‘Boom’ Musical

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Com todas as dificuldades que o músico encontra para gravar CD neste Brasil plural culturalmente e cheio de complexidade em sua geografia, alguns persistentes ousam e fazem acontecer em nome da música. Em território maranhense, em 2010, pouco se produziu musicalmente, mas não podemos esquecer alguns nomes, independentes de vertentes, que perceberam a existência de uma luz no fim do túnel.

Lena Machado mostra personalidade em o “Samba da Minha Aldeia”

Oxalá, Lena Machado com o disco “Samba da Minha Aldeia”. Tive o privilégio de papear com ela sobre o trabalho. Gostei da menina pela personalidade forte e determinação. E, ainda, mais pelo disco. Gostei quando ela definiu o “Samba da Minha Aldeia”, título homônimo do show apresentado, este ano, no Teatro Artur Azevedo,  como uma pérola a ser conquistada em sua vida.

Lena Machado embarcou na poesia de representantes da velha e jovem guarda da música popular maranhense, entre os quais, Aquiles Andrade, Bruno Batista, Cesar Teixeira, Chico Canhoto, Chico Nô, Gildomar Marinho, Joãozinho Ribeiro, Josias Sobrinho, Patativa e Ricarte Almeida.

O relato foi feito dentro de um passeio pelo samba, choro, blues, baião, salsa, pitadas eletrônicas. Sem perder as referências com as raízes maranhenses, Lena Machado também tem a preocupação de dialogar com outras aldeias sonoras.

Cine Tropical irreverência, chanchada, dialogando com o mundo

E quem já dialoga com outras aldeias do Globo, é o casal Alê Muniz e Luciana Simões, da patente Criolina. Essa convergência da dupla em palcos brasileiros já existe desde o primeiro disco e se legitimou com o segundo “Cine Tropical”. O disco gravado este ano, foi visto em show no Teatro Artur Azevedo e percorreu o Brasil, ou seja, circuitos e nichos significativos de São Paulo, Brasília e Beagá. O disco ganhou destaque em O Estado de São Paulo numa rasgação de seda do jornalista Lauro Lisboa Garcia e foi grande vencedor em diversas categorias do Prêmio Universidade.

Glad Azevedo em seu “Canto de Cá”

Mesmo morando há quase duas décadas no Rio de Janeiro, o músico Glad, que absorveu o sobrenome Azevedo, para gravar o “Canto de Lá”, um disco tributo, de resgate de clássicos do cancioneiro popular maranhense. No registro, músicas como “Oração Latina”, de César Teixeira, “Ponteira’, de Sérgio Habibe, “Cajueiro Velho”, “maestro João Carlos, “De Cajari Pra Capital”, de Josias Sobrinho, “Diverdade”, Chico Maranhãom “Aleijadinho”, Chico da Ladeira, “Minha História”, João do Vale, “Canção em Alfa”, Ronald Pinheiro, entre outras.

Defino essa garimpagem sonora, como um banzo saudável feito numa textura com a marca de Glad Azevedo, um artista cujo o talento precisa ser visto com mais carinho pela crítica e público local.

Luiz Jr. e o seu violão e virtuosismo em primeiro CD solo

Para os que acham que música instrumental é para ser conceituada como “Musak” e ser ouvida em consultório médico, o violonista Luiz Júnior quebra o paradigma com um CD genuínamente instrumental. Para quem conhece o virtuosismo de Luiz Jr acompanhando meio mundo da música local, além de um histórico tocando ao lado de instrumentistas famosos como Yamandu Costa, Silvério Pontes, um disco solo já era prevísivel. Veio no momento certo e quem ganha é a música brasileira onde, ultimamente, está em crise por falta de harmonia e poesia.

E quem também deixou um registro nessa vertente sonora em 2010 foi o garoto prodígio Robertinho Chinês. O disco solo autoral traz doze faixas com a participação do violinista Nicolas Krassik e dos brasilienses do Regra Três. Pegando carona no texto da contracapa feito pelo sociólogo e radialista Ricarte Almeida, “Robertinho já tem lugar entre os novos talentos brasileiros”.

Rita Ribeiro faz o couro comer mundo afora com o seu Tecnomacumba

E já que estamos falando em “The Best”, [o mais, o melhor], não poderia deixar passar batido o registro da visita de Rita Ribeiro mais uma vez ao Maranhão. A boa filha sempre à casa torna.  Ritinha, conhecida pelos íntimos,  passou por São Luís, em abril deste ano, para divulgar o DVD “Tecnomacumba – A Tempo e ao Vivo”. O disco, elogiado por Caetano Veloso, críticos, com participações de Maria Bethânia, Alcione, percorreu o Brasil, exceto o Maranhão, terra natal da artista. O que é lamentável !

