Local de lixo é na lixeira !

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Ano em que o Brasil retoma as discussões sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável, por meio da Rio+20, os problemas aumentam no ecossistema, tendo em vista o progresso e a falta de uma consciência política e educacional. A sensação é de impotência e desânimo ao pensar da impossibilidade de se reduzir a pobreza, promover a justiça social e a proteção do meio ambiente em um planeta que é cada vez mais habitado.

 

Foto: Jorge Choairy/Internauta

Morando numa cidade cercada de águas por todos os lados e de muita beleza, baixa tristeza quando saio pelas ruas da cidade e, ainda, deparo com lixões domésticos espalhados em vias públicas e terrenos baldios. E pior acontece quando são realizados eventos de massa. Enfim, o lixo nas grandes cidades brasileiras se transformou ao longo dos anos em problema social, econômico e de saúde !

Jogado por gente sem nenhuma noção de cidadania e esquece em que seu direito começa quando termina o do outro . Além dos problemas de esgotos, praias com restrição de uso, transporte público sem qualidade, insegurança no trânsito e pública, temos que viver com a triste realidade da sujeira causada pelo lixo, que dá margem para proliferação de ratos, urubus e baratas, além de transmissão de doenças.

Um verdadeiro círculo vicioso, em que de um lado está o Poder Público, que embora faça a coleta do lixo diária, deixa de botar lixeiras na maioria dos logradouros de São Luís e tem lapso de memória quanto o papel social ao deixar de realizar ações educativas aos ‘sugismundos’. Do outro, está à população que contribui para jogar lixo na rua e constata estar na contramão da qualidade de vida.

E já que se produz todo dia toneladas de lixo e muitas pessoas ainda não aprenderam o lugar certo dele. É só você dar uma olhada na sua rua que irá perceber o quanto isso é verdade.  Eis uma proposta que pode mudar o hábito dessas pessoas sem respeito. Cada vez que estiver na rua, seja por qualquer motivo, pare e PEGUE qualquer lixo que você encontre a sua volta, não importa a origem. Se essa atitude for tomada por milhares de pessoas, tenho certeza que servirá de exemplo pra quem não aprendeu a jogar o lixo na lixeira. Além disso, muitas catástrofes, como enchentes e inundações podem ser evitadas com esse simples gesto de solidariedade.

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Música Estranha que só 'euzinho' aqui ouço

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O rádio, como um generoso veículo de comunicação de massa, começou a fazer o elo ao vivo e direto com o ouvinte. A internet veio legitimar o quanto é importante o processo na democratização da informação. E como um defensor árduo da democracia defendo essa interação entre o emissor e o receptor da informação e tudo funcionando na legalidade do tal direito de resposta.

E já que [hoje] é domingo e não sexta-feira, dia escolhido por mim para post de clipes do youtube na página, resolvi publicar uma sessão extra do quadro ‘Música Estranha Que Só Euzinho Aqui Ouço’, para mobilizar o o seu domingão  e me posicionar sobre o comentário legítimo feito pelo Mauro Estrela, enviando com gentileza um recado para o amigo internauta.

De antemão quero agradecer os elogios feito ao Blog e dizer que o privilégio tê-lo como aliado nessa busca incessante pela audiência. Mas, também, aproveito para responder a crítica, conceituada por ele como construtiva. Quero dizer ao amigo virtual que é aceitável o posicionamento do mesmo. Agora, não é minha intenção ser superior ou inferior a alguém ao colocar o meu gosto musical no Blog. A ideia será a de sempre mostrar que a música defendida pelos extremistas e por muitos como alternativa, B-Side ou lado B, deve ter o seu lugar ao sol, experimentada e permitida, não somente por uma imensa minoria. Afinal de contas, é música e, que embora não tenha um apelo comercial exigido pela ‘mass midia’, cabe a nós darmos uma chance . E se a oportubidade existe em divulgá-la no Ipod, Ipad, Blog, entre outras ferramentas, não se deve perder tempo.

