Ambulante

 Maria Rita armava barraca na mureta da Praça Benedito Leite e vendia:

Dois-tãos de pernas grossas; duas coxas macias, ancas graciosas e luzidias como as da égua Esmeralda, caso de amor de “seu” Dico.

Cintura de umbigo tufado – culpa da parteira “Dona” Maria José do Bom Parto.

Peitos ainda durinhos, mas já querendo murchar de tanto freguês apalpar.

Pescoço de bailarina, cabelos de espanhola, olhos de moça-virgem e andar de brincar ganzola.     

Maria Rita armava barraca e vendia…

Um Pedaço da Ponte – Parte II

Dando continuidade ao texto “Um Pedaço da Ponte” leia a seguir: 

Centésima oitava estória do delegado Furrilha, do quitandeiro Nonato e do Ribinha afilhado

– O sinhô já sôbe, meu padrim!?

– Se você me contar!…

– O delegado Furrilha cabou de matar um sujeito na Trizidela.

– Quem foi o infeliz?

– Um tal de Binidito.  Acho que é o Biné Caruaru, aquele que Florentino falou que foi um dos cabra que matou o Justino, em Imperatriz, há uns dois ano.

– Foi caso de policia?l Ordem de prisão?!  Briga de boteco?! Bebedeira!?…

– Num sei não, sinhô, Antuninho tava dizendo que foi pro mode que o tal de Biné Caruaru andou batendo na mulher e a viatura da delegacia ia passando, e aí foi os diabo.

-Apanhe o burro do Ovídio, lá no quintal, e vá se informar de tudo.  Não demora a vir me contar tíntim por tintím.

Ribinha nem suspirou; pulou a cerca e foi pegando o burro do tal Ovídío e seguindo pros lados da Trizidela.

Uma hora depois, espumavam ele e o burro na estrada, já de volta para contar a “seu” Nonato o que ocorrera.

– Meu padrim, nem queira o sinhô saber…

– Fala, homem de Deus, o que houve?

– O tal de Biné levou dois tiro; um pegou nos peito, bem aqui no lado esquerdo e outro foi na coxa…

– Mas por quê?  Foi mesmo por que ele estava batendo na mulher?

– Foi pió.  O dito Binidito matou a esposa.  Dizendo o Quinca Montero, ele tinha bebido muito, “como sempre”, e chegou em casa e a mulé não tava, tava na casa da vizinha, nisso ele foi buscar ela lá, de baixo de bolacha.  E a finada, coitada, foi chorando e correndo, chorando e correndo.  Chegando em casa, ele queria comer, e gritava com ela e batia nela, os fio tentaram se meter, também levaram o que lhes era de direito.  Até que uma hora ela pegou uma pexera e rumou pru Biná, e ele não se intimidou e rumou pra ela.

– E aí?  Conta, conta…

– Ela deu uma pexerada nele na altura do braço, mas quando ela viu o mel escorrendo, largou a faca pexera e deu nos pé.  E ele se botou atrás, mas ao passar pelo terreiro, passou a mão no machado de cortar lenha pro fomo de farinha e foi atrás da coitada.  Dizendo a Mariquinha Beata, eles levaram uma vida num corre pra lá e pra cá, até que numa determinada hora, aí, então…

– Fala, homem.  Quer me matar?  Vamos, conta o que houve.

– Ele aprumou o machado numa tacada segura e firme no meio das costas da disinfeliz, mas mesmo assim ela ainda deu dois passos, e ele deu outra machadada, pegando agora no pescoço da mulé, e o bicho rolou a ladeira da Consumação.  Nessa hora o delegado ia passando e ainda viu o Biné dá mais três machadadas no corpo caído no chão.

– O Furrilha prendeu o bandido?

– Nem tentou, quase.  Mandou ele levantar as mão, mas ele não ia fazer isso nunca, foi aí que o Bíné rumou pra cima do delegado armado de machado.  O delegado mandou dois balaço no desgraçado do assassino.

-É!… Uma hora dessas devem os dois, tanto o defunto quanto a defunta, estar na porta do inferno, esperando o delegado, eu e você chegarmos lá, para que possam ter vistas com o Demônio chefe.  Já chega de conversa, vai pegar no batente que…

…Que a vida ia continuar, fosse na Trizidela ou na sede. Fosse para o delegado, para ou “seu” Nonato ou para o Ribinha.

Mas o Biné Caruaru e sua mulher saíam da vida para entrar nessa estória que é tão importante quanto a história dos Binés e das esposas apanhadas e mortas dos meus interiores.  Dos nossos interiores.

O delegado voltou para a sua ronda.

Ribínha levou o burro do Ovídio para o cerrado.

“Seu” Nonato continuou a filosofar atrás do balcão de sua venda, vendendo e olhando a vida passar.

Ultrassonografia

Muitas pessoas ficaram curiosas e algumas até me pediram que lhes enviasse o poema citado em meu texto do domingo, 05 de julho, onde uso a expressão “angustia do pronto”, por isso publico hoje o referido poema. Espero que gostem.