Zeca Baleiro: ano 13 [Vocês vão ter que me engolir]

Zeca Baleiro festejou 13 anos de carreira em 2010. E São Luís não ficou de fora da celebração. Baleiro lançou os Cds “Concerto” e “Trilhas” e o livro “Bala na Agulha”, no dia 4 de novembro, no Buteko (Lagoa).

Houve leitura de trechos do livro “Bala na Agulha” feita por Alê Muniz Celso Borges, Fernando Abreu, Luciana Simões, Joãozinho Ribeiro, Josias Sobrinho, entre outros amigos e parceiros do cantor e compositor maranhense.

Emilio Sagaz e o seu Diamante Gold em “Freestyle”

Enfim, nomes surgem, se revelam e mostram a cara. Entre as novidades surgidas na música produzida no Maranhão em 2010, destaque para a Diamante Gold, liderada por Emilio Sagaz, e traz ainda na formação: Anderson Peixe (guitarra), Hugo Blum (guitarra), Harry (baixo) e Diego Casca (bateria).

Garibaldo e o Resto do Mundo: um nome sugestivo e revelação em 2010

Na ralação diária, eles lançaram um álbum com 14 canções autorais. O mesmo fez a banda Garibaldo e o Resto do Mundo, liderada pelo vocalista e compositor Paulo Moraes.  O trabalho da banda foi produzido por Adnon Soares, no Estúdio Casa Louca, em 2009. Ganhou certo destaque na cidade através da internet, e foi lançado em um show no mês de outubro. O repertório é totalmente autoral que vai do pop ao experimental, sempre com a pegada rock.

Djalma Lúcio prometeu no Réveillon e cumpriu em disco e no palco

E quem também deu o ar da graça em 2010 foi Djalma Lúcio. “Conforme Prometeu no Réveillon” foi o retorno de Djalma às artes, Ele resolveu apostar na carreira solo e acreditar na música como um cardápio em que você faz a sua escolha.

E dos estúdios para o palco, não se pode esquecer do 1º Mulambo Festival, com a participação de várias novas bandas (Farol Vermelho, Pedra Polida, Nova Bossa, Ventura, Megazines, Garibaldo e o Resto do mundo e a banda pernambucana Mombojó ), realizado em novembro, no Circo da Cidade, em São Luís.

       The Original Wailers cantou clássicos do rei dos ‘kayados’ Bob Marley

No cast dos shows internacionais quem esteve na ilha foi a The Original Wailers, que se apresentou no dia 21 de janeiro, no Trapiche Bar (Ponta D´Areia).

A “The Original Wailers” é uma banda formada pelos ex-guitarristas de Bob Marley – Junior Marvin e Al Anderson, ambos ex-membros do The Wailers, que é a banda oficial que acompanhou Marley. No show de São Luís, a Original Wailers contou, ainda, com a backing vocal Rochelle Bradshaw e o tecladista Jawge Hughes (Fully Fullwood Band),

Além de São Luís, a banda jamaicana fez show no Rio Grande do Norte, Paraíba, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Espírito Santo e o Rio de Janeiro.

Diogo Nogueira: a nova face do autêntico samba

São Luís se tornou a capital brasileira do samba, em festival realizado dias 5 e 6 de março, na Lagoa da Jansen. O evento reuniu em dois dias bambas do gênero, entre os quais, Mart´nália, Monarco da Portela, Moyses Marques, Nicolas Krassik e Diogo Nogueira, que retorna para mais um show na ilha, dia 15 de janeiro de 2011.

Um momento ímpar com o Scorpions em São Luís

O encerramento da turnê mundial “Get Your Sting and Blackout World Tour 2010″ do Scorpions foi um momento histórico em São Luís, numa promoção do grupo ICEP. O grupo alemão, formado por:  Klaus Meine, 62 anos, e o guitarrista Rudolf Schenker, também 62,  Matthias Jabs, guitarrista, 54, Pawel Maciwoda, 43, baixista (polonês), e James Kottak, baterista, 47, (americano), percorreu João Pessoa (PB), São Paulo (SP), Curitiba (PR), Brasília (DF) e encerrou em São Luís no dia 24 de setembro, na Praia Grande.

