Cautela na Notícia

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A ética, apurar a notícia com o tom da verdade e enxergar os dois lados da moeda são algumas essências básicas para o bom exercício do jornalismo. Na minha vida acadêmica e como profissional há 20 anos sempre utilizei a cautela e a responsabilidade no momento em que estou escrevendo um texto ou me permitindo a uma troca de idéias com os companheiros jornalistas.
Quando o assunto é fazer jornalismo, a minha especialidade sempre foi a música. Dela alimento a minha alma, a vida profissional e ao mesmo tempo procuro alimentar ao próximo. Jamais utilizei um espaço em veículo de comunicação para denegrir ou ferir qualquer quer que seja a pessoa, qualquer segmento ou movimento artístico, e por aí vai.

Na última quarta-feira, fui entrevistado para divulgar a minha participação no show da banda pernambucana Nação Zumbi, da cearense Alma Negra e das locais Kazamata e Nego K´aapor. Achei a iniciativa e o espaço louváveis para que se pudesse destacar uma festa marcada pelo diferencial e que veio para abalar as estruturas da ilha.

O foco da matéria seria o show. Só que durante o bate papo falamos do evento e de repente surgiram comentários sobre o reggae. Como um cidadão formador de opinião dei a minha parcela de contribuição, até porque não sou “Maria vai com as outras”, tenho personalidade e opinião própria e não sou obrigado a concordar com determinados “Status Quo”. Mas ao fazer qualquer comentário uso em primeiro lugar o bom senso, para não tornar-me o dono da verdade. Assumo que durante a entrevista trocamos opiniões sobre o assunto, mas o que me deixou incomodado foi saber que as minhas palavras ecoaram de maneira distorcidas.

Na matéria publicada na última quinta-feira, sublinhei alguns trechos para que pudesse me retratar de uma situação bastante constrangedora.

1- Sobre o rótulo “Jamaica Brasileira” não estava me posicionando contra. Disse apenas que dentro de um movimento engajado, político, o título soava como um equívoco. Agora, se o grande lance é o reggae como entretenimento, o título é justificável.

2- Jamais me referi as radiolas e ao estilo de reggae cultuado por aqui como “cafona” e “ultrapassado”, pois as duas expressões ecoariam de forma arrogante e preconceituosa. Quero expressar que embora tenha preferências por determinados reggaes e radiolas, sou também um defensor da democracia e da seguinte citação: “Aquilo que é bom para mim, pode não ser bom para o outro, e vice-versa”.

3- As palavras foram colocadas em minha boca quando me referi sobre a estratificação social no reggae. Tentei apenas fazer uma comparação de que o reggae em outros cantos do País ganhou força de cima para baixo. No Maranhão, o fenômeno foi semelhante com o ocorrido na Jamaica, nasceu de baixo para cima. Quis dizer que a comparação foi apenas sócio-econômica, e que no geral a história sobre a difusão do reggae tem a sua importância e que o Maranhão pela questão étnica absorveu o ritmo jamaicano com mais vibração.

4- Um outro trecho na matéria que discordo foi quanto ao comentário feito sobre as estruturas dos clubes de reggae em São Luís. Fiz apenas um relato “realista” do “apartheid social e ideológico” existente nos clubes. A segregação pode ser vista a olho nu. Como exemplos citei o Trapiche, Chez Moi e o Chama Maré, os quais visito como uma certa freqüência e outros mais populares que de vez em quando me deixo envolver em nome da “vibração positiva” do reggae.

Diz quem tem o dom da palavra jamais perde uma batalha, mas quando a mesma é utilizada de forma errada pode gerar uma guerra. A lição fica para todos nós profissionais da comunicação. Todo cuidado é pouco com a notícia !

1 comentário para "Cautela na Notícia"


  1. Nice

    Oi, Pedro

    Sou admiradora do seu trabalho. Sei que você é uma pessoa séria, mas infelizmente, “nessas terras perto da linha do equador”, nem sempre o respito se faz presente.
    Mas é isso aí. Quem conhece você sabe do seu profissionalismo e da sua responsabilidade com a cultura – local e mundial.
    O que realmente aconteceu com o show? Vai haver uma nova data?
    Espero, sinceramente, resposta…
    Sabe quem sou eu????
    Nice

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