'E o Mundo Não se Acabou no Carnaval'…

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“Na comunicação nada se cria, tudo se copia”. Não podemos jamais esquecer da obrigação em dar o crédito, pois pode causar constrangimento e cadeia. Embora o carnaval tenha passado, li um texto escrito pela jornalista Cláudia Boëchat e gostei. Ela faz uma relação entre o carnaval, a tal festa da carne, e a possibilidade de um ‘apocalipse now’ em plena folia. A referência para destacar o assunto foi a citação de “E o Mundo Não se Acabou”, composta pelo mestre Assis Valente, que nasceu em 1911 e morreu em 1958, cantada até hoje por aí afora.

É um bem-humorado alerta feito há cerca de um século e que se adequa perfeitamente à atualidade, diante dos avisos sobre o suposto fim do mundo previsto pelos maias e a proximidade do carnaval.

Mas, quem é Assis Valente ? Os desavisados logo dizem, ah, queremos nós lá saber quem é Assis Valente (!) Mas, como efeito de aprendizagem para uns e outros que não o conhecem pelo nome, eis algumas lembranças. Mas quem nunca ouviu “Camisa Listrada”  ? Quem não conhece a gravação de 1972 dos Novos Baianos cantando “chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor…”? “Brasil Pandeiro” é o nome dessa música – e ambas são composições de Assis Valente.

Conterrâneo de Caetano Veloso, baiano de Santo Amaro, Assis foi para o Rio de Janeiro esculpir dentaduras. Era protético. E batucando no balcão onde trabalhava compôs muitos sambas. Também fazia desenhos, charges, e vendia para revistas como a Fon Fon. Finalmente, seu talento musical foi descoberto por Heitor dos Prazeres. Carmen Miranda (com quem ele aparece na foto) foi sua musa inspiradora e principal intérprete. Alguns dizem que era paixão, embora haja quem diga que Assis era gay. Quem acredita no amor entre os dois, no entanto, afirma que a ida da Pequena Notável para os Estados Unidos foi o começo da profunda tristeza de Assis.

Como todo artista genial, ele era um ser atormentado. E acabou cometendo suicídio. Motivo? Acredita-se que tenham sido as dívidas. Dizem que gastava tudo o que ganhava com as dentaduras comprando belos – e caros – ternos de linho Braspérola. E se manteve sempre assim, elegante, gastando o que podia e o que não podia. Outros falam que desistiu de viver por causa da distância de Carmen Miranda. Difícil saber. Consta que tentou se matar duas vezes antes morrer por ingestão de veneno – uma vez cortando os pulsos, outra pulando do Corcovado. Destino contraditório ao se observar a alegria de muitas de suas canções, cerca de 150. Fez de tudo: choro, samba e até marchinhas juninas e natalinas.

Em novembro do ano passado foi lançado Assis Valente – Não Fez Bobagem – 100 anos de Alegria, CD duplo em comemoração ao centenário de morte desse papa da MPB, com gravações originais dele e regravações feitas por grandes nomes como Maria Bethânia, Elza Soares, Marília Pêra, Martinho da Vila e até Wanderléa, entre outros medalhões. Uma obra fundamental para qualquer admirador de MPB e da cultura nacional.

Assis era um poeta do cotidiano. Dono de raro humor e fina ironia. E como um gênio nunca perde a atualidade, a jornalista Cláudia Boëchat selecionou uma música e um vídeo interessantes. A música junta carnaval e fim do mundo e as intérpretes – surpresa! – Paula Toller e Sandy. Já viram essas duas no samba? E no estilo Carmen Miranda? A apresentação foi no Grammy Latino de 2008. A canção foi composta por Assis Valente na década de 30, quando disseram que o mundo se acabaria por causa de um eclipse total. Boa música para se cantar no pré, nos dias e depois do carnaval.

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'Tropicália' gerando polêmica na Bahia

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Após tentativas frustradas de negociação amigável com a empresa Odebrecht, o cantor Caetano Veloso vai recorrer à Justiça com o intuito de impedir que a construtora utilize o termo “Tropicália” para dar nome a um condomínio de luxo em Patamares, no litoral de Salvador, na Bahia. Segundo a advogada do artista, Simone Kamenetz, uma ação de tutela antecipada será protocolada até a próxima semana.

Além de Caetano, outros artistas que participaram do movimento cultural surgido no fim da década de 60 –que valorizava a experiência estética como um instrumento social revolucionário–, tais como os cantores Gilberto Gil e Tom Zé, que já apoiaram publicamente a revolta de Caetano, devem fortalecer a movimentação judicial contra os planos da empreiteira.

