Festival Fora do Tempo repercute positivamente fora do Maranhão

0comentário

Uma ilha fluvial com 7 quilômetros de extensão, localizada entre os Estados do Tocantins e do Maranhão, que durante o período de seca na região (maio a setembro) oferece uma bela e ensolarada praia.

Esta paisagem, somada a um céu de múltiplas cores e dimensões, foi o cenário da segunda edição do Festival Fora do Tempo, que ocorreu entre os dias 20 e 25 de julho.

O local, conhecido como Ilha dos Botes, fica no município de Carolina – sul do Maranhão. Uma cidade pequena, com pouco mais de 20 mil habitantes, que recebeu com alegria toda a movimentação causada pelo evento.

Cerca de 2 mil pessoas participaram da comemoração do reveillón do calendário Maia, que calcula o ano de acordo com as fases da lua. Somando-se os ciclos da lua, temos um total de 364 dias, ou seja, fica faltando um dia para que o planeta Terra finalize seu movimento de translação. Este é considerado o “dia Fora do Tempo”, uma data para rever conceitos e idéias.

A preocupação com o impacto ambiental ficou clara desde a chegada à ilha. Os organizadores distribuiram kits contendo um sabonete biodegradável, uma semente de jatobá e uma camisinha. Estes sabonetes permitiram aos mais conscientes tomar banho sem poluir as águas do rio Tocantins.

Além disso, optou-se pelos banheiros ecológicos: latões enterrados na areia com cabines de madeira e palha de babaçu que geraram reclamações de alguns participantes, devido à falta de manutenção constante (cal e papel higiênico). Porém, esta forma de sanitário não deixa resíduos, pois os latões são retirados intactos após o término do festival.

Para quem esteve presente na primeira edição do Fora do Tempo, a surpresa foi grande – a estrutura praticamente triplicou de tamanho. A pista principal era rodeada de estrelas de madeira e palha, com tecidos coloridos oferecendo sombra. O maior destaque da decoração certamente foram os tótens com símbolos indígenas, produzidos com material reciclado pelo simpático artista uruguaio Antonio.

Com mandalas, tecidos e colchões espalhados pelo chão, o chill out estava aconchegante e sua sonorização ambientava as atividades que aconteciam logo ao lado, na tenda cultural.

Sem dúvida, um dos maiores investimentos desta edição do festival foi a praça de alimentação, com opções para todos os gostos. As mais de quinze barracas funcionavam 24 horas, e não faltou comida durante todo o tempo.

O que também não faltou foi boa música. Com o crescimento do evento, aprimorou-se também a estrutura de som, que tornou-se maior e com mais qualidade. A grande cabine, construída com toras de eucalipto, recebeu artistas brasileiros e estrangeiros. A proposta do evento de valorizar djs e produtores regionais manteve-se neste ano, e o que se viu foi um amadurecimento nas apresentações.

Foram muitos os convidados internacionais: Etic e E-jekt (Israel), Ital (Chile), Galaktik Wave (França), Rex (África do Sul), Hamelin e Ecliptic (México). Com desempenho de alto nível, os artistas mostraram um pouco de suas experiências nas mais variadas vertentes do trance psicodélico.

Sempre uma apresentação à parte, o trio Yagé – já conhecido por tocar nos principais festivais brasileiros – encantou o público com interferências musicais orgânicas como flauta, berimbau, tambores e até um berrante.

Dentre os artistas nacionais, destacaram-se os lives Cosmo Tech, Baphomet Engine, Crystall, Cannibal Barbecue, JP, Mental Broadcast e HYT, representando os Estados de Goiás, São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul e Pará.

A confiança depositada pelo evento em alguns djs nacionais trouxe como resposta boas surpresas. As principais delas foram os djs Diff (MA), Marcel (TO), Kali (ES), Piro (DF), Vinnix (SP), Pateta (PE), Sarto (DF) e Psyred (PA), que mostraram sets sérios e competentes.

É claro que os mais conhecidos não deixaram a desejar. Veteranos como Pedrão, Rodrigo CPU, Ekanta e Xamã fizeram jus à sua história na cena psicodélica nacional e movimentaram a pista de dança com técnica e responsabilidade.

Infelizmente, o caos aéreo impediu a chegada de importantes artistas. Um desfalque considerável foi o grupo paulista Pedra Branca, programado para tocar no último dia do festival. Mesmo assim, o chill out apresentou de reggae a jazz, com apresentações diversas como Smurf (SP), Pablo RST (CE), Radiola Rasta (CE) e o memorável versus entre a banda argentina Muamba e os integrantes do Yagé.

Para aqueles que buscavam uma transformação da consciência coletiva, as atividades culturais disponibilizaram não só entretenimento, mas principalmente troca de informações e experiências sobre os mais variados temas. Xamanismo, meditação ativa, oficinas, palestras e filmes ofereceram novos conhecimentos aos interessados.

participação de grupos artísticos de várias partes do Brasil trouxe ainda mais magia à festa. Rituais de fogo, fantasias, tintas coloridas e intervenções teatrais permitiram um encantamento coletivo, que uniu os participantes em uma grande celebração.

Mesmo com a distribuição de “bituqueiras” (potinhos de filme fotográfico), era triste ver a quantidade de pontas de cigarro jogadas ao chão. A título de informação, este micro-lixo é formado por viscose, material que demora no mínimo dois anos para se decompor.

Ainda assim, o balanço final foi positivo. Era notável a integração entre o público de diferentes Estados, que voltou pra casa com algo diferente dentro de si: sentimentos de unidade, respeito e evolução espiritual.

Sem comentário para "Festival Fora do Tempo repercute positivamente fora do Maranhão"


deixe seu comentário

Twitter Facebook RSS