Na minha opinião foi o grande acontecimento musical. Pela primeira vez a ilha foi palco do circuito de grandes shows internacionais. O Scorpions anunciou a aposentadoria depois do show na terra do francês.

Pelo resultado positivo ficou constatado que São Luís é viável e o que falta às vezes é fugir um pouco do lugar comum e ousar.

 Chegue logo 2011

E já que o novo ano está na área e se derrubar é penalti, o que resta é dizer que o folclore continue sendo o pilar e referência de todos os maranhenses. Mas que ele seja um aliado do progresso anunciado, de novas linguagens, tribos sonoras e mudanças de valôres já percebidos na ilha quase quatrocentona.

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Micos & Acertos

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                                      A fantasia torta e bonita de Kanye West                                        

Fosse apenas por suas gafes incontáveis – que  incluem cantar nos alto-falantes de um avião e roubar microfones alheios – Kanye West bem poderia estar fechando esta lista, como o “mico do ano”. Mas quando o assunto é música, não há como negar que, de toda sua viagem, saiu um dos discos mais bacanas de 2010. “My beautiful dark twisted fantasy” contém samples de Gil Scott-Heron (em “Who will survive in America?”) e Black Sabbath (não reconheceu a melodia de “Iron man” em “Hell of a life”?). Para amarrar essa mistura, é preciso mesmo ter a cabeça descalibrada. (Marcus Vinícius)

                                                 A volta por cima de Eminem                                          

Em entrevista recente à revista americana “Rolling Stone”, Eminem revelou que, quatro anos atrás, tomava diariamente cerca de 60 comprimidos de analgésicos e tranquilizantes. Numa noite, em 2007, a mistura provocou uma overdose que quase o matou. Por isso, seu retorno à cena é notável. Lançado em junho, “Recovery” deixou de lado o tom de deboche crônico que acompanhou a carreira do rapper desde hits como “My name is”, de 1999. Mais sóbrio (e sombrio), o álbum chegou ao primeiro lugar em vendas nos Estados Unidos e emplacou o sucesso “Love the way you lie”, parceria com Rihanna. Para os fãs brasileiros, 2010 teve outro marco: em novembro, Eminem fez seu primeiro show no país. (MVB)


                                                           Adorável boca-suja                                        

Ele lançou uma faixa cujo título é um palavrão dos mais malcriados para os padrões americanos e que, ainda assim, foi eleita a “música do ano” pela revista “Time”. Feito de que só é capaz quem tem o vozeirão, o carisma e o groove de Cee Lo Green. Se no incensado projeto Gnarls Barkley o soulman teve que dividir os créditos com o produtor Danger Mouse, no álbum “Lady Killer”, Cee Lo domina a cena em hits que misturam romantismo e deboche puro. “F**k you”, a queridinha de 2010, foi parar até em um episódio da série “Glee”, numa versão comportada que virou “Forget you” em cover da atriz Gwyneth Paltrow. (Dolores Orosco)


 
Janelle vem aí!

A nova diva do r’n’b não tem as curvas de Beyoncé, nem faz parte da geração de garotas brancas que cantam como negras. Fina em seu terninho black-tie e sapatos bicolores, Janelle Monáe, uma americana do Kansas de 25 anos, incendiou a cena ao aparecer no videoclipe “Tightrope” dançando como James Brown e cantando com sua voz suave e vigorosa. A faixa, parceria com o rapper Big Boi, está entre os hits deliciosos do álbum “The archandroid (suites II and III)”, no qual a moça faz uma viagem futurista inspirada no clássico “Metropolis”. A boa notícia é que Janelle vem aí, abrindo os shows de Amy Winehouse no Brasil. (DO)


 
Valeu, Dr. Luke!