De acordo com a Odebrecht Realizações Imobiliárias, o objetivo da empresa é o de “referendar um importante movimento artístico, de grande representatividade na Bahia e no Brasil”. Porém, Kamenetz afirma que a “homenagem” proposta pela Odebrecht é uma violação dos direitos de propriedade intelectual (referindo-se a Caetano Veloso), e argumenta que o objetivo do cantor não é o de cobrar retorno financeiro. “Ele não vai licenciar de jeito algum e não quer receber dinheiro da Odebrecht, que já sinalizou querer se apropriar na marra”, disse.

Segundo a advogada, o artista baiano não quer ver em hipótese alguma a sua obra associada a um empreendimento imobiliário –atividade que está em plena expansão na capital baiana e já foi constantemente criticada pelo próprio Caetano Veloso. O artista compreende que a construção desregrada de grandes imóveis está “desfigurando” a orla de Salvador.

“Salvador tem sido assaltada com esses empreendimentos gigantescos. A postura do Caetano é muito clara: não usem a minha obra. Ele nunca comercializou a sua obra para ganhar dinheiro com propaganda. Você nunca viu nenhuma música do Caetano associada a refrigerantes ou detergentes, por exemplo. A Odebrecht fala em homenageá-lo, mas a verdade é que os homenageados não querem essa homenagem. Há muitas outras pessoas por aí que ficariam felizes com essa homenagem. Não é o caso do Caetano”, explicou.

Kamenetz argumenta que a questão não se resume apenas ao batismo do novo condomínio de luxo –que se chamaria “Tropicália”. “Na verdade, os edifícios internos também receberiam nomes inspirados na obra do Caetano”, disse.

“Um dos prédios se chamaria ‘Alegria’ [em referência ao clássico ‘Alegria Alegria’, considerado o marco inicial do movimento tropicalista, em 1967]. Outro se chamaria ‘Divino, Maravilhoso’ [alusão a um dos grandes sucessos da dupla Caetano Veloso e Gilberto Gil]. Já há outdoors em Salvador que utilizam expressões como ‘Onde o divino encontra o maravilhoso’. Os princípios do Caetano estão sendo violados”, completou.

Outro lado

Em nota, a Odebrecht afirmou à imprensa que “foram feitas as devidas consultas prévias ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), órgão competente, e ficou constatado que não há impedimento para o uso do nome ‘Tropicália’ em um empreendimento imobiliário”.

No entanto, segundo a advogada de Caetano Veloso, Simone Kamenetz, o argumento da Odebrecht em relação à consulta no INPI é “fraco”, já que há clara intenção de se apropriar do ideário de um movimento artístico cuja expressão icônica se dá na imagem e na obra de músicos como Caetano, Gilberto Gil e Tom zé.

“Além da música, Caetano é um formador de opinião, que frequentemente expressa suas convições políticas e ideológicas. Eles querem se aproveitar disso”, afirmou a advogada.

A empreiteira destacou ainda que o termo “Tropicália” é ou já foi utilizado como nome de “vários produtos, serviços e estabelecimentos no país”. De acordo com a assessoria da construtora baiana, a empresa “não utilizou, tampouco sugeriu nem autorizou o uso dos nomes dos integrantes do movimento para promover o empreendimento”.

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A hipnose do 'Ai Se Eu Te Pego'

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Dizem por aí, que ‘Ai Se Eu Te Pego’ do Michel Teló é a nossa ‘Macarena à Brasileira’. O hit sertanejo cruzou o oceano e faz sucesso na China, na Itália, nos Estados Unidos e caiu na boca das celebridades, jogadores de futebol, soldados israelenses. Já cansou de ouvi-la em português e a versão em inglês da canção de Michel Teló, “If I Catch You” ?. Se você gosta da música mas não aguenta mais os arranjos tocados à exaustão por aí, um novo remix promete prolongar a vida útil da música mais tocada no Brasil.

Nesse domingo (26), o produtor de música eletrônica Kassiano divulgou um remix de ‘Ai Se Eu Te Pego que tem, além dos vocais em português de Michel Teló, um verso totalmente inédito em inglês, cantado pelo rapper Pitbull. A faixa, também produzida pelos DJs Buddha e Gregor Salto, vem em boa hora: Teló começou uma turnê pela Europa na última sexta-feria (24).