O feto é fato fito

é fato

   fito

a foto do

   fruto.

Angústia do pronto.

Muito Obrigado!

Na quinta-feira, 2 de julho, recebi na casa de minha mãe, a visita de meu querido amigo Lino Moreira, presidente da Academia Maranhense de Letras, que juntamente com vários outros amigos acadêmicos lá estiveram para cumprir a formalidade de comunicar o resultado da eleição para a Academia Maranhense de Letras.

Uma semana antes, havia sido a vez de anunciarem resultado da eleição para a cadeira de número 40, que fora ocupada pelo pintor Antônio Almeida e para a qual foi eleito meu amigo Ney Bello Filho. Desta vez, em disputa estava a cadeira número 37 que pertenceu anteriormente a José Nascimento Morais Filho e para a qual, 35 dos 38 acadêmicos votantes, optaram por mim, para ocupá-la a partir de agora.

Poucas vezes em minha vida me senti tão honrado e tão realizado. Poucas vezes me senti tão orgulhoso e tão completo. Em compensação, poucas vezes na vida senti o imenso peso da responsabilidade, poucas vezes senti aquilo que certa vez, em um poema, chamei de “angústia do pronto”. A mesma coisa que sentimos ao ver um filho que acabou de nascer, aquilo que deve ter sentido Miguelangelo ao terminar o seu “Moises”, o que certamente sentiu Camões ao colocar o ponto final em “Os Lusíadas”, aquilo que costumamos sentir quando acabamos uma tarefa para a qual nos dedicamos imensamente.

Durante toda a minha vida tenho procurado trilhar caminhos que me levem a merecer o respeito das pessoas. A eleição para a Academia Maranhense de Letras foi um desses importantes degraus nesta caminhada, fato tão importante que permite citar aqui outros passos decisivos desta jornada, como ter tido a sorte de nascer em uma família maravilhosa que me proporcionou uma boa educação e uma sólida formação de caráter embasado em valiosos códigos de moral e de ética; sempre cultivei amizades verdadeiras, de amigos que estejam conosco mesmo quando estejamos distantes; formar-me advogado foi importante; fazer a revista Guarnicê, ao mesmo tempo em que “cometia” alguns contos, poemas e crônicas; eleger-me deputado estadual aos 22 anos e quatro anos depois ter sido deputado federal constituinte, tempo que usei, acima de tudo, para aprender muito sobre política e sobre as pessoas; ser pai de Laila que é filha de Ivana e ganhar de quebra Avana e Ananda; ter podido ajudar meu pai a se realizar política e empresarialmente; ter consolidado nossas empresas; ter voltado para a política quando todos achavam que sem meu pai para me apoiar eu nada conseguiria; manter-me coerente, dentro daquilo que eu acredito que seja o certo; ter idealizado a Fundação Nagib Haickel e o Museu da Memória Audiovisual do Maranhão e vê-los dar os primeiros passos rumo ao sucesso; ter sido eleito para a Academia Imperatrizense de Letras; ter realizado o filme “Pelo Ouvido” e poder sentir o reconhecimento das pessoas consubstanciado nos vários prêmios que ele ganhou; ter tido a sorte de encontrar em Jacira um amor verdadeiro e maduro, antes de ultrapassar a marca do meio centenário. Isso tudo me proporciona a possibilidade de respirar fundo e permite que eu possa olhar para trás e ver que há muito, muito, muito mais coisas boas que coisas ruins neste meu trajeto.

Por um instante, no momento em que tive certeza que eu havia sido eleito para a Academia Maranhense de Letras, todas essas coisas me passaram pela cabeça. Isso e muito mais.

Os flashbacks zuniam em minha cabeça, da mesma forma que sobre meus ombros recaia o peso do mundo. Minha mente me dizia e me perguntava mil coisas: E agora Joaquim!?… Você tem que se mostrar capaz de vencer os novos desafios que se apresentarão. Para onde ir e o que fazer depois disso? Você passará a ser cada vez mais cobrado e exigido. Não se esqueça jamais dos bons ensinamentos de seus mestres. E meu pai falou baixinho, ao meu ouvido, uma de suas frases favoritas, “O difícil se faz logo, o impossível demora um pouco mais”.

Depois de comunicado oficialmente que havia sido eleito para ocupar a cadeira 37 da Academia Maranhense de Letras, patroneada por Inácio Xavier de Carvalho, fundada por Ribamar Pereira e ocupada sucessivamente por Luiz Viana, Amaral Raposo e Nascimento Morais, só me restava fazer um agradecimento formal aos membros da maior casa de cultura de nosso estado, ali presentes. Agradeci pela grande honra de me aceitarem como um seu igual. Disse-lhes que espero aprender em seu convívio o suficiente para equalizar o desnível que certamente há entre mim e tão grandes homens de reconhecido saber literário e humanístico. Disse-lhes que me esforçarei ao máximo para compensar, com dedicação e empenho, qualquer deficiência que a minha pouca experiência e o meu modesto preparo possam acarretar. Infelizmente me esqueci de agradecer a eles por terem proporcionado a minha mãe a possibilidade ver realizar-se a profecia que um dia fizera seu bom amigo, o também imortal da AML, João Mohana, que lhe dizia sempre que o futuro de primogênito estava definitivamente ligado à literatura e às artes e que um dia ele chegaria à academia.

