Avenida Brasil: da classe C para todo o brasileiro

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A ficção pode ser um retrato da realidade, sim senhor ! A sugestiva Avenida Brasil, a começar pelo título, é um buraco novo na teledramaturgia brasileira. João Emanuel Carneiro concebeu uma ‘novela para a classe C e tudo acabou virando uma novela da Classe C para todo e qualquer brasileiro’, conforme citação do cineasta Arnaldo Jabor, em crônica publicada na revista Veja.

Em Avenida Brasil, o subúrbio aparece na TV sem folclore e sem ideologias. E o grande protagonista foi o Divino agregando a família emergente do jogador do Tufão, o ‘bufão’ Adauto, o oportunista de plantão,  Max, a cabeleireira Monalisa, o gari analfabeto , os bon-vivant do boteco, Marias Chuteiras, ‘playboys’ do futebol, empregadas interativas, dondocas da zona sul, o povo do ‘lixão’, além das peças principais da trama, as rivais, Rita (Nina) e Carminha.

Várias cenas me chamam atenção ao assistir a novela E sempre foi regra em novelas: “Enquanto um burro fala, o outro abaixa a orelha.” Duas pessoas não podiam falar ao mesmo tempo – isso era coisa da vida real, não da ficção. “Avenida Brasil” botou a regra abaixo: toda a família Tufão falava ao mesmo tempo e dava pra entender perfeitamente o que acontecia. Também pudera dispensa apresentações o jeito despojado e emergente de ser dos protagonistas da casa.

Realismo social com pitadas de irreverência, e uma trilha sonora de abertura em que não entendia a escolha do ‘Kuduro’. Qual a ligação entre o ritmo africano e a trama ? E a resposta veio no refrão ‘xarope’ e animado de ‘Oi, Oi, Oi’, que acabou virando marca registrada do folhetim global, onde qualquer criança de colo balança ao ouvir os acordes de “Vem Dançar Comigo”.

A novela Avenida Brasil, vista por mais de 80 milhões de brasileiros, transferiu comício da presidente Dilma Rousseff, em apoio ao candidato petista Fernando Haddad,  à Prefeitura de São Paulo, provocou apagão no sistema elétrico do País, sai de cena. O jeito é encarar a abstinência e aguardar a próxima Carminha, entre outros personagens, que refletem a vida que está parecendo a cada dia uma grande Ópera Bufa.

3 comentários para "Avenida Brasil: da classe C para todo o brasileiro"


  1. Lidce Cutrim

    Muito inteligente Pedro! Gostei quando você aborda a questão do subúrbio sem folclore e ideologias, acho que é isso que nos “coloca” como personagem da novela também.Poucos autores conseguem isso, veremos como exemplo essa próxima novela “Salve Jorge”, essa autora fantasia tudo e o exagero não aproxima. Vamos observar.

    • Pedro Sobrinho

      Obrigado, Lídice pelo comentário. Essa novela me chamou muita atenção. Achei a abordagem atual e mostra uma sociedade brasileira que passa por uma transformação de valores.

  2. Pedro Sobrinho

    Salve Jorge…é uma preocupação nas mãos de Gloria Perez.

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