Embora tenha deixado muita gente espumando, será politicamente correta a chamada da revista Época, que diz que Michel Teló, “traduz os valores da cultura popular para os brasileiros de todas as classes”. Para o blog “Todo DJ Sambou”, a matéria até mirou direito, mas errou o alvo. O que a tal da música “Ai, Se Eu Te Pego” faz é marcar um golaço de simplicidade musical ao atingir o inconsciente coletivo de todo mundo, isso sim.

– Toda música tem sua função. E, se você pensar que existe uma enorme quantidade de compositores que se propõem a fazer música pop, pra grudar, o cara que escreveu “Ai, Se Eu Te Pego” foi mega bem sucedido na sua missão – admite o blogueiro.

Ele ressalta, ainda, que “é o tipo da música que estaciona na sua cabeça e inexplicavelmente fica lá pra sempre, basta uma ouvida. Combina as notas musicais de forma tão eficaz que pouco importa se a letra é uma merda.

– Você já viu este filme, ou melhor, já ouviu músicas assim. A primeira que me vem à cabeça é a pentelha “Macarena”. Você pode nem saber de quem é tampouco de que país veio essa praga, mas sabe cantar, né? Sem falar na dancinha, que você também aprendeu e já deve ter feito ou visto alguém fazer com a gravata no meio da testa numa festa de casamento – brinca.

Michel Teló tirou a sorte grande – que também pode se tranformar num enorme fardo, condenando-o pro resto da vida como o cara do “Ai, Se Eu Te Pego” – e emplacou a sua “Macarena”. Aliás, a música nem é dele, foi escrita por uma banda de forró chamada Cangaia de Jegue (amei o nome do cara), e cá estamos, eu e você, pensando nesta pérola – sem brincadeira, no bom sentido mesmo – do cancioneiro popular.

Ainda que não me “represente”, a música do Michel Teló é f…Qualquer criança ouve uma vez e sai cantando. E nem adianta não ter o CD em casa. Não é uma questão de ter um “ouvido para música sertaneja”. Para o DJ Sambou “é uma questão de estrutura melódica que funciona, para todos, apesar de tudo, ainda que sob a tortura de uma televisão ligada no Faustão na visita de domingo na casa dos seus pais”.

Não vou sair dizendo que a música do Michel Teló é microtonal, clássica, semitonal, anacrônica ou escambal. Nem saberia identificar isso. Meu ponto é outro. É entender esse hit, gigante e passageiro, como outros tantos. Uma coisa é certa outros sons dessa natureza irão surgir por aí fazendo o pacto com o capeta e provocando hipnose no senso comum ou não.

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Enfim, 2012 vai, realmente, começar…

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Os dias de folia se foram, mas sei que ainda haverá rescaldo da contagem de pontos das escolas de samba do Rio, São Paulo, arrastões dos trios elétricos na Bahia, o frevo saltitando pelas ruas de Olinda ou do Recife, o saldo dos acidentes nas estradas, assassinatos, a limpeza dos locais por onde passaram os foliões. Por aqui, as carroças desfilando pelas ruas de Rosário, além dos lava pratos, garfos, entre outros objetos e iguarias utilizadas para que a festa não fique resumida há três dias.

Pra alguns o ano começa após a quarta-feira de cinzas. Atenção, atenção, este fevereiro é bissexto, vai até o dia 29. Mas ainda há quem acredite que o fenômeno – o de o ano começar de verdade – ocorra após a Páscoa. O meu ano, para variar, começou dia 1º de janeiro, sem escapatória. Mas, como tudo é carnaval em janeiro e fevereiro nesse País, a vida só começa a ser planejada de fato após muita maisena, confetes e serpentinas, até porque nada funciona nesse País. O Congresso Nacional, as Assembleias Legislativase Câmara de Vereadores entram de recesso. Nos Poderes Executivo e Judiciário a palavra de ordem é a lentidão. Enfim, o espírito de todos é carnavalesco.

E agora José ? A festa acabou. É hora de tirar a fantasia e guardá-la para o próximo carnaval. Esquecer por mais 366 dias o surrrealismo da folia e encarar a real. É hora de planejar a vida, pagar impostos e assumir outras atribuições do dia a dia.

Enfim, é uma roda viva que me leva a pensar e escrever sobre a rotina:  “A idéia é a rotina do papel. O céu é a rotina do edifício. O inicio é a rotina do final. A escolha é a rotina do gosto. A rotina do espelho é o oposto. A rotina do jornal é o fato. A celebridade é a rotina do boato. A rotina da mão é o toque. A rotina da garganta é o rock. O coração é a rotina da batida. A rotina do equilíbrio é a medida. O vento é a rotina do assobio. A rotina da pele é o arrepio. A rotina do perfume é a lembrança. O pé é a rotina da dança. Julieta é a rotina do queijo. A rotina da boca é o desejo. A rotina do caminho é a direção. A rotina do destino é a certeza. Toda rotina tem a sua beleza.”