Dito tudo isso, só me restava dizer a eles o que digo agora, de público, a muitas outras pessoas, que direta ou indiretamente me ajudaram a chegar até aqui. Muito obrigado! Muito obrigado, de todo coração.  

PS: Joaquim Nagib Haickel que já era membro da Academia Imperatrizense de Letras, acaba de ser eleito para Academia Maranhense de Letras e por enquanto continua Deputado Estadual.

Visão francesa

Sempre achei que “Pelo Ouvido” fosse um filme mais ao gosto dos latinos sensíveis. Pensei que principalmente os franceses, mas também os italianos, os espanhóis e os portugueses, além de nós brasileiros iriam adorar um filme como aquele. Nunca pensei que fossem exatamente os americanos os que mais se encantariam com o filme selecionando-o para mais 30 festivais, contra 8 na Espanha, 3 na frança, nenhum na Itália, nenhum em Portugal e mais de 30 no Brasil, sem contar Cuba, Colômbia, Peru…

Sempre tive curiosidade de saber o que os franceses pensam do filme e pude constatar isso algumas vezes, conversando em alguns festivais com críticos, jornalistas, cineastas, produtores, diretores e atores franceses e o filme sempre teve uma ótima receptividade entre eles.

No encerramento do Guarnicê fui apresentado por alguns amigos a uma simpática francesa de nome Géraldine que já mora em nossa cidade há quase dois anos e leciona no Centro international de Idiomas e Intercambios (CII). Pedi a ela que colocasse no papel suas opiniões, seus sentimentos a respeito do filme e me mandasse por e-mail. Para minha surpresa ela Escreveu e mandou. É isso que postarei hoje aqui pra vocês.         
 

Meu olhar sobre Pelo Ouvido 

Por Géraldine GAUTHIER.
 
Visceral, doce e incrivelmente poético: Três palavras que evocam minhas primeiras impressões sobre o trabalho sensível do Diretor de Cinema Joaquim Haickel.
 
Sendo francesa tive o reflexo imediato (ou saudoso?) de encontrar semelhanças com meu universo cultural – tanto cinematográfico como pessoal. Relembrei logo do famoso Claude Lelouch cujo assunto predileto é o homem e a mulher, a maneira simples e real como ele pinta o universo intimista das relações amorosas. Pelo Ouvido desenha na tela, o movimento poético do corpo feminino e de suas necessidades. Amor doce e forte: ele vive silencioso e ela sim vive vendo e ouvindo… Para que a cada passo desejoso e toques intensos possam se declarar ainda, e para que em cada gesto e silêncios se apaixonem mais. O desejo sexual e amoroso está lindamente sugerido pelas esculturas esboçadas por ele (entendo aqui uma referencia à escultora Camille Claudel), a importância das mãos e do olhar pelos dedos. As entregas eróticas dela nunca deixam seu amado à la dérive. Para mim, Pelo Ouvido é uma escultura, com feições de uma mulher afirmada e doadora. Pelo Ouvido é também uma proposta, de como dominar e desafiar o que é irreversível? Enfim, ele tem o cheiro das palavras graves, viscerais e realistas do nosso querido poeta Maranhense Nauro Machado. Obrigada ao diretor Joaquim Haickel por seu olhar sensual, por seu gesto suave e forte de escrever a mulher como ela é.

Um pedaço da Ponte – Parte I

Vou inaugurar uma nova fase de postagem nesse blog. Já que com a mudança editorial do Jornal  O Estado do Maranhão, passei a escrever naquele matutino apenas quinzenalmente, na semana que eu não publicar naquele veículo, publicarei aqui contos, crônicas e poemas publicados em meus livros ou de algum amigo. 
 
Começo hoje com o prefácio que meu querido companheiro de Assembléia Nacional Constituinte, Artur da Távola, fez para meu livro “A Ponte”, editado pela Global Editora em 1991.
 
Em seguida lhes ofereço um pouco do “Engenho Central, Pindaré”, feito com a inestimável colaboração da maravilhosa memória e da imensa sensibilidade de minha tia Josefina.
 
