Jornalismo com inquietação

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Morre o jornalista e escritor Daniel Piza, de 41 anos, uma das minhas fontes inspiradoras em sala de aula. O jovem e talentoso jornalista  morreu na noite de sexta-feira em Gonçalves (MG), após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC). Colunista do jornal “O Estado de S.Paulo’, Piza estava na cidade para comemorar as festas de fim de ano com a família. O pai do jornalista é médico e tentou socorrê-lo, mas Piza não resistiu. Deixa mulher e três filhos.  

Piza preparava seu 18º livro para 2012. Reuniu-se na semana retrasada com Pascoal Soto, diretor da editora Leya no Brasil, para discutir detalhes sobre o projeto: um atlas da literatura brasileira. A publicação estava prevista para dezembro. Mas Piza, colunista do jornal “O Estado de S.Paulo”, já pensava em 2013. Também pela editora Leya, pretendia publicar uma biografia sobre o artista plástico Iberê Camargo.

— Piza era um empreendedor. Um homem de espírito absolutamente inquieto e com coragem incomum — descreveu Pascoal.

Formado em Direito, ele publicou 17 livros, entre eles, biografias de Machado de Assis e Paulo Francis e “Amazônia de Euclides”, no qual reconstituiu a expedição chefiada pelo escritor em 1905 pelo Alto Purus. Em entrevista ao GLOBO, em 2004, Piza contou dever a Francis, de quem foi amigo, “o impulso para” se tornar jornalista.

Piza também traduziu seis títulos de autores como Herman Melville e Henry James, organizou seis livros, no segmento de jornalismo cultural e literatura. Ainda assinou e colaborou como roteirista do documentário “São Paulo — retratos do mundo” e da série “Capitu”, de Luiz Fernando Carvalho.

— Um cara brilhante, que, além de ser culto, formulava e refletia sobre tudo. Um verdadeiro intelectual que fará tremenda falta ao Brasil — disse o humorista Marcelo Madureira.

— Piza tinha um conhecimento enorme e dava a impressão em seus textos de sempre estar pedindo desculpas por seu saber — afirmou o jornalista e escritor Zuenir Ventura.

Corintiano fanático, ele participava do programa “Redação SporTV” e foi comentarista esportivo da rádio CBN. Desde 2004, assinava uma coluna sobre o esporte no “O Estado de S. Paulo”, onde começou a carreira em 1991. No jornal, publicou reportagens exclusivas, como o anúncio da aposentadoria de Ronaldo Fenômeno. Na manhã de sábado, o jogador lamentou no Twitter: “Um jornalista fantástico e um amigo partiu hoje. Descanse em paz Piza”. 

O jornalista, que tinha planos de se mudar para Nova York em 2012, mantinha um blog no site do “O Estado de S. Paulo”. Em seu último texto publicado no jornal, no Natal, aconselhou: “Se me permitem o toque natalino: não deixar o desencanto tomar conta é o melhor presente”.

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