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"Agora Você é Luz"

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“Eu estou na oficina de Deus arrumando a turbina. Me aguardem !” Essa foi a última frase de efeito do cantor Wando. Ele morreu vítima de uma parada cardiorrespiratória, aos 66 anos na manhã desta quarta-feira (8) no Biocor Instituto, em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte (MG).

Internautas anônimos e famosos prestaram homenagem ao cantor no twitter: “Wando não morreu. Ele Virou Raio, Estrela e Luar”, escreveu um usuário citando a música “Fogo e Paixão”, que também apareceu nos tópicos mais comentados.

Não tive acesso a obra musical de Wando, mas lembro da minha adolescência ao ouvir “Moça” e na fase adulta com “Fogo e Paixão”, [essa última animou muitas noites divertidas da minha vida]

Pra quem arrepiou o cenário da música ‘brazuca’ apostando no romantismo erotizado e irreverente, o que nos resta é citar a frase da apresentadora Astrid Fontenelle no twitter: “Agora Você é Luz !!! O brega mais amado do Brasil”. Mas, saca só essa versão visceral de “Fogo e Paixão”, com banda Iguana Ska Rock, numa constatação que a música é uma arte sem preconceitos e que rótulo é criação do homem.

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Samba do Criolo Doido

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Muito legal o comentário do jornalista Zeca Camargo, em seu blog no G1, pegando carona numa faixa do novo disco do rapper paulistano Criolo Doido, “Linha de Frente” – um de seus maiores sucessos –, e quando ela manda o verso “O Dinheiro Vem pra Confundir o Amor”.

Disse ao ouvir a frase contida no hit, durante show do rapper, no Circo Voador, no Rio de Janeiro, no último sábado, bateu fundo em sua alma e veio a reflexão com três videoclipes “fresquinhos” que tinha visto exatamente no sábado. Dois deles, de cantoras internacionais consagradas, que poderiam muito bem deixar “essa bobagem” de música de lado e aproveitar a sua fama, mas que “insistem” em se reinventar. E um outro, de um artista brasileiro extremamente popular – pelo menos no passado – e que, num gesto desesperado para recuperar essa popularidade dá uma guinada no seu som e na sua imagem – e infelizmente não é para melhor.

As palavras de Criolo servem muito bem para definir a carreira não só desse último artista, mas a de tantos outros que um dia esquecem que credibilidade é tudo na relação de um músico com seus fãs – e quando essa linha de confiança se quebra, quando o dinheiro fica mais importante do que o amor (sobretudo o amor ao que ele faz, a própria música), os resultados não são apenas desastrosos para sua carreira, mas também para nossos ouvidos.

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Muito cuidado com a irreverência…

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O humorista Danilo Gentili p…ostou a seguinte piada no seu twitter:

“King Kong, um macaco que, depois que vai para a cidade e fica famoso, pega uma loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol?”

A ONG Afrobras se posicionou contra: “Nos próximos dias devemos fazer uma carta de repúdio. Estamos avaliando ainda uma representação criminal”, diz José Vicente, presidente da ONG. “Isso foi indevido, inoportuno, de mau gosto e desrespeitoso. Desrespeitou todos os negros brasileiros e também a democracia. Democracia é você agir com responsabilidade” , avalia Vicente.

Alguns minutos após escrever seu primeiro “twitter” sobre King Kong, Gentili tentou se justificar no microblog:

“Alguém pode me dar uma explicação razoável por que posso chamar gay de veado, gordo de baleia, branco de lagartixa, mas nunca um negro de macaco?” (GENIAL) “Na piada do King Kong, não disse a cor do jogador. Disse que a loira saiu com o cara porque é famoso. A cabeça de vocês é que têm preconceito.”

Mas, calma! Essa não foi a tal resposta genial que está no título, e sim ESTA:

“Se você me disser que é da raça negra, preciso dizer que você também é racista, pois, assim como os criadores de cachorros, acredita que somos separados por raças. E se acredita nisso vai ter que confessar que uma raça é melhor ou pior que a outra, pois, se todas as raças são iguais, então a divisão por raça é estúpida e desnecessária. Pra que perder tempo separando algo se no fundo dá tudo no mesmo?