FACÚNDIA
 
Joaquim Haickel é um facundo.  Na vida como na literatura.  Raros escritores são, na arte, o que na vida são.  E sua facúndia existencial estende-se para a literatura. É um célere, um devorador.  Afoito, prefere as pedras preciosas in natura.  Seu afã é descobri-Ias, jamais o paciente ato de as lapidar.  A mistura de velho árabe sábio com garoto levado que lhe marca a tipologia e o temperamento aparece nos contos.  Ora, a surpreendente inversão e economia dos contos “Agenda”, “Ambulante”,” Padre Nosso” e ” Geladeira”, ora o vezo regional de maranhense empedernido dos contos “As Moças do Curralzinho e os Rapazes do Pau Furado” ou o flagrante da Coluna Prestes pelo interior de seu estado, ou ainda o seu intenso e belo conto “Engenho Central, Pindaré”.

Não importa que o facundo Joaquim salte da cidade de Imperatriz, no Maranhão, para qualquer sartreana angústia existencial ou para o erotismo sadio que o atormenta tanto na vida pessoal quanto na literatura. Assim são os facundos: generosos, dispersivos, estróinas do talento. O mesmo Joaquim Haickel que pode ser visto jogando de cortador e saltando alto com seus 110 kg no voleibol ou viajando para aprofundar-se na cultura chinesa, por certo sentado ao lado da mais bonita morena presente no avião; o mesmo Joaquim Haickel que pode ser visto a trabalho sério como deputado federal ou ouvido na estrepitosa gargalhada de que são pródigos os felizes e saudáveis, pode ser encontrado, também, na ternura simples por personagens femininos que inventa e pressente como a comovente ” Clara Cor-de-Rosa’ ou a visão trágipatética de Francimar o menino que era menina por vontade da mãe.

Joaquim Haickel é, pois, um facundo.  Sua literatura imita-lhe a vida.  E sua vida (ah! que alívio) é venturosa.  Sim, enfim, senhores, eis que surgiu alguém naturalmente feliz e que do fundo da alegria de viver é capaz de encontrar a tragicidade, o espanto, a parada sensível.  E assim como atira-se a viver, sem tréguas, lamúrias ou timidez, vai criando e devorando vivências e personagens com apetite invejável.  Invejável, sim.  Nós outros, temerosos, prudentes, ora ficamos com raiva do desperdício à espera de que ele amadureça os temas e trabalhe os textos, o teor das histórias, a sua ideologia e rigor temático, ora ficamos é mesmo com inveja de tanta seiva, riqueza e talento, o que o leva, pródigo mas feliz, ao desperdício de quem nasceu forte, alegre, e concebe a vida como deliciosa aventura e, não, como penosa tarefa a enfrentar.
 
Artur da Távola 

Engenho Central, Pindaré

Sei, por sua mãe, que você é curioso quanto às velhas histórias do Pindaré, berço de seu pai.  E agora que voltei, estou mandando para sua apreciação as reminiscências de um passado.

O que mais me admirou foi o aumento da população, o muito de desconhecidos que tomaram conta da terra, já que nós, os filhos do lugar, processamos em estranhas plagas arriar ferro.

E quedeí-me a pensar naquela manhã em que meu avô, imigrante libanês, chegou num velho gaiola que fazia a carreira do rio Pindaré.  Chegou, descarregou as malas, e ali mesmo, no pátio da fábrica de açúcar – que naquele tempo era a maior riqueza do Maranhão – foi abrindo as malas e vendendo à prestação para os operários, as roupas de carregação e as bugigangas de que se munira no comércio de São Luís.

Era o ano de 1909.  Por esse tempo, o Município de Engenho Central, hoje Pindaré, constava de três ruas, com casas bem distantes umas das outras.  As casas das três ruas foram se aconchegando mais.

Foi ali que nasci e cresci.  Bons tempos aqueles em que todos se conheciam, e a gente sabia tudo um da vida do outro.  Sabia-se, por exemplo, quanto vendera a loja do Dr. Mamede ou o que se almoçava em casa do Dr. Florindo; e, quando os pais surravam os filhos, se ouviam de longe os gritos e a taca comendo no lombo e pernas dos garotos que não obedeciam, respeitavam ou temiam os mais idosos. E os passantes ainda gritavam num apoio irrestrito aos pais que corrigiam os filhos: ‘-‘Bate, que perdida é a que bater no chão”” ‘ Uma execução em regra para crescerem disciplinados e educados.  Assim conversavam entre si os nossos pais.

As mulheres da vida eram poucas, pela manhã os interessados cochichavam com quem dormira a Elpidia e a Florentina.  Bons tempos!  Na venda do Dico Coelho era a reunião diária, à boca da noite, do pessoal de segunda, para um dedo de prosa e um ou outro gole de cachaça.  E quando estava lá o Alexandre, o riso era ouvido com mais freqüência. Ele gostava de contar anedotas e lembro-me ainda de sua mão grossa de vaqueiro espalmada mostrando-me nos dedos o passar dos anos e o murchar do sexo dos homens. Mostrando o polegar, ele dizia, olha vinte, no indicador, olha trinta, no médio, olha quarenta, no anular, olha cinqüenta e, com o mínimo, bem aberto, e apontando para baixo, olha sessenta.Todos ríamos, porque aquela era a verdade que todos esperavam com o passar dos anos.

