Visões jornalísticas de um discurso

Abaixo reproduzo dois textos extraídos do site da Assembleia Legislativa do Maranhão.

Os textos dizem respeito ao mesmo fato, um discurso do Deputado Marcelo Tavares onde ele tenta se defender das contra do Deputado Carlos Alberto Milhomem, que por sua vez respondia ao Deputado Edivaldo Holanda.

Marcelo evoca o artigo escrito por mim e publicado no JEM e aqui neste Blog no último domingo, e finalmente a minha fala ao final da sessão, tentando colocar as coisas em seus devidos lugares- coisa difícil.

Vejam como o fato é abordado de formas tão diferentes pelos jornalistas que relatam o referido fato e suas conseqüências e tire suas conclusões.

Marcelo Tavares comenta artigo de Haickel endereçado a Roseana Sarney

Lenno Edroaldo
Agência Assembleia 

O presidente Marcelo Tavares (PSB) fez uma análise sobre o artigo “Minha caríssima amiga Roseana”, escrito pelo deputado Joaquim Nagib Haickel (PMDB) e publicado no último domingo pelo jornal “O Estado do Maranhão”, onde o parlamentar alerta a governadora sobre o clima político existente em vários municípios.

Tavares destacou a suposta iniciativa de seu colega de plenário em fazer uma crítica saudável ao governo e sobre a atuação de alguns secretários de estado. “O deputado Joaquim escreveu que ‘nunca tinha perdido aliados, mas que agora está perdendo’, e esses aliados não devem ter sido trocados por causa de samba e futebol, deve ter sido pelas mutretas, deputado Carlos Alberto Milhomem, e mutreta deve ser farra de convênio”.

Mais adiante, Marcelo Tavares citou o trecho do artigo em que Haickel disse estar perdendo aliados. “O decisivo motivo que fez com que ele escrevesse essa carta foi o absurdo de ele ter perdido uma amiga de Orkut. Diz ele que ‘essa amiga, pelo simples fato de eu ter ligado para a mãe que vota comigo há 12 anos e ter comentado que haviam me dito que estaria pedindo votos para outro deputado, candidato, e ela me respondeu que estava fazendo isso, porque este havia lhe dado um cargo comissionado no governo, fiquei atônito’. Estão trocando cargo por voto; no governo”, criticou o presidente.

Marcelo Tavares encerrou seu pronunciamento reforçando as críticas e deixando uma indagação para as duas bancadas existentes na Assembleia. “Diz o Deputado Joaquim, que no governo de vossa excelência tem muita mutreta e gente dando pirueta. E aí, eu posso dizer indignado: qual é o discurso que resta para a oposição se até nosso discurso nos roubam. Qual é o discurso que nos resta?”

Joaquim Haickel explica artigo de autoria dele sobre o governo Roseana

Waldirene Oliveira
Agência Assembleia 

O deputado Joaquim Haickel (PMDB) ressaltou na sessão desta segunda-feira (7) ter a certeza de que vale muito mais ser um parlamentar do governo, com críticas, com a consciência do que deve ser feito, do que um oposicionista que simplesmente joga pedras. “Apenas alertei à governadora Roseana Sarney que a coisa está preta, mas não como na época de José Reinaldo ou Jackson Lago. Os líderes da oposição procuram atacar o atual governo se esquecendo dos sete anos de vacas gordíssimas que no governo anterior eles puderam experimentar”, enfatizou ele, ao referir-se ao artigo de sua autoria, publicado domingo em um jornal local.

“O deputado Marcelo (Tavares) foca no que vê para tentar acertar no que não vê. O que ele leu foi a letra de uma música do grande Chico Buarque de Holanda, mas não precisa ouvir Chico para saber que a coisa aqui está preta já fazem sete anos”, acrescentou.

Ainda referindo-se ao artigo, Joaquim Haickel disse que “o assédio e o assalto eleitoral registrados nos últimos seis anos no Maranhão inverteram a lógica, e que perdeu o apoio de prefeitos aliados seus na última campanha que disputou porque o governo de então lhes ofereceu vantagens que não poderiam recusar, sob pena de prejudicar seus munícipes”.

“Isso é o que faz um político que tem consciência do que está acontecendo, e não tem medo de dizer o que acredita. Apenas alertei a governadora de que a coisa está preta porque o nosso grupo político, as pessoas que ora ocupam algumas secretarias estão atuando de maneira indevida. Estamos num tempo de falar as verdades, mas não as verdades cômodas ditas pela oposição, pelo deputado Edivaldo Holanda, que sobe à tribuna com uma facilidade incrível de manipular as palavras e não vê o próprio umbigo”, enfatizou.

Joaquim Haickel acrescentou que Edivaldo Holanda não observa que era líder de um governo completamente corrupto e que o deputado Marcelo Tavares, um pouco mais focado, procura atacar o atual governo se esquecendo dos sete anos dos ex-governadores José Reinaldo e Jackson Lago. “É muito mais importante um parlamentar com a minha postura no Governo do que na oposição. O governo precisa muito mais de uma voz como a minha dentro das suas fileiras, porque do outro lado da fronteira bater é muito melhor, muito mais bonito e muito mais popular”, ressaltou o parlamentar.

