Surrealismo…
O conceito de ser jovem nos dias atuais parece deturpado. Muitos entendem que ser jovem é cultuar a futilidade, não ter limites e não ter o bom senso em saber onde começa e termina os seus direitos. Ah, como é legal uma pessoa chegar cheio de juventude aos 40, 50, 60. Não é aquela juventude com síndrome de Peter Pan, ou querendo ser a titia ou titio da Sukita. É o ser jovem na melhor idade, com a leveza da alma e consciente do papel social.
Na época ápice da juventude frequentei festinhas em boates, em casas de amigos. Fui ao cinema, ao teatro, a shows, acompanhados de amigos ou não. Me divertia bastante, voltava pra casa de alma lavada, consciente de que a festa tinha acabado e que a vida continuava, já pensando em uma outra ‘overdose’ de diversão. Como o meu tempo é o hoje, não parei de curtir à noite ou dia, quando o assunto é diversão. Mais moderado optei por um lazer mais tranquilo, onde um bate papo informal é sempre viável. Mas isto não impede de curtir uma balada dançante, principalmente quando ela é da boa.
Embora tenha cara de sisudo, me considero uma pessoa tranquila, despojada e alegre. É por isso que adoro diversão. Só que já está virando rotina algumas atitudes mal educadas a serem vivenciadas em alguns locais da ilha. Na quarta-feira,29, resolvi passear por um shopping da cidade para apreciar as vitrines das lojas, degustar na praça de alimentação e depois quem sabe assistir a um filme. De repente, passo a conviver com cenas inusitadas, pois foram registradas em um shopping. Um local em que a gente pensa estar seguro por pagar um preço alto pelo acesso. As cenas foram patéticas, por se tratar de quatro jovens, que aparentemente têm família, renda e frequentam escola.
Já que não existiu diversão, o jeito foi se contentar com as cenas divertidas e hilárias de duas adolescentes brigando no tradicional puxa puxa de cabelos. A confusão foi acabar dentro de uma loja. Veio o questionamento sobre a motivação da briga. Alguém blasfemou em alto e bom som. ‘É por causa de namoro”. Pensei que o triste cenário não fosse acabar, pois a platéia de jovens conivente com a baixaria, ao invés de apaziguar, colocava lenha na fogueira. Foram bons minutos de duelo entre as duas jovens, onde nem os seguranças do dito shopping, conseguiram acalmar os ânimos das destemidas. Depois de muito arranca rabo, barraco armado, as pugilistas se retiram do local, não sei se ficaram envergonhadas com a Ópera Bufa.
Até aí, tudo bem. A cultura da paz volta a reinar no shopping. Quem disse ! De repente, dois adolescentes na fila do cinema resolveram trocar chutes e pontapés. Me sentindo mais num campo de batalha do que num shopping, resolvi tirar o time de campo diante de tanto descaso, da santa ignorância e de um ‘surrealismo’ vivenciado em uma noite de fim de férias num shopping center. Na volta pra casa o que restou-me foi refletir sobre tais conflitos.
Para aqueles que acham que os problemas psicossociais da juventude são de ordem apenas das classes desfavorecidas de dinheiro, entre outros bens materiais, eis um equívoco. A crise existencial é de todos. Está na hora das família, religiões, escola, entre outras instituições sociais e políticas, se engajarem a uma questão tão séria. Tem muita gente precisando de tratamento. Não basta falar que a cidade está crescendo por que tem muito carro, gente rica e emergente, condomínios luxuosos. O desenvolvimento tem que caminhar com a Cidadania, Ética, legitimadas pela educação.
Portanto, jogar lixo na rua, não respeitar a faixa do pedestre, buzinar no trânsito, fazer ultrapassagem pela direita e em alta velocidade, não respeitar a fila, cuspir e fazer xixi no chão, desrespeitar o idoso e brigar em shopping, são atitudes feias.