Na farmácia de Tunico Melo se reunia o pessoal de primeira, e como a família morasse na mesma casa, as moças casadoiras iam até lá e ficavam na sala de visita, enquanto nós, os rapazes, ficávamos na calçada olhando de quando em vez pela janela aberta.

Quando havia alguma festa de aniversário, o chocolate com bolo de roda, broa ou manuê era uma verdadeira delícia!  E era também uma boa ocasião para brincadeira de prendas ou cantoras acompanhadas por violão.

Aos domingos, o terço rezado na capela por “Seu Mano” era um pretexto para os vestidos novos das moças e a pintura no rosto que só nos domingos podiam usar.

Missa só duas vezes por ano: no tempo do Natal e em junho, na festa do padroeiro, com procissão, ladainhas, foguetes, sinos, orquestra (vinda de outra cidade) e tabuleiro de doce.  O luar iluminando o largo da capela e roupa nova para o baile.
Padre Hellíerd era o vigário da região que vinha desde Vitória do Mearim até Boa Vista por esse mundão de matos por povoar.

Certa vez, depois de dizer missa em Plndaré, seguiram viagem para Monção e Boa Vista.  Era costume alguns senhores da região viajarem com o padre de um a outro lugar, todos montados em gordos burros de selas com coloridos coxinilhos, arreios enfeitados de moedas de prata e os pás enfiados em caçambas de bom metal

Pois bem, certa vez seguiram com o padre alguns senhores de Pindaré e, entre eles, Chico Pinto, coronel das terras de Mato-dos-Boís.  Lá pras tantas, já anoitecendo, o guia, contrafeito, avisou ao padre que havia perdido o roteiro. Estavam perdidos na mata.  Casas eram difíceis de encontrar numa região que não as tinha.  Todos ficaram apreensivos, e o padre acabou dando esta opinião: “Já que estamos perdidos, soltemos as rédeas aos animais e deixemos que eles nos levem a algum lugar”

Chico Pinto pulou do burro e, soltando uma palmada na sela, berrou no silêncio da mata: “”Forte miséria, padre”. “O que foi, Chico?” perguntou o padre, alarmado.

– Forte miséria, você passar 11 anos no seminário e hoje deixar-se levar pela cabeça de um burro!

Os gaiolas iam de mês a mês, e a civilização nos chegava atrasada e em conta-gotas.  Líamos jornais com trinta dias de atraso!

E, quando outra noite, um avião perdido nas rotas aéreas roncou nos céus da minha terra, a mulher do Chico Esfola Bode, que há muito vinha traindo o marido, jogou-se aos pés do pobre como e confessou seu erro.  Quando ficou constatado que não era um pedaço do céu que vinha se quebrando, houve tabefes e facadas.

O primeiro rádio chegou!Levado por seu Chibinho Rabelo.  Duvido muito que qualquer outro acontecimento neste vasto País tenha barateando e marcado uma população por quanto nos barateou.  Marcou época porque, por mais de cinco anos, foi o único rádio do lugar.  E nesses cinco anos a gente contava as coisas e dizia: foi antes do rádio chegar, foi no ano que o rádio chegou, foi depois Je chegada do rádio.

E o rádio avisou até a morte da mãe de “‘Leite (2uente”‘, um preto que nasceu no ano da liberdade.  Um dia em que ele passava pela casa dos Rabelo, ouviu o rádio dizer.  “,Só Leite, ta mãe morreu” E ele contava: “quando uvi o bicho dizê eu taquê pé, taquê pé e cheguei lá a véia tava dura”

Minha tia Alzira e dona Jerusa eram as professoras do Pindaré e procuravam explicar da melhor maneira o que e como era o rádio.  Mas não dava para entender e muito menos acreditar.  Era mais compreensível acreditar num homenzinho de voz possante que se alimentava com coisas estranhas saídas de bateria.  E quando as baterias, certa vez, enfraqueceram, o rádio ficou mudo; teve quem levasse ovos e leite para “alimentar” o enfraquecido homenzinho.  Era assim o Pindaré.

E agora, eis-me aqui, no pátio da bonita casa de meu irmão, há relembrar aqueles tempos.  Não, não vou dizer que no meu tempo era melhor.  Os muitos anos, as desilusões e as tristezas que por mim passaram e me fizeram de vista curta é que me impedem de apreciar a beleza de que a atual geração é privilegiada.  Ainda há fome.

É noite de luar, e eu acabo de ver que é a mesma lua e a mesma brisa, o mesmo céu e o mesmo Deus de minha geração.  E isto é um conforto.
 

Dedico este conto a minha querida e saudosa tia Josefina,
mulher à frente de seu tempo.

Assembleia Legislativa entrega prêmios no Festival Guarnicê de Cinema de 2009

Dedos extraídos das matérias de autoria de
Ellen Serra e Viviane Menezes da agência Assembléia.

