Morre o tenor que reinventou no canto lírico

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A música erudita está de luto. Morreu aos 71 anos o tenor italiano Luciano Pavarotti. Embora tenha passado boa parte de sua vida sendo um cantor lírico seguindo a cartilha com os padrões impostos pela vertente, Pavarotti procurou se libertar da tradição.

Chegou a ser criticado pelo universo purista do canto erudito por abraçar a idéia de flertar com outras nuances da música, sem perder a essência. O tenor procurou intencionalmente a fusão do clássico com o pop, do antigo com o moderno, e a utilizar –vejam só– instrumentos eletrônicos em algumas apresentações! Foi com esse espírito desafiador que acabou fazendo parcerias com Bono, Sting, Suzane Vega, Brian May, Bob Geldof e Mike Oldfield.

Essa mudança no comportamento musical, assim como fazer turnês consideradas megalomaníacas, ou então promovendo concursos que levava o seu nome custou ao artista críticas ácidas. Foi conceituado de exibido pelos conservadores do clássico.

O fato é que boa parte dos habitantes do mundo da ópera é purista e convencido. É possível imaginar qual foi a reação “dessa gente” quando, em 1990, Pavarotti se apoderou de um trecho da sagrada ópera “Turandot”, de Puccini, e a transformou no hino da Copa do Mundo na Itália. Foi chamado de mercenário.

A princípio, o tenor manteve o espírito alegre e não se importou com os ataques, que considerava “ranço de elitistas”. Mas eram mais que ataques – eram ofensas. Pavarotti foi acusado pelos ortodoxos de jogar pérolas aos porcos por levar ao grande público obras de Verdi, Puccini e Gaetano Donizetti, este último um de seus grandes amores musicais. O lançamento dos “Três Tenores” foi, de certa forma, um pontapé no traseiro desses críticos. O álbum foi um sucesso estrondoso, e o é ainda hoje.

Quanto mais ataques recebia, Pavarotti se transformava em guerreiro de sua causa. Como custa caro se fugir do convencional neste mundo. Uma coisa é certa: Pavarotti não foi apenas um dos mais potentes tenores da história, mas também a criatura que popularizou o canto lírico no século XX. Enfim, a perda do tenor de Modena (Itália) representa o mesmo que “Amor Sem Beijinho, “Romeu sem Julieta, Buchecha sem Claudinho, Avião sem Asas, Queijo sem Goiabada, Carro Sem Estrada, Futebol sem bola, Piu-piu sem frajola” e o canto lírico sem Luciano Pavarotti.

2 comentários para "Morre o tenor que reinventou no canto lírico"


  1. Anônimo

    Estou emocionada com o seu artigo, estou em lágrimas. Estou de luto pela perda da voz mais linda do mundo, saber, a voz de Luciano Pavarotti.

  2. Clara Efigênia

    Estou emocionada com o seu artigo, estou em lágrimas. Estou de luto pela perda da voz mais linda do mundo para mim, a saber, a voz de Luciano Pavarotti.

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