Como uma música

São Luís, 6 de dezembro de 2009

Minha caríssima amiga Roseana,

O primeiro e principal motivo desta, é apenas e tão somente para reiterar algumas coisas que já tive oportunidade de dizer-lhe em outras ocasiões e acho indispensável, que como seu amigo lhe diga mais uma vez.

Sei que você gosta muito de música e se bem me lembro, aprecia especialmente as do Chico. Pois bem, quando me sentei para começar a escrever esse texto, tentei lembrar-me de uma música que poderia cantar pra você, para bem exemplificar o que eu gostaria de dizer, e a primeira música que me veio à mente foi uma da lavra daquele seu ídolo, que passo a transcrever alguns trechos: “… Aqui na terra ‘tão jogando futebol / Tem muito samba, muito choro e rock’n’ roll / Uns dias chove, noutros dias bate sol / Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta / Muita mutreta pra levar a situação / Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça(…) Meu caro amigo eu não pretendo provocar / Nem atiçar suas saudades / Mas acontece que não posso me furtar / A lhe contar as novidades(…) É pirueta pra cavar o ganha-pão / Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro(…) Eu ando aflito pra fazer você ficar / A par de tudo que se passa(…) Muita careta pra engolir a transação / E a gente tá engolindo cada sapo no caminho / E a gente vai se amando que, também, sem um carinho / Ninguém segura esse rojão(…)”

Feita essa introdução musical, passo a relatar os últimos acontecimentos, para que você possa ter uma pequena noção do que está se passando “aqui na terra”.

Em quase 28 anos de política, tempo de sete mandatos, eu nunca havia perdido nenhum amigo ou correligionário. É bem verdade que o assédio e o assalto eleitoral pelo qual passamos nos últimos seis anos inverteram a regra e tentaram subverter a lógica das coisas “aqui na terra”, mas agora essa subversão é internacorpore, acontece nas nossas vísceras e devo lhe dizer que causa extremo desconforto.

Três anos atrás, quando de mais uma reeleição, fui privado do apoio efetivo de dois prefeitos, dirigentes de dois importantes municípios onde atuo politicamente. O governo de então bateu a suas portas oferecendo vantagens a seus municípios que eles não poderiam recusar, sob pena de prejudicarem seus munícipes. Entendi o que aconteceu, mas não aceitei e permaneci fazendo política naqueles lugares, até porque, mesmo sem o apoio oficial, tenho trabalho que me credencia para buscar sozinho ou acompanhado de apenas umas poucas pessoas, o respaldo eleitoral de que preciso para continuar a realizar meu trabalho, que se encerrará apenas quando o sábio e soberano povo de meu Estado assim resolver, e revogar a procuração que me outorgou pela primeira vez quando eu ainda era um jovem estudante de Direito, em 1982.

Nos últimos tempos, sofri duas defecções que muito me abalaram e que me fizeram por um instante duvidar que fosse uma coisa boa continuar na política. Um certo prefeito e uma certa líder política resolveram que não mais iriam me apoiar, resolveram que melhor do que eu, um colega nosso, do mais alto gabarito e de grande competência, lhes representaria muito melhor do que eu. Acontece que se esse meu amigo, a quem realmente estimo, não fosse secretário do Governo, nem o prefeito, nem a líder política, iriam procurá-lo para oferecer apoio. Isso só acontece, infelizmente, por causa do cargo que ele temporariamente ocupa e das vantagens que tal cargo pode oferecer. A culpa aqui é muito menos do meu colega e muito mais dos políticos, mas principalmente do sistema que se implantou de seis anos para cá em nosso Estado. Que fique bem claro que isso não acontecia assim, dessa forma, acintosa, descarada, absurda, antes do governo Zé Reinaldo. Que fique claro que isso é artifício de quem não tem condição de se colocar ao julgamento popular sem o uso desses artifícios.

O segundo e decisivo motivo que fez com que lhe escrevesse essa carta, foi o absurdo fato de eu ter perdido uma amiga de orkut. É, eu tenho um perfil no orkut! Perdi essa amiga pelo simples fato de eu ter ligado para a mãe dela, que vota comigo há 12 anos, e ter comentado que haviam me dito que ela estaria pedindo votos para um outro candidato e ela me respondeu que estava fazendo isso porque este havia lhe dado um cargo comissionado no governo. Fiquei atônito, sem saber o que dizer, pois que eu saiba, fui eu quem pleiteou junto ao Governo que ela ocupasse um cargo na administração pública. De uma hora para a outra parecia que alguém era mais legítimo do que eu junto àquela amiga, parecia que eu era o usurpador da história. A pessoa ficou furiosa comigo, o marido dela me ligou indignado e a filha me excluiu do orkut. Veja só como são as coisas!

Bem, como já disse o poeta, ”A coisa aqui tá preta…”

Sem mais para o momento,

Reitero meus protestos de estima e consideração, reafirmando minha amizade, que se não é estreita e pautada pelo convívio diário, é verdadeira e sólida.