O deputado Joaquim Haickel (PMDB) comentou, nesta quarta-feira, 24, o êxito do 32º Festival Guarnicê de Cinema (2009) e afirmou que o Parlamento maranhense estabeleceu um marco na existência do evento ao criar o “Prêmio Cinematográfico Assembleia Legislativa”.

Na tribuna, Joaquim Haickel compartilhou com todos os deputados a homenagem que recebeu durante a festa de encerramento do festival, realizada no Teatro Odylo Costa Filho, no último domingo, 21.

O evento, realizado anualmente pelo Departamento de Assuntos Culturais (DAC) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), aconteceu no Teatro Odylo Costa Filho e reuniu diversos atores, produtores e diretores do cenário cinematográfico nacional.

Presente há 32 anos no panorama cultural, o festival já se tornou um referencial do meio. O objetivo, segundo Euclides Moreira (secretaria de Cultura), é revelar talentos, formar platéia e divulgar os vários dispositivos audiovisuais brasileiros.
“É uma espécie de oásis cultural, responsável por uma formação de cultura cinematográfica nacional”, observou Alberto Dantas, diretor do DAC, que agradeceu o empenho do deputado Joaquim Haickel junto ao governo do estado do Maranhão, mais especificamente às secretarias de Cultura e Planejamento, dirigidas por Luis Bulcão e Gastão Vieira.

Os prêmios instituídos pelo poder Legislativo, através de um projeto de lei de autoria do deputado Joaquim Haickel, gratificam trabalhos audiovisuais em curta-metragem, realizados no Maranhão ou sobre o nosso Estado e por maranhenses. “São uma demonstração de que a Assembleia Legislativa também se preocupa com o universo cultural”.
O vencedor de cada categoria recebe do Legislativo Estadual um prêmio no valor de dez salários mínimos. Na noite de ontem, JR Balbi recebeu o prêmio “Deputado Bernardo Almeida” pelo melhor vídeo digital “Bicho do Pé”. Já o cineasta Francisco Colombo faturou o prêmio “Deputado Erasmo Dias” com o filme “Reverso”.

O prêmio “Deputado Mauro Bezerra” que recompensaria o melhor na categoria documentário, foi dividido entre os dois documentários maranhense desta edição do Guarnicê, “Levo de Alcântara” de José Patrício Neto e Terence Kelleer e “Impressions” de Breno Ferreira.

Quem também marcou presença no evento foi o deputado federal Ribamar Alves (PSB). Ele é autor de uma Emenda que visa à construção do Museu de Memória Audiovisual do Maranhão. “São R$ 900 mil destinados a instalação desse Museu, que na verdade, constituirá o embrião do cinema maranhense, Onde os cineastas poderão desenvolver seus projetos”, afirmou Joaquim.

Segundo Haickel, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional investirá, nos próximos meses, R$ 2,15 milhões na construção do museu. Além dos R$ 900 mil da iniciativa de Ribamar Alves, também destinaram emendas com idêntico propósito os deputados federais: Pedro Novais (R$ 250 mil), Sétimo Waquim (R$ 200 mil), Gastão Vieira (R$ 100 mil), Carlos Brandão (R$ 50 mil) e Cléber Verde (R$ 50 mil). O senador Epitácio Cafeteira também se juntou à causa e apresentou emenda no valor de R$ 600 mil.

HOMENAGEM

O deputado Joaquim Haickel, também, foi homenageado durante o encerramento do Festival Guarnicê de Cinema, com a exibição do filme “Pelo Ouvido” que completa um ano este mês. Foi a primeira vez que o curta foi, oficialmente, apresentado em película no país.

Com 17 minutos de duração, o filme baseado num conto, também chamado Pelo Ouvido e de autoria de Joaquim, é considerado o de maior repercussão até hoje, sendo exibido em mais de cem festivais no Brasil e no exterior e obtendo mais de 11 prêmios.

Sua maior alegria foi ter recebido os primeiros prêmios de “Pelo Ouvido” no Maranhão: o de melhor atriz e de melhor filme pelo júri popular. Ele agradeceu a todos e disse que tudo que ele faz é por amor.

“Tudo que tenho feito pelo cinema do Maranhão não precisa de agradecimento, tudo que faço, faço pensando em mim também. Faço porque amo e porque acredito no amadurecimento dos cineastas maranhenses”, finalizou Joaquim.

Amizade e Respeito

Esta semana mais uma vez me questionei sobre qual seria, dentre todos, o sentimento mais importante e acabei esbarrando no grande poeta Vinícius de Moraes que dizia, causando polêmica, que a amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, pois ela permite que o seu instrumento, o amigo, e o seu objeto, a amizade, sejam divididos com outras pessoas e com outros afetos. O amor, por sua vez traz em si, a posse e o ciúme, coisas que não admitem a menor divisão ou rivalidade. A amizade é um sentimento coletivo, plural e o amor é individual, singular.