E se ‘a música estranha que só euzinho ouço’ pareça ‘piegas’, espero que não fique zangado com a minha teimosia, pois prefiro manter o nome, tendo em vista que tudo apenas não passa de uma brincadeira. E lá vamos nós soltando “Tell Me a Tale”, do jovem músico inglês Michael Kiwanuka. Uma espécia de R&B, ou melhor, música de preto construída para machucar os corações meu, seu, do outro e de qualquer etnia. Enfim, uma grande semana que tá chegando. E um velho lembrete: ‘Só o Som Salva’.

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Sua Incelença, Ricardo III

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Marília Pêra: versátil e atuante

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Marília Pêra, beirando os 70, com mais de 50 de carreira, conversou com jornalistas durante uma hora, no Grand Hotel São Luís. Um bate papo em que a atriz sentiu-se a vontade e mostrou ser espirituosa na maioria dos questionamentos.  Ela recebe uma justa homenagem, durante o encerramento da 35ª edição do Festival Guarnicê de Cinema, neste sábado (15), no Teatro Artur Azevedo.

Para início de conversa, a atriz lembrou outros momentos em que esteve em São Luís, onde se apresentou no TAA. Também destacou a importância do festival para o cinema brasileiro e pelo tempo em que vem sendo realizado na capital maranhense e distante do eixo Rio-São Paulo.  Para a atriz, eventos dessa natureza são uma uma oportunidade para a formação de plateia. “É uma maneira de fazer com que filmes cheguem até as pessoas mais humildes, principalmente, quando são exibidos gratuitamente”, acrescenta.  Ela comentou, ainda, que o governo, artistas e jornalistas têm papel fundamental em divulgar esses festivais e o compromisso de possibilitar o acesso de todos.

Marília acredita que o Brasil é um país de muitos talentos e que o cinema nacional tem sido prestígiado pelos maiores festivais do mundo, exemplificando também o Festival Guarnicê de Cinema e dá a receita para como o artista deve atuar no cinema, TV e teatro. “Para mim, é uma grande surpresa ver nossos cineastas participando desses eventos. Aprendi muito com eles. Quanto aos atores, sei que existem bons artistas, mas não é preciso ter talento para atuar no cinema e na TV. Pode-se gravar fala a fala. No teatro, é diferente. Ali, o artista tem de ser um atleta”, compara.

Questionada pelo fato de possuir trajetória artística extensa, produtiva, vitoriosa e que resultaria em uma biografia da artista em livro e filme, Marília disse que todo ser humano tem um história para contar e que pode se tornar um livro ou um filme. “Sei que tenho uma história de muitos desafios e realizações. São anos de estrada e que um dia, quando parar de trabalhar tanto, quero juntar um autor, um roteirista para contar essa historinha, que seja em livro ou em filme.

Tida como uma artista completa, Marília Pêra atua, canta, produz e escreve, ela afirmou que já pensou em aposentadoria. “Pensei em parar em vários momentos da minha vida. Seria bom se eu conseguisse fazer isso e viver só para ser homenageada”, brincou.  Embora tenha dito que não produza mais como antigamente, Marília Pêra confessa que está aprendendo a cantar. “Tenho medo disso. É como se eu não merecesse. Como se fosse um privilégio. Mas poder cantar nos palcos me dá uma felicidade imensa”, disse a atriz, que se prepara para fazer os musicais Hello, Dolly, com direção de Miguel Falabella, e Herivelto Como Conheci, no ano em que se comemora o centenário do compositor e músico Herivelto Martins, dirigido por Claudio Botelho, além do desejo de produzir e atuar em “A Doce Canção de Caetana”, da escritora carioca Nélida Pinon e “O Leite Derramado”, de Chico Buarque.