No ano em que a dance music se consolidou de vez no gosto popular, Dr. Luke foi o nome do electro pop. Muito mais discreto que David Guetta (o dono das paradas musicais em 2009), o produtor é o autor de dois dos maiores hits “bate cabelo” dos últimos 12 meses: “California gurls”, de Katy Perry, e “Tik tok”, de Ke$ha. Críticos dizem que ele  usa sempre das mesmas artimanhas e até plagia a si próprio. As alfinetadas têm lá a sua verdade, mas é impossível negar o talento que Luke tem para criar melodias perfeitas para as rádios e pistas de dança. Quando ele toca, ninguém fica parado. (Gustavo Miller)


 
Os subúrbios do Arcade Fire

Em uma época em que muitos artistas miram a simples produção de singles para comerciais de TV ou toques de celular, a banda canadense criou uma obra feita para não ser consumida em pedaços. Terceiro disco de estúdio do Arcade Fire e comparado com “OK computer”, do Radiohead, “The suburbs” é um retrato melancólico sobre o homem moderno e exige uma audição pausada e repetitiva. Ironicamente, a ousadia levou a banda ao mainstream: shows lotados no Madison Square Garden e até primeiro lugar na parada da Billboard. (GM)


 
Nada efêmera

2010 foi o ano das vozes femininas da cena indie paulistana conquistarem os holofotes: Luísa Maita, Tiê, Karina Buhr e Andreia Dias lançaram ótimos álbuns. Mas foi uma moça com nome de flor e voz anasalada à Gal Costa quem arrebatou a crítica: Tulipa. Com letras doces e arranjos originais, a cantora lançou um dos melhores discos de MPB do ano, “Efêmera”. Tulipa também foi escalada para grandes festivais, se apresentou em programas de TV e dividiu o palco com Milton Nascimento. Ao que tudo indica, ela veio para ficar: Tulipa já é atração confirmada no palco do Rock in Rio 2011. (DO)

Shimbala-o-quê?

Quando 2010 começou, ninguém sabia o que era “Shimbalaiê”. O ano acabou, ninguém ainda faz ideia, mas a paulistana Maria Gadú continua andando timidamente pelo caminho pavimentado por seu maior hit. O primeiro álbum da cantora de 24 anos é de 2009, mas foi neste ano que ela passou a ser a centroavante da nova MPB. Aposta da Som Livre, Gadú se cerca de pessoas bem vistas por seu público (Caetano Veloso, Ana Carolina), de repertório certeiro e de números expressivos. A estreia vendeu mais de 100 mil e o CD-DVD ao vivo saiu direto com 65 mil cópias. (Braulio Lorentz)


 
A parada dos teens

O sertanejo pré-universitário de Luan Santana uniu fãs de Jonas Brothers e adoradores de Victor & Léo. Os shows lotados, quase sempre para mais de 20 mil pagantes, e o cachê de mais de R$ 300 mil comprovam que o ano foi do cantor sul-matogrossense de 19 anos. Dialogando e fazendo coraçõezinhos com a mão para a mesma faixa-etária, porém com calças mais apertadas e som pós-emo, o quarteto paulistano Restart cunhou o rótulo happy rock. A banda pintou de colorido o sisudo rock nacional com letras festivas e som sem firulas. (BL)

Yes, Sir!

Depois de uma espera de 17 anos, o público brasileiro pôde se reencontrar com Paul McCartney no último mês de novembro. Na ocasião, o músico fez três apresentações arrasadoras (uma em Porto Alegre e duas em São Paulo), todas com ingressos esgotados, e trouxe um pouco da beatlemania de volta ao Brasil. Aos 68 anos, mostrou energia em um show com cerca de 3 horas de duração e quase 40 músicas, a maior parte delas clássicos da ex-banda. O cantor também esbanjou profissionalismo, simpatia e bom humor ao se comunicar com a plateia em português e ao autografar o braço de duas fãs no palco. Ao partir, deixou saudade e a dúvida: fará novos shows por aqui? (Henrique Porto)


 
Não valeu ‘esperar pelo homem’…

Os ingressos para sua palestra na Flip evaporaram em minutos. Uma semana depois, veio a bomba: Lou Reed cancelou sua vinda ao Brasil por… hm… “motivos pessoais”. OK, fã que é fã perdoa. Segunda chance: em novembro, o lendário roqueiro de Nova York desembarcou enfim em São Paulo para lançar “Atravessando o fogo”, livro que compila letras que escreveu para o Velvet Underground. Proibiu flashes dos fotógrafos, reclamou do hambúrguer frio e, de fato, autografou algumas centenas de cópias. Para coroar, no mesmo dia em que McCartney presenteava os fãs com um repertório recheado de Beatles, Reed foi na contramão: tocou quase só faixas (?) de “Metal machine music”, disco de barulho puro que é considerado o mais chato de sua carreira, e mandou uma penca de gente embora pra casa mais cedo. Lou Reed anda tão de mal com a vida que proibiu a pobre Susan Boyle de gravar ‘Perfect day’ (Diego Assis)

Fonte: G1

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