Algumas vezes, nós nem procuramos alguns de nossos amigos, mas basta sabermos que eles existem e esta mera condição nos encoraja a seguir em frente pela vida. Por isso, mesmo sem que eles saibam, devemos rezar por eles, e é nessa hora que de certa forma me envergonho, porque essa minha prece é em síntese, dirigida não apenas ao bem-estar de meus amigos, mas ao meu bem próprio estar pessoal.

Se há uma coisa que me consome é o fato de que o movimento da roda da vida muitas vezes não me permite que eu tenha ao meu lado, andando comigo, convivendo comigo, alguns de meus melhores amigos, ou mesmo alguns daqueles que não são nem assim tão grandes amigos, mas que se tornam bons companheiros de jornada. Volto a Vinícius só para constatar que é verdade que a gente não faz amigos, apenas os reconhece.

Há no entanto em minha opinião outro sentimento tão importante e nobre quanto o amor ou a amizade. O respeito. O respeito pelo próximo, pelo outro. O respeito por nós mesmos. Ter respeito é fundamental para que sejamos respeitados. Respeitados pelas pessoas mais idosas e vividas e pelas crianças com sua desconcertante sabedoria. É! As crianças também possuem uma grande sabedoria. O respeito é um sentimento que tem que estar inserido em todos os outros sentimentos.

É muito importante que sejamos respeitados pelos nossos amigos assim como pelos nossos “inimigos” também! O respeito mais importante talvez seja exatamente o respeito que temos pelas pessoas de quem discordamos, pessoas que por uma razão ou por outra, não comunguem das mesmas idéias que nós. O respeito deles para conosco, é a maior honraria que se pode almejar. O cumprimento sincero de um adversário leal e correto após uma peleja, seja ela no esporte, na política ou na vida, é um dos maiores prazeres e uma das maiores realizações que eu já experimentei.

“Josué Montello, o nosso grande romancista de Os Tambores de São Luís, o ensaísta, o crítico literário e o memorialista, escreveu um volume de 400 páginas sobre Os inimigos de Machado de Assis. É um livro-documentário, sem qualquer objetivo de defender Machado ou de fazer retaliações a seus ferozes detratores, é uma dedicada pesquisa que mostra que, tanto na literatura quanto na política ou na vida, ninguém escapa de ter adversários, críticos ou desafetos”.

“A máxima de Nelson Rodrigues que diz que toda unanimidade é burra, não encontra guarida apenas na política, mas também na literatura. Goethe foi chamado de asno por Paul Claudel, André Gide rejeitou a obra de Proust, Sartre contestou os méritos de François Mauriac e Fialho de Almeida criticou violentamente Os Maias, de Eça de Queiroz”.

Portanto, não há bom escritor que não tenha sido arrasado em alto e bom som. Muito menos há um político que tenha escapado dessa sina.

“No Brasil, não poderia ser diferente. Aclamado por críticos do naipe de Alfredo Bosi, Antônio Candido, José Aderaldo Castelo, Eugênio Gomes, Raimundo Magalhães Jr., Lúcia Miguel Pereira, Dirce Côrtes Riedel e Roberto Schwarz, Machado de Assis teve seus detratores e desafetos. Enumerá-los foi o desafio de Josué naquele brilhantemente livro”.

Outro importante intelectual, Antônio Cândido, dizia que por mais pobre que seja nossa literatura, devemos amá-la incondicionalmente, porque ela é a materialização de nossa expressão. Vale então acatar a sugestão de Montello que nos sugere o mandamento de amar ao nosso inimigo. Talvez assim consigamos ser dignos de pelo menos uma nota no rodapé da história.

Dito tudo isso, gostaria de finalizar dizendo que quem quiser discordar de Zé Sarney que discorde. Discordar é salutar e há muito no que se discordar em um homem que tem mais de 50 anos de vida pública, que foi deputado, governador, senador inúmeras vezes e presidente da República.

Discordem dele, mas o respeitem. Se não o fizerem pelo muito que ele fez pelo Maranhão e pelo Brasil, que o respeitem pelo grande estadista que ele foi justamente quando mais precisávamos de um para nos guiar em uma travessia segura para um regime democrático, que nos garantisse o sagrado patrimônio que temos hoje, essa jovem mas sólida democracia da qual desfrutamos e que nos garante o direito de discordar pública e abertamente de quem quisermos, até mesmo dos presidentes dos três poderes constituídos.

PS: Lanço mão de importantes autores, como Vinicius de Moraes, Nelson Rodrigues, Josué Montello, Antonio Candido, Oscar D’Ambrósio e Ivan Andrade para exemplificar o que ocorre em relação a um sentimento às vezes pouco valorizado: O respeito.

CARRARA

Quando se tira
mais do que se põe
o poema vira escultura.

Nunca é demais.

Texto republicado a pedidos.  
 
Sou cristão, mas meu cristo é um pouco diferente do cristo de outras pessoas. Olha, como estas coisas são difíceis de explicar, até mesmo para alguém que como eu, procuro me aprofundar nestes assuntos. Na verdade nem sou cristão. Sou Jesuítico! Cristão é quem acredita num cristo, num messias, num salvador.