Marília Pêra também tem escrito alguns textos que não foram ainda divulgados e recentemente escreveu o livro Cartas Para Uma Jovem Atriz, que narra momentos de sua vida e as experiências que teve – desde a infância, na qual se destaca a influência de seus pais, atores, em sua formação artística, até a fase adulta, quando o leitor pode tomar contato com um pouco da história da dramaturgia brasileira. Enfim, a atriz Marília Pêra é versátil e tem sabido viver intensamente todas as fases da  vida, seja, nos palcos, na telinha e na telona.

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Racismo na Eurocopa (?)

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O comportamento dos torcedores nesta Eurocopa mostra que a Europa, além de estar regredindo financeiramente, também está regredindo socialmente. E depois nós que somos o terceiro mundo….

Atitudes racistas foram demonstradas de parte do público croata contra o atacante italiano Mario Balotelli no jogo desta quinta-feira (14). E não ficaram apenas nas ofensas verbais. O fotógrafo Gerry Penny, da agência EFE, flagrou o momento em que uma banana atirada em campo foi recolhida por um segurança durante a partida entre Itália e Croácia pela primeira fase da Eurocopa.

O jogo terminou empatado por 1 a 1. O gol italiano foi marcado por Pirlo, mas o assunto depois da partida foi Balotelli. Toda vez que o atacante do Manchexter City tocava na bola, era vaiado sem dó.   Além disso, segundo o jornal inglês Daily Mail, foram ouvidos gritos racistas e sons de macaco vindos da torcida croata toda vez que Balotelli era acionado. Na estreia contra a Espanha, o atacante italiano também sofreu ofensas. Antes do torneio, Balotelli chegou a dizer que “mataria” quem o atacasse com ofensas racistas.

Outros casos de racismo foram registrados durante as partidas entre Espanha e França e Rússia e República Tcheca.

Embora o Ministro dos Esportes da Rússia, Vitaly Mukto, tenha negado na segunda-feira (11), em declarações para a imprensa de seu país, as acusações de que parte da torcida russa insultou de forma racista o tcheco-etíope Theodor Gebre Selassie, no jogo de estreia entre as duas seleções pela Euro-2012, a associação polonesa Never Again, que é membro da FARE (Futebol contra o Racismo na Europa), afirmou que seus observadores ouviram gritos de “macaco” vindo de um setor russo em direção a Gebre Selassie, zagueiro da República Tcheca.

E no momento a UEFA está investigando. Até agora, no entanto, não houve punições disciplinares”, declarou a UEFA, por meio de um comunicado.   Organizadora da Eurocopa, a Uefa prometeu rigor aos casos de racismo registrados durante a competição. Será a tal da Globalização ?

Uma musiquinha pra conscientizar os corações dos que ainda alimentam e carregam em suas almas penadas o discurso do preconceito. Pride [In The Name Of Love], U2.  Gostaram da ideia ?

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Sabadô: encontro marcado com o Pôr do Som

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Jorge Choairy está de volta, depois de percorrer o Brasil, pelo Palco Giratório, com o espetáculo Pai e Filho, dirigido por Marcelo Flecha, tendo ainda no elenco, o ator Cláudio Marconcine. No paralelo entre o ator e deejay, Jorge diz que está louco para disponibilizar e compartilhar com quem gosta de música os baratos afins guardados em sua discoteca.

Quem gosta de boas experiências sonoras tem um encontro marcado nesse sábado, 23, com o Pôr do Som, no bar e restaurante L´Apero (Praia de São Marcos). Os residentes Franklin e Pedro Sobrinho recebem como convidado o ‘deejay’ Jorge Choairy. A audição começa às 17h, com direito à vista da baía de São Marcos, drinks, gastronomia mundana e muita diversão. Coouvert:  5 pilas.

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Música estranha que só 'euzinho aqui' ouço !

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Até que enfim é Sexta-Feira! E hoje é dia de Pedro Sobrinho indicar o som em seu Blog. Soando estranho ou não, a boa pedida é ouvir Arnaldo Antunes ´[que esteve em São Luís, no sábado (9), e infelizmente não pude assistir ao seu show acústico MTV] e Edgard Scandurra em um inusitado – e excelente – encontro musical como Toumani Diabaté.