Joaquim Nagib Haickel
Deputado Estadual, membro da Academia Maranhense de Letras e da Academia Imperatrizense de Letras

Um Pedaço de Ponte – Parte XII

As bonecas

O pai morreu cedo.  Não muitos dias depois de ser pai.

Morreu de morte matada, e disso, por aquelas bandas havia fartura.

A mãe o criou no rigor das leis de nosso Senhor.  Do nosso Senhor e suas também.

Maria, a mãe, queria menina – “Nossa Senhora das Graças há de me dar uma filha, que eu a ela darei”.  Menino veio.  Francisco, o pai, falecido na ponta da peixeira de Setembrino Fulote, queria menino – “macho como o pai”.

Francimar, que era menino, cresceu menina: vestido, cachos e bonecas.  Como tal, era tido por todos.

Francimar, crescia, e Maria alimentava, dia a dia, a ilusão de que seu filho era sua filha.  “Por Nossa Senhora das Graças!,”

Para afirmara idéia de ser mulher na cabecinha da criança, Maria tomou precauções: nunca o perdeu de vista, o fez totalmente dependente de si, não o criou na companhia de vizinhos, adultos ou crianças, isolando-o do mundo e até, de certa forma, dela mesma.  Além disso, incutia-lhe a idéia de ser mulher motivando-o pelo prazer de vê-Ia brincar com bonecas, cozinhar, arrumar casa.  Afazeres femininos…

Excelente artesã, Maria fazia-lhe bonecas de vassouras velhas, de palha, de trapos, até de renda de bilros, de lata, de arbustos secos e de madeira.  Maria fez da vida de seu filho a sua própria.  A vida que ela não teve, a infância que ela não pôde ter.

Certo dia, Maria comprou uma dessas bonecas de plástico, dessas que desarticulam pernas, braços e cabeça.  Francimar gostou muito.  Podia esquartejar cabeça, tronco e membros ou montar como bem quisesse: a cabeça, na perna esquerda.  No braço direito, uma perna.

Uma coisa chamou a atenção de Francimar: não foram os cabelos da boneca que a mãe achava parecida com ela – “é você. Vamos chamá-la de Francimar” Não foram os olhos, ou os braços, foi algo que havia nele e não havia na boneca, debaixo da sainha de chita, feita pela mãe.

Francimar ficou confuso.  Ele era mulher, a boneca era mulher.  Mas eram diferentes.  Por quê?  Será que a mãe é de outro tipo também?  Nunca havia visto sua mãe sem roupa.

Ao completar 15, Francimar iria ser entregue a Nossa Senhora das Graças.  E foi.

– Dizem que foi castigo.. .

Um dia de outubro, depois de semanas de sumiço, Maria foi encontrada em sua casa no meio de mil pedaços de bonecas.  Braços, pernas e cabeças.  Bonecas de trapos, vassouras, palhas, madeira, arbustos, rendas, latas e carne.

Em meio aos pedaços de bonecas e de Maria, encontraram um par de testículos e um pênis.

Dito & Feito

No último dia 26, quinta-feira, lancei no Café Literário da III Feira do Livro de São Luis, que acontece até o dia de hoje, na Praça Maria Aragão, o livro Dito & Feito – Crônicas e escritos insubmissos, coletânea de textos selecionados pelo professor e acadêmico Sebastião Moreira Duarte, dentre aqueles que publiquei nesses mais de 15 anos em que escrevo aos domingos neste que é o maior e mais importante jornal de nossa terra.

O professor Sebastião teve liberdade total para escolher as crônicas que ele achasse que deveriam fazer parte desse primeiro volume de textos temporais que tive o desplante de aqui publicar. Ele os dividiu em três grupos, separando-os por temas, com focos tão sutis, que muitas vezes até eu mesmo, que os conheço bem, chego a confundi-los.

Há um grupo de crônicas chamado de Primeiro Registro: Deveres de Casa, onde se encontram as crônicas que abordam temas pessoais e familiares, como aquela em que quase psicografo uma carta de meu pai em ocasião de seu primeiro ano de falecimento. Há aquela outra em que lembro do cheiro de pão assado que Mãe Didi, mãe de criação de minha mãe, fazia quando eu era criança. Há também dois outros textos em que falo de meu Tio Samuel Gobel e sua maravilhosa história de vida, desde a sua amada Atenas, na Grécia, passando pelo campo de concentração de Dachau, na II Guerra Mundial, até chegar nesta outra Atenas, a maranhense.

No Segundo Registro, A Morada do Cidadão, as crônicas falam de política partidária e filosófica, da vida do ponto de vista coletivo e individual, das inquietações humanas, de nossos anseios, de nossas angústias, de nossas limitações e sobre como superar tudo isso. Estas são crônicas em que procuro mostrar a condição humana tendo, quase sempre como pano de fundo, um fato real, concreto, que dá causa ao texto ou que dele é consequência. Estão ali escritos dos quais particularmente me orgulho e dos quais gosto de maneira definitiva, como Dezesseis Minutos, Razoabilidade e proporcionalidade, Os dez mandamentos de Maquiavel, Fronteiras humanas, De que precisa um bom guerreiro? Viva os Zé Robertos da vida…

O Terceiro Registro, última partição do livro, é o que Sebastião reservou para colocar as crônicas em que há mais Poesia & Vida. Nele estão textos que abordam temas mais artísticos, culturais e por fim algumas histórias antigas que eu reconto bem ao meu modo, retemperando como e com o que eu acho que devo. Alho, cebola e tomate, um pouco de sal e pimenta são sempre bem vindos! Aqui, textos como A escolha e A bondade de Deus se sobressaem.