Eu acredito nos ensinamentos de um Jesus histórico, um hebreu da Galiléia, criado sob os fundamentos das leis e da religião judaica, nos tempos do imperador Tibério. Um Jesus que a seu modo, se rebelou contra as duas esferas de dominação que oprimiam sua terra e seu povo em seu tempo. Rebelou-se contra o sistema religioso imposto pelos sacerdotes do templo de Jerusalém, que controlavam a vida de todos os hebreus, e contra o poder administrativo e militar que mantinha tais sacerdotes no topo da vida social e religiosa da Judéia: O império romano.

Sigo os ensinamentos de um Jesus geográfico que nasceu em Belém, que viveu em Nazaré, Qumram e Cafarnaum, que fugiu com os pais para o Egito, que dos doze aos trinta anos não se sabe ao certo seu paradeiro e que aos 33 anos morreu em Jerusalém. Um Jesus humano que morreu mesmo, e para mim o que menos importa é se ressuscitou.

Acredito em um Jesus que antes de ser filho de Deus, foi filho de Maria e enteado de José, um bondoso carpinteiro descendente do rei Davi, que o criou com amor e deu-lhe o que um filho mais precisa de um pai. O exemplo.

Entre os dois Jesus, um divino salvador e o outro um simples ser humano, optei em seguir o segundo, pois preciso muito mais de um amigo, de um companheiro de viagem que me mostre o caminho e me sirva de guia, que de um messias libertador.

O Jesus de Bento XVI, de padre Antonio e de minha mãe, o Jesus de meu irmão e de meus amigos evangélicos, não é melhor nem pior que o meu, até porque os dois são a mesma pessoa, apenas é visto de forma diferente.

Minha posição não é religiosa. Sou meio avesso às religiões porque na grande maioria das vezes elas são intolerantes, intransigentes, preconceituosas, inclementes e radicais. Fazem mais política que qualquer outra coisa.

Vejo as religiões como vejo os partidos políticos, cujo objetivo maior é alcançar o poder, que no caso delas é Deus. No meu entendimento Deus, por ser de todos nós, não é propriedade nem privilégio de um determinado grupo. Ele esta aberto a quem o busque através dos ensinamentos que seus profetas espalharam pelo mundo e que os discípulos destes propagaram e continuam propagando: o amor ao próximo, a bondade, o perdão, a tolerância, o respeito ao ser humano e à natureza…

Conhecedor das doutrinas que levam ao Deus único e misericordioso, ao pai de compreensão e de bondade, por que seguir o modelo de Jesus e não o de Salomão, que veio antes dele, ou o de Maomé, que veio depois?

É uma mera questão cultural. Se tivesse nascido em uma família judaica ou em um clã muçulmano, teria a religião que me fosse ensinada por meus pais e adotaria os códigos de moral  de meu grupo social.

Sendo eu proveniente de uma família cristã e tendo sido criado numa sociedade ocidental, me identifico mais com a forma de pensar própria desta cultura e construi meus códigos de moral e de ética baseado nela.

Desde cedo vi que, excetuando-se o ambiente sócio-cultural em que se nasce e no qual se cresce, sejamos judeus, cristãos ou mulçumanos, todos nós buscamos os mesmos objetivos, almejamos as mesmas coisas, lutamos pelas mesmas idéias, tanto como indivíduos quanto como sociedade.

Não comungo com alguns dogmas das religiões estabelecidas por outros seguidores de Jesus. Isto é uma questão de fé e como tal acho que deve permanecer no âmbito da crença pessoal de cada um, até porque para mim importa muito mais o que disse Jesus no sermão da montanha ou o que ele quis dizer com a parábola do bom samaritano do que se Maria concebeu realmente do espírito santo.

Para mim pouco importa se Jesus ressuscitou Lázaro, se Moisés fez abrir o mar vermelho ou se Maomé subiu ao céu em uma escada de ouro. Para mim o que mais vale é o que ensinaram estes homens. Moisés ensinou o valor da liberdade, do indivíduo e da nação. Jesus mostrou a importância de amarmos aos outros como amamos a nós mesmos. Maomé fez ver que não deve haver qualquer distinção entre as pessoas.

Como acredito que os ensinamentos desses mestres buscam nos mostrar um caminho para alcançarmos uma vida melhor, mais cheia de coisas boas, de sentimentos nobres e ações corretas, é que me coloco como seguidor de um deles, sem jamais me opor, seja por preconceito ou por intolerância, às outras formas de pensamento.

É fato que pensamos e agimos de formas diferentes, mas acredito buscamos as mesmas coisas: O bem do individuo e da coletividade. Por isso acho que devamos ter a consciência histórica de nossas circunstâncias e de suas conseqüências.
Amém!

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

Busca

E-mail

No Twitter

Posts recentes

Comentários

Arquivos

Arquivos

Categorias

Mais Blogs

Rolar para cima