Um nome como ‘A Curva da Cintura’ sugere algo dançante, quase um axé. Poderia até mesmo ser título de um disco do É o Tchan. Mas é muito mais que tudo isso – e não tem nada a ver com o que você possa pensar.

Primeiramente, é um projeto dos roqueiros Arnaldo Antunes e Edgard Scandurra. No entanto, esqueça os riffs de guitarra raivosos de Ira! ou Titãs – tampouco um lado acústico-psicodélico levado pela mente improvável de Arnaldo.   O projeto mostra Arnaldo e Edgard como aprendizes. É que ‘A Curva da Cintura’ tem um terceiro nome que confunde tudo o que você pode imaginar desses artistas: o envolvimento do músico Toumani Diabaté que, além de mostrar a kora (uma harpa de 21 cordas) para os dois artistas, coloca a música malinense como pano de fundo para Arnaldo e Edgard Scandurra fazerem o que quiser com seus vocais.

Num resumo, ‘A Curva da Cintura’ é world music mesmo. Mas bem melhor sucedida que um SuperHeavy ou “We Are the World”.

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Criolo: o vencedor

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A 23ª edição do Prêmio da Música Brasileira, ou seja, a versão 2012 do evento, mudou de cara. Em solenidade realizada na noite desta quarta-feira (13), no Theatro Municipal no Rio de Janeiro, o grande vencedor foi o rapper paulistano Criolo.  Uma premiação justa para quem ralou, mas quando baixou a oportunidade soube fazer barulho com o disco “Nó na Orelha”.

Criolo foi o escolhido nas categorias “Revelação”, melhor cantor e álbum na categoria Pop/Rock/Reggae/Hip-Hop/Funk. Os nomes foram anunciados pela atriz Luana Piovani e a cantora Zélia Duncan, apresentadoras do evento.

Aplaudido de pé, Cauby Peixoto levou o prêmio de melhor cantor popular em uma noite que reuniu “amigos” como a cantora Ângela Maria e Agnaldo Timóteo. “Participar desse prêmio é muito importante. Estava ansioso, nem dormi direito essa noite”, revelou Cauby. Para Agnaldo, artistas como Cauby precisam ser lembrados. “Eu, Cauby, Ângela somos representantes da canção de amor do Brasil, não vejo jovens seguindo esse caminho, nós estamos desaparecendo”, comentou o cantor.

O sambista Arlindo Cruz e a cantora Alcione também foram contemplados pela premiação que abriu espaço também parar artistas menos conhecidos do grande público como o cantor Hebert Lucena, vencedor na categoria regional de “Melhor Cantor” e “Álbum”.

João Bosco, o homenageado da noite, teve sua trajetória contada por meio de imagens de arquivo, e a obra cantada por ele e parceiros.

 

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BR-135 na sexta-feira, dia 14/9

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A Face rejuvenescida da música maranhense

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Do rap ao rock, do samba à música pop, uma legião da jovem safra de cantoras brasileiras – talentosas, charmosas e aguerridas –  vai ocupando espaços. Isso mostra que a música brasileira está sempre inovando e trazendo novos talentos. Mesmo com as dificuldades e a distância geográfica dos demais centros desenvolvidos do país, o Maranhão não foge desse contexto. Três bons exemplos são Tássia Campos, 26 anos, Dicy Rocha, de 32 anos e Cris Campos, de 30 anos.

Tássia Campos encara a música como um processo natural. “É como respirar massa e ter a garganta como instrumento”, brinca. Para Dicy “a música sempre fez parte de vários espaços da vida dela”. “A música sempre esteve presente em casa, na família, entre amigos, lá na infância acompanhando as cantorias na comunidade, nos terreiros e rodas”, afirma.