Dito & Feito ficou sob a responsabilidade editorial da Ética, editora de Imperatriz, que pertence ao dinâmico Adalberto Franklin, meu confrade da Academia Imperatrizense de Letras.

Por falar em confrade, coube a dois de meus confrades na Academia Maranhense de Letras, o mestre Jomar Moraes e o já citado Sebastião Moreira Duarte, a responsabilidade de avalizarem a mim e a essa minha obra. Jomar fez a orelha e a apresentação do livro coube a quem escolheu as crônicas.

Jomar disse entre outras coisas: “Joaquim Haickel, por acreditar nas palavras, com elas e por elas trava seu combate de eleição, com a firmeza dos que associam talento inconteste e vocação verdadeira”.

Já Sebastião analisa outro aspecto da obra, colocando luzes generosas sobre o estilo de quem não é pura e simplesmente cronista, alguém que tem um pezinho atolado na ficção e no cinema: “Crônicas de fim de semana é o que parecem ser estes escritos, à primeira aproximação. Pela singeleza de seu aparato, por seu conteúdo sem pretensões, ainda que manifestando inadiáveis preocupações, aqui estão, decerto, textos de fácil leitura. Mas que ninguém se deixe levar pelas aparências: Joaquim Haickel é hábil o bastante – e bastante prudente – para não mirar o que viu, e, mesmo assim, atirar no que viu melhor que ninguém, de sua posição privilegiada. (…) Direi, então, que alguns destes trabalhos estão mais para contos que para crônicas: serão cronicontos – se me é permitido repetir expressão utilizada noutra circunstância – em que a ficção toma o lugar da confissão, para que esta, cifrada em sutilezas, não seja flagrada, de saída, como libelo acusatório”.

Depois do dito, só me resta o feito.

Convite

Convite_Joaquim

Comentando a notícia

O jornalista Décio Sá publicou em seu blog na última sexta-feira a matéria abaixo, para a qual eu fiz o comentário que se segue.
Repercuto aqui tal notícia porque acho necessário que se fale sobre oportunismo e sobre oportunistas de forma clara e direta.
Texto publicado no Blog de Décio Sá:

Joaquim ‘enciumado’ com visita de Arnaldo a Roseana

O deputado Joaquim Haickel (PMDB) foi à tribuna da Assembleia Legislativa nesta quinta-feira (19) para comentar a audiência que o prefeito de Altamira, Arnaldo Gomes (PT), teve esta semana com a governadora Roseana Sarney, acompanhado do deputado Marcelo Tavares (PSB).

Durante o encontro, o prefeito reivindicou do governo estadual a construção de uma ponte e uma estrada ligando aquele município a Vitorino Freire. “Política é uma coisa engraçada. O prefeito do PT que não votou em Roseana, fez campanha contra ela, vai reivindicar coisas que eu já reivindico há muitos e muitos anos”, ressaltou ele, dizendo que em 2000 o governo Roseana construiu a ponte e devido às fortes chuvas e à falta de manutenção, ela desabou no governo Jackson Lago (PDT). Depois que a obra foi refeita e caiu de novo, hoje uma balsa faz a travessia de carros entre Altamira e Vitorino Freire.

Segundo Joaquim Haickel, além da estrada Arnaldo Gomes pediu e conseguiu que o Estado adquira para o município um hospital que pertence ao ex-prefeito Rosalino Lima, (PMDB) correligionário do deputado e da governadora. “Acho que o prefeito está no papel dele, mas até parece que ele, que sempre foi adversário de Roseana, vai resolver todos os problemas de Altamira. Quem faz política há muitos e muitos anos em Altamira sou eu, e apoiei o atual prefeito quando ele não se elegeu e perdeu por 32 votos para o mesmo Rosalino Lima”, enfatizou o parlamentar.

Citando texto publicado pelo jornalista Décio Sá (reveja abaixo ou aqui), o deputado disse que, ao deixar a audiência bastante satisfeito com a atenção dada pela governadora, Arnaldo Gomes avistou Rosalino Lima numa sala, foi ao seu encontro e deixou o ex-prefeito perplexo.

Joaquim Haickel acrescentou que o petista venceu a eleição por apenas 166 votos, mas os dois ficaram de conversar posteriormente porque o ex-prefeito disse não ter nada contra o adversário e nem querer atrapalhar o Governo. “Eu gostaria muito que realmente fossem os novos tempos em Altamira e no Maranhão, mas não vou deixar passar a oportunidade de separar alhos de bugalhos, de separar o joio do trigo, de deixar claro que o prefeito do PT de Altamira, que era contrário à governadora Roseana, está reivindicando essas benfeitorias para o seu município, mas antes dele os deputados Joaquim Haickel e Stênio Rezende já haviam reivindicado essas obras”, ressaltou.

