Cultura: a arte de cultivar tudo

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No último dia 10 (quinta-feira), um grupo de estudantes do 5º período de jornalismo da Faculdade São Luís esteve reunido na sala 302 para discutir o tema: “Comunicação, Cultura e Globalização”. O Seminário foi coordenado pela estudante do curso, bacharel em Relações Públicas da UFMA e Assessora de Comunicação do INCRA, Flávia Almeida da Silva. Participaram como convidados a pedagoga e Técnica da Secretaria de Estado da Educação, professora Maria Georgina, os jornalistas e escritores Itevaldo Júnior e Roberto Kenard.

A maioria dos alunos se fez presente, ávidos em trocar experiências e coletar dados sobre um assunto cheio de complexidade. Foi uma noite de estudo em que de um lado estavam estudantes de jornalismo já envolvidos com o mercado, amadurecidos e com uma noção do papel a exercer como profissionais. Do outro, estavam pretendentes a um espaço na redação de um jornal, rádio, portal, TV, ou de uma assessoria, e ainda a procura de uma ideologia para vivenciar o dia-a-dia da profissão.

A idéia do seminário foi justamente criar uma atmosfera de interação, de problematizar, provocar, levantar questionamentos e chegar a uma conclusão mesmo que ela não seja a verdade constituída. Provamos que a intenção básica do encontro foi atingido, pois tanto os estudantes quanto os palestrantes absorveram o tema. Não houve apenas uma sabatina, mas sim interrogações. E no meio de tantas perguntas e respostas, de um ping pong saudável, concluímos através da fala do trio de convidados, embora em alguns momentos distinta, de que o conceito de cultura ainda se enxerga de forma provinciana, ortodoxa, clássica, acadêmica, tradicionalista e folclórica (com todo respeito a palavra).

Porque na cabeça de alguns puristas a palavra cultura ainda ecoa com essas nuances ? Como resposta veio a construção de outros paradigmas, onde entendemos que nada tem dono, a história de que somos os melhores em tudo, que o bom é ser tradicional ou moderno, que legal é curtir Chico Buarque, boi de matraca, clássico de Mozart, ler livros de Jorge Amado, assistir filmes de arte ou do Cinema Novo, ou peças de Shakespeare. Muita das vezes tudo não passa de equívocos ou de uma vaidade que beira o lado doente da auto-estima. É preciso, sim, perceber o outro lado da moeda. Ter sensibilidade e pudor para enxergar o Créu originário do funk carioca, A Eguinha Pocotó, feita apenas para ninar uma criança, os rappers dos Jardins, o tecnobrega do Pará, forró pasteurizado do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, o axé music da Bahia, o reggae com características de seresta do Maranhão. Enfim, aprender a conviver com a pluralidade cultural existente no conceito de globalização brasileira, consumida por uma onda humana. Se é bom ou ruim, eis a questão ?

Entendemos que no meio ao que se fala de Mundialização e Cultura, não se aceita de forma alguma a xenofobia, rótulos para se autoafirmar ou de isolamento, porque o que o conceito de cultura está muito mais amplo. É todo mundo falando a mesma língua. Os limites geográficos não existem mais. Você pode estar aqui e comer sushi e sashimi, assim como quem está lá pode comer arroz de cuxá com peixe frito.

Até que me provem ao contrário, cultura é a história que contamos de nós mesmos. Não sabemos onde começa e termina o conceito de cultura popular, erudita e de massa. E pegando carona na fala da professora Georgina em que citava o estimado poeta português Fernando Pessoa: “da minha aldeia vejo o mundo. E o mundo é do tamanho como você o enxerga”…

1 comentário para "Cultura: a arte de cultivar tudo"


  1. Jonathas Nascimento

    Pedrão,
    Essa eu fiquei te devendo! Mas pode cobrar com juros e correção!
    Abraços

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