Oriunda de família de músicos, em que o pai José Severiano era violonista e colecionador de música popular, e o avô Eustáquio Martins Rocha, tinha um grupo musical juntos com os irmãos e primos chamado “Os Pretos Mutum”, Dicy conta que a influência da família é marcante no trabalho dela. “A minha família sensibilizou os meus ouvidos.É uma ligação ancestral muito forte. Hoje, todos esses sons se refletem no trabalho que eu tenho buscado para apresentar ao público”, relata.

Cris Campos começou os trabalhos a serviço da religião. “Iniciei cantando aos 11 anos, em uma banda chamada Salmos, na igreja católica do Angelim. Profissionalmente tudo começou em 2001”, conta.

Renovação

Questionadas por representarem a face rejuvenescida da música produzida no Maranhão, Tássia considera a pergunta difícil e encara como uma responsabilidade para uma resposta imediata. Ao insistir no questionamento, ela responde: “desconfio que seja uma oportunidade que o Maranhão está tendo de ganhar novo fôlego, abrir a cabeça. Já ouvi um artista das antigas dizer que essa nova geração é a geração do mal feito. Fiquei ofendida, mas depois vi muita coisa e entendi”. “Galera, sejamos novos e descolados, mas afinem as guitarras. Se o caso é representar, que representemos dignamente, de forma profissional e sempre aperfeiçoando o bem maior: a música”, adverte.

Preocupada com o ônus, Dicy prefere esquivar-se de ser representante da nova ordem na música local, mas se manifesta de forma mansa, com humildade e o discurso de quem veste a camisa entre o tradicional e a modernidade. “Quero dizer que o fato de eu estar integrada a esse cenário do novo, me permite não negar a música de quem veio antes. Pelo contrário, isso se traduz até mesmo na minha forma de compor e na escolha do repertório dos shows, mostrando canções de compositores que por algum motivo não são tão conhecidos. Essa aliança entre passado e presente me acompanha até na formação da banda. Junto comigo estão João Simas, que é um músico muito jovem, e o Josemar Reis, que tem uma história bonita demais na música feita no Maranhão”, admite.

Para Cris, oxigenar a cena é necessário na construção de uma cadeia produtiva musical renovada. Ela diz orgulhosa em fazer parte dessa nova sonoridade que ecoa no Maranhão. “Lógico, sinto que as ações de outrora não foram em vão. Faço parte de um cenário musical atual que trabalhei para surgir e colaborei para reforçar a identidade. Sei que estou no caminho certo, sinto isso. Sinto que minhas letras chegam onde tem que chegar e as bandas que trabalho têm musicalidades muito interessantes também. E isso tem repercutido positivamente. Provavelmente, tem afinidades também com o público de São Luís, que tem procurado outras sonoridades e as tem descoberto. É por isso fico mais feliz ainda pelo fato de que as ações de hoje vão trazer bons frutos amanhã”, ressalta.

Gosto musical

Na opinião das três cantoras ouvir o outro é essencial pois as influências são necessárias para que se possa criar um caminho original e autoral. Tássia não esconde as suas predileções musicais definidas por ela como eclética e mundana. “Quando criança eu tinha um gosto musical meio estranho para minha idade. Eu todos os dias ouvia um vinil que a Maria Creuza, Toquinho e Vinícius gravaram. Eu me amarrava em Secos e Molhados, ouvia Ivan Lins, me divertia com os Demônios da Garoa, ouvia atentamente o padre Zezinho com minha avó. E quando cresci essas predileções não mudaram muito, mas fui conhecendo outras coisas, Flora Purim, Fela Kuti, Tom Zé, Novos Baianos, Caetano, Gil, Bob Marley. Aprendi a cantar com Gal Costa, comecei a ouvir Itamar Assumpção, Sérgio Sampaio, Josias Sobrinho, César Teixeira. Sempre gostei de ouvir tudo. Acredito que isso aumenta nosso repertório interno, engrandece a gente, porque temos muito a aprender com esses caras e essas caras”, assegura.