Ele concluiu dizendo que se essas obras forem realizadas pelo Governo do Estado, não será pela ida do prefeito ao Palácio dos Leões, “mas pela pressão da população que tanto precisa”.

Meu Comentário:

Meu caro amigo Décio, fique tranqüilo, eu não estou enciumado! Estou é indignado e apenas estou deixando bem claro o que acontece em Altamira. Você que conhece bem o professor Arnaldo sabe que em sua primeira tentativa de ser prefeito fui eu quem o apoiou, atendendo pedido de meu amigo e correligionário, ex-prefeito daquela cidade, Zeca Brás. Arnaldo e Zeca perderam as eleições por 32 votos. Em vão lutamos na justiça eleitoral tanto em São Luis quanto em Brasília para que fossem apreciadas as denúncias de irregularidades daquela eleição. Tinha no Arnaldo a esperança de que Altamira com ele iria mudar. Ledo engano! Plantei meu trabalho e minha esperança no solo menos fértil e enganoso que poderia existir.

A primeira providência tomada pelo professor Arnaldo depois que houve o rompimento de Zé Reinaldo e Roseana, foi me trair e se passar de malas e bagagens para o lado de quem poderia $ustentá-lo, à custa do governo.

Agora, depois de tudo, de me trair politicamente, de fazer campanha, de insultar a governadora, me aparece com cara de bom moço, de bom samaritano, pra tentar usufruir de prestígio que é devido a mim, pois os pleitos que ele fez agora, já havíamos feito, tanto eu e Zeca Brás, quanto o senhor Rosalino.

Isso é demais pro meu pobre estômago. São por essas e por outras semelhantes que a política não é respeitada nem levada a sério.

Faço o que posso para me manter coerente, e é nesse sentido que fui à tribuna da ALM para deixar patente e claro que quem trabalha por Altamira junto ao governo, em primeiro lugar sou eu e Zeca Brás, em segundo lugar é o ex-prefeito Rosalino e nem em terceiro lugar é o prefeito Arnaldo, um jovem que tinha tudo para mudar a historia de Altamira do Maranhão, mas optou por ser pior do que aqueles que ele critica e se opõe, enveredando pela prática da covardia e da traição.

Para finalizar, quero dizer que oportunismo não é crime. Em nosso país os maiores oportunistas são os maiores ídolos de nosso povo. Craques como o genial Pelé, como Roberto Dinamite, Romário, Nunes e até mesmo o galinho Zico de Quintino. Para ser oportunista corretamente ou você é um centro-avante ou você é um político coerente, que age nas oportunidades que se apresentam, mas com a devida moral, respeitando a ética e a coerência.

Não pode num dia estar num palanque insultando alguém e no outro estar beijando a mão de quem insultou. Isso não é oportunismo, é safadeza. E é esse tipo de coisa que infelizmente faz a classe política ser a classe mais desacreditada em nosso país.

Aviso aos navegantes: Não vou postar nenhum comentário grosseiro.

Um Pedaço de Ponte – Parte XI

Pelo ouvido
 
Cego era Churck.  Cego e surdo.
Em verdade Churck era cego, surdo e mudo.
Kate não era sadia.  Talvez não muito sã, mas sadía.
*
Casaram-se em Richmond e foram morar em Washington, num bairro atingo – Georgetown.
Kate trabalhava numa fábrica de sutiãs – telefonista.
 
Churck recebia pensão do exército.  Na Coréia, uma granada estourou-lhe os tímpanos, arrancou-lhe as cordas vocais e vazou-lhe os olhos.  Mas foi só.
*
Voltou pra casa e casou com a namorada da infância Katarrine Hampumt.
Kate o amava muito. “Kate o ama muito”-comentava-se.
 
*
 
Voltar pra casa, encontrar Churck e amar era o que passava pela cabeça dela desde a saída.
Chegava, preparava banho pra dois.  Espuma e amor na banheira.
Churck adorava.  Kate nem tanto.  Preferia na cama.
 
*
 
Depois do chá com torradas, Kate lia – Dashiell Hammett – em voz alta.
Churck nada ouvia.  Pintava: mulheres – azuis, verdes, lilases, sempre mulheres nuas – nada via.
 
*
 
Onze horas, a de deitar.  Kate sorria – hora de sentir prazer. Primeiro adaptava o Headfone com a qual trabalhava a seu aparelho, discava: Chevy Chase, 3951.
 
*
Alô!”‘ – Kate.
Estava ansioso…”‘ – voz masculina do outro lado da linha.
 
*
Kate e Churck amavam, Churck nada falava.
Kate ouvia.

Conchavo!?

Nos últimos dias tenho sido submetido a uma enorme bateria de questionamentos acerca da possibilidade de participar da composição da lista de seis advogados que será submetida ao Tribunal de Justiça do Estado, para a formação de lista tríplice a ser encaminhada à governadora do Estado, para a escolha e nomeação de mais um desembargador indicado pela OAB.

