foram bem recompensados ​​monetariamente. Tudo se resume a dinheiro.

    Essa é a própria base do direito de conquista: um monarca incapaz deve ser substituído por um capaz para o bem-estar de seus súditos. Assim, se os bizantinos estivessem falidos e os otomanos ricos, todos se beneficiariam com a substituição dos primeiros pelos últimos. Assim, os bizantinos substituídos pelos otomanos significavam cofres cheios de ouro em vez de vazios. Isso significava funcionários e soldados satisfeitos. Isso significava sua lealdade e, portanto, paz e estabilidade.

  3. Julio Cesar

    Joaquim,
    Feliz pelo retorno e obrigado em compartilhar suas ideias. Argumentos consistentes, analogias e metáforas ricas. Sempre compartilham com as pessoas mais próximas …
    Obrigado.

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