Já Dicy define o seu gosto musical como colorido e atemporal. Diz se identificar com a música de influência e raiz negra. “Meus últimos shows sempre tiveram essa opção mais forte por esse tipo de sonoridade, o ‘Baile Black’, o ‘Rosa Semba’. O meu gosto musical vai de Clementina de Jesus a Dobet Gnahoré. Tudo toca na minha vitrola. Não dispenso nada. Tudo tem importância”, garante.

Cris se define como um artista pra lá de diversificada nas influências e que as mesmas vêm de um clã musical. “Meu pai e minha mãe sempre foram muito musicais, muito embora cada um tivesse o seu gosto. Meu pai ouvia muito chorinho e logo eu virei grande consumidora do estilo. Já minha mãe, tocava sanfona e diversos outros instrumentos e, além disso, na minha infância, ela ouvia diariamente música erudita. Era confuso na escola ter amigos que ouviam sons mais populares. Mas eu gostava bastante do que ouvia em casa. Herdei os vinis da ‘mama’ e ouço sempre Schubert, Beethoven, Bach, Vivaldi e tantosoutros mestres, como ouvia na nossa casa na Madre Deus”, relembra.

Ela comenta sobre o envolvimento com a cultura popular e da relação com os novos nomes da Música Popular Brasileira (MPB). Cita como exemplos os bois na capela de São Pedro, além de Clara Nunes, Monica Salmaso, Renato Anesi, Cordel do Fogo Encantado, Céu, Camille, US3, Saravah Soul, A Roda, Renata Rosa, Beirut, Norah Jones, Ceumar, Blues Etílicos, Pitanga em Pé de Amora, Criolina, Validuaté, Academia da Berlinda, Orquestra Contemporânea de Olinda, Maria Betânia, Gal, Mayra Andrade, Salif Keita, Cesária Évora, Tom Zé, Lenine, Lula Queirog.

Navegar é Preciso

A internet tem auxiliado muito os novos artistas, sem grana nem gravadora, na divulgação de seus trabalhos. Na opinião das três a ferramenta de comunicação ajuda quem consome e faz música.

Indagada, Tássia reflete: o que seria de mim sem a internet ? “É o caminho mais veloz da informação.Tenho um canal que chama Soundcloud. Lá disponibilizo áudios de shows e ensaios, isso aproxima o público da gente e os shows tem sido divulgados basicamente pelas redes sociais, facebook, twitter. É massa quando curtem, comentam, compartilham, retweetam. Isso serve de termômetro para aceitação do teu trabalho. As possibilidades são infinitas, principalmente por eventos que são pensados, produzidos e financiados por mim mesma”, brinca (rsrs)

Cutucadas se a internet veio também para tornar os caminhos mais curtos, um facilitador na aldeia, as três artistas têm a resposta na ponta da língua. “O artista precisa de palco, de outros palcos que não sejam o da sua cidade de origem, precisa mostrar o trabalho pra mais gente. O artista tem de ir aonde o povo está”, defende.

Dicy reconhece a necessidade em navegar na internet e tenta ser funcional no uso destas ferramentas. “O bom é que sou muito curiosa. Uso as redes sociais, como o facebook, para poder comunicar melhor e divulgar o que venho fazendo, além de manter o contato com o trabalho de outros artistas independentes. Já recebi convites interessantes e parcerias foram articuladas com pessoas de diversos lugares pela internet, o que é maravilhoso, porque ela reduz distâncias e me aproxima virtualmente de pessoas, artistas e sons”, elogia.

Ela também acredita na produtividade a partir do próprio ‘habitat natural’ e afirma que a música não pode ser refém o tempo inteiro do mercado e de políticas culturais governamentais. “Eu prefiro acreditar na força da arte e da música que a gente faz aqui. É preciso entender o local onde a gente canta. Não dá pra pensar em fazer um trabalho aqui tendo o Sudeste como referência. Quando você compreende sua própria casa, você faz o melhor que pode, com os recursos que você tem e o resultado sai verdadeiro e positivo”, sugere.