Tais questionamentos surgiram depois de uma matéria postada pelo jornalista Marco D’Eça em seu Blog, fato que acabou causando o maior reboliço junto, principalmente, a setores mais ligados à direção da Ordem dos Advogados do Brasil, secção do Maranhão.

Vejamos um trecho dessa matéria: “O deputado estadual e vice-líder do governo na Assembléia Legislativa, Joaquim Nagib Haickel (PMDB), deve concorrer à vaga de desembargador do Tribunal de Justiça do Maranhão a ser preenchida por um membro da Ordem dos Advogados do Brasil.

Haickel era candidato a um dos cargos da Ordem na chapa encabeçada pelo então candidato a presidente, Daniel Blume. Quando Blume aceitou compor com Roberto Feitosa, o deputado abriu mão da presença na chapa para facilitar a composição.

Agora, pode ser o indicado do grupo Feitosa/Blume à lista sêxtupla que será encaminhada ao Tribunal de Justiça para análise dos desembargadores. (…)”

Dentre as muitas reações à matéria do jornalista Marco D’Eça, umas elogiosas, outras carinhosas e diversas de irrestrito apoio, uma delas me causou espécie: Aquela que enxergava um espúrio conchavo entre mim e os meus amigos e futuros dirigentes da OAB no Maranhão, Roberto Feitosa e Daniel Blume.

E mais, a nota de D’Eça deu origem à matéria que se segue, publicada num site da campanha do meu querido amigo e também candidato à presidência da OAB, Mário Macieira: “Caiu como uma bomba a notícia, divulgada ontem pelo blog do jornalista Marco Deça (http://colunas.imirante.com/platb/marcosdeca) que o deputado estadual e vice-líder do Governo Roseana Sarney na Assembléia Legislativa, Joaquim Nagib Haickel (PMDB), deve ser o indicado pela chapa formada pelos advogados Roberto Feitosa e Daniel Blume para concorrer à vaga de desembargador do Tribunal de Justiça do Maranhão, a ser preenchida por um membro da Ordem dos Advogados do Brasil.

Dezenas de advogados repudiaram ontem o acordo, que já teria sido fechado em favor do deputado governista para sua indicação na vaga. O principal motivo de protesto por parte dos advogados é que a chapa Juntos pela Ordem havia divulgado, publicamente, como proposta de campanha, que defendia a escolha para a lista sêxtupla de nomes para concorrerem ao cargo de desembargador, como resultado de uma consulta feita a todos os advogados inscritos na Ordem”.

Nunca houve qualquer acordo no sentido de apoio a uma eventual candidatura minha à vaga de desembargador pelo quinto constitucional, mas se acaso houvesse uma simples manifestação de apoio, nada possuiria de estranho ou espúrio, até porque, a chapa contrária à dos meus amigos, tem preferência clara e sinalizada para outros advogados, que possuem até muito mais chances do que eu na disputa.

Se bem lida a nota do jornalista Marco D’Eça, nela percebe-se que em momento algum ele afirma categoricamente que eu e os doutores Roberto Feitosa e Daniel Blume firmamos um acordo no sentido de apoiar quem quer que seja para o pleito. Afirma o jornalista tão somente que o grupo de Daniel Blume e Roberto Feitosa poderia me apoiar sem meias palavras, o que é absolutamente óbvio, pois deles sou amigo e na chapa de Daniel faria parte, até abrir mão de participar de sua composição final para ajudar na viabilização do acordo eleitoral com o doutor Roberto Feitosa.

Sobre a existência de um “conchavo”, palavra equivocadamente usada no sentido de criticar um acordo inexistente, cumpre deixar claro que isto seria impossível de ocorrer, pois tanto eu quanto Daniel e Roberto apoiamos irrestritamente a escolha da lista sêxtupla por consulta direta a todos nós os advogados inscritos na Ordem. Jamais deverá ser esta ou aquela diretoria, por razões estritamente pessoais, que deverá escolher quem são os seis causídicos aptos a compor os quadros do Tribunal de Justiça como representantes de nossa classe.

Senti-me honrado com a lembrança de diversos conhecidos e amigos do meio-jurídico, e mais honrado ainda com a lembrança de muitas pessoas que nenhuma relação possuem com a Justiça do Maranhão, mas que se disseram felizes com uma minha possível futura investidura junto ao Tribunal de Justiça.

Mesmo vendo a notícia da minha possível participação na disputa ser erroneamente deturpada, devo dizer que me senti honrado com a lembrança e que mais honrado eu estaria em compor a Justiça Maranhense em vaga antes ocupada pelos desembargadores Esmaragdo Sousa Silva, Jouglas Bezerra e Milson Coutinho, que tanto honraram a toga e o Estado.

Tenho certeza que a vitória de Feitosa e Blume elevará a totalidade dos advogados à condição de eleitores, deixando de ser meros sujeitos indiretos e passivos de uma disputa essa sim, de conchavos, com os quais não concordo e não participo.

Honorável Bandido.

Caro deputado Joaquim Haickel, gostaria que o senhor reproduzisse esse meu texto e as fotos constantes dele em seu conceituado blog.
 
Honorável Bandido.
 
Visitando um Blog deparei com as duas fotos abaixo que bem representam o que acontece na política maranhense. O Zé Reinaldo, ex- quase tudo, de Secretario de Estado, Diretor da Novacap, Presidente do DNOCS, passando por Superintendente da SUDENE, Ministro dos Transportes, Deputado Federal, e acabando Vice e depois Governador do Maranhão, tudo isso graças ao Zé Sarney, no lançamento do livro caça-níquel do oportunista jornalista Palmério Dória.
 
Com toda certeza Zé Reinaldo deve constar desse livro do Palmério, pois ele estava com o Sarney durante quase todo o tempo de sua vida, os dois eram unha e carne! Se ele não for um dos personagens principais desse livro é porque esse livro é exatamente o que eu imaginava: uma forma esperta do tal jornalista ganhar um dinheirinho à custa dos desavisados ou dos muito avisados que dizem, até pagaram para ele fazer o livro.

Ao lado de Bira do Pindaré, o ex-governador José Reinaldo Tavares no lançamento do livro de Palmério Dória em São Luís
Ao lado de Bira do Pindaré, o ex-governador José Reinaldo Tavares no lançamento do livro de Palmério Dória em São Luís
O ex-governador José Reinaldo Tavares discursa na cerimônia de lançamento do livro de Palmério Dória em São Luís
O ex-governador José Reinaldo Tavares discursa na cerimônia de lançamento do livro de Palmério Dória em São Luís

Um Pedaço de Ponte – Parte X

Dando continuidade ao texto “Um Pedaço de Ponte” leia a seguir:

Clara cor-de-rosa

Eu a via constantemente, ali, sentada naquele banco, sempre só, sempre com o mesmo vestido cor-de-rosa, o olhar vago, distante, perdido, de quem tem algo a dizer, mas não sabe como.  Todos os dias, após minha jornada de trabalho, pegando e contando dinheiro dos outros, tinha que passar por aquele banco, situado a alguns passos da sorveteria do Hotel Central, onde entrava também diariamente para tomar o meu sorvete de ameixa.  E lá estava ela, com seus olhos tristes e seu vestido cor-de-rosa, todos os dias, semanas a fio.

Depois voltava para casa, onde mergulhava de novo na minha vidinha de trabalho e televisão, cujo motivo se interrompia nos fins de semana com um bate-bola na praia ou uma cervejinha com os amigos.

De certo modo, porém, a presença da menina vestida de rosa quebrava a mesmice do meu cotidiano. Ao sair do trabalho, já não era no sorvete de ameixa que eu pensava, era nela. Que iria vê-Ia outra vez, encolhida e só, no seu banco de rua.  Depois que passava, sem ao menos vírar-lhe o rosto, a constância daquele apelo que sentia na nuca como se estivesse a chamar-me sem os psius e eis que me acostumara a ouvir das garotas sentadas na mureta da praça. No fundo, eu sabia que não era um chamado, era apelo. Mas eu continuava o caminho de casa, telefonando para Lígia, apenas para dar sinal de vida e seguindo o meu roteiro de programa – “Chico Anísio Show”, “Casa do Terror” – até dormir no sofá.

Em um fim de tarde, o vento soprando forte do lado do mar, a mesma multidão de caixeiros viajantes sentada à fresca, em frente ao Hotel Central, falei afinal com ela.

– Todo dia você está aqui, assim parada, sempre vestida de rosa.  Ela apenas levantou a cabeça como se fosse dizer-me algo, mas logo voltou a baixá-la acompanhando com os olhos os riscos imaginários que fazia na calçada com a ponta dos sapatinhos.

Só então reparei que eram sapatilhas de dança, que mal cobriam os pés miúdos e terminavam graciosamente num trançado de fitas um pouco acima dos tornozelos.  As pernas eram firmes e bem feitas, marcadas até as coxas pela roupa leve que vestia, por aquela generosa aragem que corria do mar.

– Como é teu nome?

– Clara.

Mais duas semanas transcorreram assim, sem que nada mudasse, nem no meu, nem no comportamento dela.  Apenas agora, ao passar, acenava-lhe com a cabeça, e ela me respondia com um sorriso mais triste que sua solidão e seu silêncio.

– Vamos tomar um sorvete, Clara?

Ela se levantou tão prontamente que me espantou, como se aquele convite fosse um bem longamente esperado, algo que houvesse perdido a esperança de receber.

– Vamos!

Eu lhe notara as pernas, mas ainda não havia percebido como era bonita, um rosto de criança numa disposição de mulher.

– Chocolate, ameixa, baunilha, maracujá, abacaxi, limão, tamarindo, coco, cupuaçú, bacuri, creme, nata!  Que que você quer?

Quando nos despedimos, sabia que faltava alguma coisa.  Entre nós, um ar pesado de desapontamento, de festa que termina antes de começar.  Bem o sabia, mas era segunda-feira, e eu não queria perder “Tela Quente”.

Na terça, amanheci com febre e fortes dores de cabeça. Só fui trabalhar na quinta.