Já Cris Campos converge na força da internet e das redes sociais para valorizar a música local no Globo. A artista fala da criação de um blog e diz estar online com o facebook e o twitter para divulgar os trabalhos a qual está inserida e usa uma frase do Tolstoi para definir a conversa: “Se queres ser universal, começa por pintar tua aldeia”, acredita.

Novas entre Aspas

O sucesso muitas vezes demora a chegar. Tássia campos diz que já chegou a questionar se ainda é uma cantora revelação, nova ou não. “Essa imagem não foi criada por mim, quando dei por mim já estavam dizendo isso nas chamadas para entrevistas em rádios ou TVs. Acredito que sempre sou dita e tida como “novidade” por ainda ser inédita em disco e por sempre cantar os novos compositores e trilhar um caminho de oposição. Essa questão da dificuldade em divulgar o trabalho em rádios ou TVs ainda é polêmico porque nós aqui [Brasil], temos muito o que aprender sobre a difusão da cultura e claro, para além desses veículos de comunicação. Agora, não se pode cobrar apenas das rádios a tocarem a música produzida aqui, se os artistas não estão em praça pública mostrando seus trabalhos e se grande parte dos trabalhos tem aspecto amador. Embora difícil, me orgulho de fazer algo novo e independente. Se tivesse ficha técnica para os meus shows eu faria assim: direção artística: eu – direção executiva: eu, produção: eu- patrocínio: vaquinha lá em casa”, brinca (rsrs).

Dicy tem consciência que ser nova ou não faz a diferença. O importante para ela é trabalhar como uma artista que faz carreira independente de discografia e divulgação em rádios e TVs. Ela aproveitou para mencionar sobre o primeiro CD. “Não quero ser refém de um mercado que acaba sendo limitador. Estou em processo de gravação do disco e tenho feito ele sem pressa, sem gravadora e sem grande expectativa de mídia. É um trabalho que está sendo feito com cuidado e paciência’, revela.

Para quem acha que elas são farinha do mesmo saco, elas respondem que em comum têm a música, mas cada qual no seu quadrado. “Nossas trilhas sonoras são diferentes pelas opções musicais que cada uma coloca no seu trabalho. Ser diferente não é ser oposto. A gente toca junto no mesmo rádio”, argumenta Tássia. “Cada uma tem uma trilha sonora a seguir. Somos musicalmente diferentes e acreditamos em estéticas diferentes”, diverge no raciocínio Dicy. “Nossa, acho muito diferente o meu trabalho do das meninas. Vivemos esse instante do “novo”, mas há diferença no que fazemos. A música hoje é muito híbrida, com “colagens” de ritmos de diversos lugares. Cada uma de nós tem uma proposta de trabalho diferente, bem como trajetórias de vida diferentes.
Obviamente que isso reflete no que produzimos”, acrescenta.

Projetos Musicais

Ávidas por ideias e fazer barulho com música, Tássia está articulando o primeiro disco “Gravação Sem Fim”, mas encontra dificuldades financeiras para concebê-lo. Em dueto com o músico maranhense, Chico Saldanha, ela gravou uma faixa do projeto discográfico de Zeca Baleiro, com poemas de José Chagas. E mostrou afinidades com o reggae ao participar, no último dia 30 de abril, do projeto Desentope Batucada, capitaneado pelos ‘deejays’ Pedro Sobrinho e Franklin, participando do tributo a Bob Marley, ao interpretar pérolas do ‘Rei Midas’ jamaicano.

Já Cris Campos diz que o seu momento é sempre seguir com show solo ou com o Coletivo Gororoba ou com Afrôs. “Esses três momentos paralelos e diferentes só vem a colaborar para que eu seja muito mais musical e estar sempre pensando em arte, com vontade de criação”, admite.
Transcrito da Revista Ótima/ Foto: Rodrigo Corrêa

 

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