–    Clara, como você está abatida!

–    Estive doente.

–    Eu também.

–    Eu sei, dores de cabeça, febre alta, calafrios.

–    Como você sabe?

–    Eu não sei, eu sinto.

E outro adeus sem jeito, outro adeus desnecessário e doído, que nenhum dos dois seria capaz de explicar o por quê.

Hoje será diferente Clara.  Vamos jantar fora.

Amei Clara como jamais amei mulher alguma.  Com fogo e todo o desejo do mundo.  Como lembrar aquelas horas?  Depois do amor, o nada.  O que resta é um emaranhado de imagens e lembranças absurdas, aquela confusão de olhos e de dedos, de cabelos e de seios, de coxas e de costas, de pés e de bocas. Mas sinto, ainda agora, tanto tempo já passado, que explorei cada pedaço de seu corpo, cada momento vivido, cada instante exaltado e em seguida, a recomposição do repouso, que se transfigura em enternecimento e entrega total. Conheci então, Clara sem tristeza, uma Clara exultante de tão mulher, uma Clara companheira, Clara eterna, na solidariedade do prazer.

Não lhe perguntei onde morava, nem fiquei sabendo seu nome completo.  Deixei-a no mesmo lugar em que a encontrara.  Só, no seu banco, vestida de rosa.

Não tive sossego no fim de semana.  Ela não apareceu na praça. Segunda-feira, mal pude esperar que o expediente terminasse para correr ao seu banco e vê-Ia de novo.  No entanto, Clara não estava lá. Terça-feira, fui outra vez esperá-la.  Sentei-me no banco. Eu estava só, fazendo sem perceber, riscos imaginários no chão com a ponta do meu sapato. Às nove horas fui para casa.  Deixei há muito tempo de ligar para Lígia.  Não havia mais televisão.  Os meus fins de tarde se tornaram um tormento, sem que nada pudesse preencher o vazio que se cavara em meu peito.  O banco de Clara era, agora, só meu, até que o desgosto e o cansaço me levassem de volta para casa.

Três semanas se escoaram na minha amargura.  Clara havia desaparecido por completo.  Aos poucos, eu me fui acostumando àquela solidão cor-de-rosa, absorvido no meu trabalho, cada vez mais apegado à televisão.  Uma tarde, passei distraído pelo banco direto para a sorveteria.  Lá encontrei o Ribamar que, excitado, me agitava um jornal nas mãos:

– Olha aqui!  Encontraram aquela menina que havia fugido da casa do pai, nosso colega da agência de Belém.

O que olhei ao tomar o jornal nas mãos me fez desabar na cadeira. O suor frio logo porejou na testa, um tremor de não agüentar pelo corpo todo, enquanto braços e pernas me fugiam inteiramente ao controle.  Quis falar, mas não consegui, a cabeça rodando, como se houvesse caído bem no meio de um terrível redemoinho. Lá estava ela, talvez numa última fotografia, os mesmos olhos tristes, possivelmente o mesmo vestido cor-de-rosa. Não podia ler direito, porém uma ou outra frase me chegavam à alma.  “Encontrado nas matas do Anjo da Guarda o corpo da menor C.M.L., que desaparecera da casa dos pais, há seis meses, em Belém. Os legistas acreditam que foi homicídio. Pelo adiantado estado de putrefação, o crime deve ter ocorrido há dois meses”.

Hoje é dia de assistir “Louco Amor” e “Quarta Nobre”. Meu Deus, como era mesmo o telefone da Lígia?  Não, amanhã tenho que estar cedo no trabalho.  Depois, tomar meu sorvetinho de ameixa e me recolher a esta vidinha besta.

Clara?  Perguntei à moça de vestido cor-de-rosa, sentada na mureta da Praça Benedito Leite.

Perfil

“Poeta, contista e cronista, que, quando sobra tempo, também é deputado”. Era essa a maneira como Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel aparecia no expediente da revista cultural Guarnicê, da qual foi o principal artífice. Mais de três décadas depois disso, o não mais, porem eterno parlamentar, ainda sem as sobras do tempo, permanece cronista, contista e poeta, além de cineasta.

Advogado, Joaquim Haickel foi eleito para o parlamento estadual pela primeira vez de 1982, quando foi o mais jovem parlamentar do Brasil. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte e depois voltou a ser deputado estadual até 2011. Entre 2011 e 2014 exerceu o cargo de secretario de esportes do Estado do Maranhão.

Cinema, esportes, culinária, literatura e artes de um modo geral estão entre as predileções de Joaquim Haickel, quando não está na arena política, de onde não se afasta, mesmo que tenha optado por não mais disputar mandato eletivo.

Cinéfilo inveterado, é autor do filme “Pelo Ouvido”, grande sucesso de 2008. Sua paixão pelo cinema fez com desenvolvesse juntamente com um grupo de colaboradores um projeto que visa resgatar e preservar a memória maranhense através do audiovisual.

Enquanto produz e dirigi filmes, Joaquim continua a escrever um livro sobre cinema e psicanálise, que, segundo ele, “se conseguir concluí-lo”, será sua obra definitiva.

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