Quem propagou a ideia que “negro” é uma raça foram os escravagistas. Eles usaram isso como desculpa para vender os pretos como escravos: “Podemos tratá-los como animais, afinal eles são de uma outra raça que não é a nossa. Eles são da raça negra”.

Então quando vejo um cara dizendo que tem orgulho de ser da raça negra, eu juro que nem me passa pela cabeça chamá-lo de macaco, MAS SIM DE BURRO.

Falando em burro, cresci ouvindo que eu sou uma girafa. E também cresci chamando um dos meus melhores amigos de elefante. Já ouvi muita gente chamar loira caucasiana de burra, gay de v***** e ruivo de salsicha, que nada mais é do que ser chamado de restos de porco e boi misturados.

Mas se alguém chama um preto de macaco é crucificado. E isso pra mim não faz sentido. Qual o preconceito com o macaco? Imagina no zoológico como o macaco não deve se sentir triste quando ouve os outros animais comentando:

– O macaco é o pior de todos. Quando um humano se xinga de burro ou elefante dão risada. Mas quando xingam de macaco vão presos. Ser macaco é uma coisa terrível. Graças a Deus não somos macacos.

Prefiro ser chamado de macaco a ser chamado de girafa. Peça a um cientista que faça um teste de Q.I. com uma girafa e com um macaco. Veja quem tira a maior nota.

Quando queremos muito ofender e atacar alguém, por motivos desconhecidos, não xingamos diretamente a pessoa, e sim a mãe dela. Posso afirmar aqui então que Darwin foi o maior racista da história por dizer que eu vim do macaco?

Mas o que quero dizer é que na verdade não sei qual o problema em chamar um preto de preto. Esse é o nome da cor não é? Eu sou um ser humano da cor branca. O japonês da cor amarela. O índio da cor vermelha. O africano da cor preta. Se querem igualdade deveriam assumir o termo “preto” pois esse é o nome da cor. Não fica destoante isso: “Branco, Amarelo, Vermelho, Negro”?. O Darth Vader pra mim é negro. Mas o Bill Cosby, Richard Pryor e Eddie Murphy que inspiram meu trabalho, não. Mas se gostam tanto assim do termo negro, ok, eu uso, não vejo problemas. No fim das contas, é só uma palavra. E embora o dicionário seja um dos livros mais vendidos do mundo, penso que palavras não definem muitas coisas e sim atitudes.

Digo isso porque a patrulha do politicamente correto é tão imbecil e superficial que tenho absoluta certeza que serei censurado se um dia escutarem eu dizer: “E aí seu PRETO, senta aqui e toma uma comigo!”. Porém, se eu usar o tom correto e a postura certa ao dizer “Desculpe meu querido, mas já que é um afrodescendente, é melhor evitar sentar aqui. Mas eu arrumo uma outra mesa muito mais bonita pra você!” Sei que receberei elogios dessas mesmas pessoas; afinal eu usei os termos politicamente corretos e não a palavra “preto” ou “macaco”, que são palavras tão horríveis.

Os politicamente corretos acham que são como o Superman, o cara dotado de dons superiores, que vai defender os fracos, oprimidos e impotentes. E acredite: isso é racismo, pois transmite a ideia de superioridade que essas pessoas sentem de si em relação aos seus “defendidos”

Agora peço que não sejam racistas comigo, por favor. Não é só porque eu sou branco que eu escravizei um preto. Eu juro que nunca fiz nada parecido com isso, nem mesmo em pensamento. Não tenham esse preconceito comigo. Na verdade, SOU ÍTALO-DESCENDENTE. ITALIANOS NÃO ESCRAVIZARAM AFRICANOS NO BRASIL. VIERAM PRA CÁ E, ASSIM COMO OS PRETOS, TRABALHARAM NA LAVOURA. A DIFERENÇA É QUE ESCRAVA ISAURA FEZ MAIS SUCESSO QUE TERRA NOSTRA.

Ok. O que acabei de dizer foi uma piada de mau gosto porque eu não disse nela como os pretos sofreram mais que os italianos. Ok. Eu sei que os negros sofreram mais que qualquer raça no Brasil. Foram chicoteados. Torturados. Foi algo tão desumano que só um ser humano seria capaz de fazer igual. Brancos caçaram negros como animais. Mas também os compraram de outros negros. Sim. Ser dono de escravo nunca foi privilégio caucasiano, e sim da sociedade dominante. Na África, uma tribo vencedora escravizava a outra e as vendia para os brancos sujos.

Lembra que eu disse que era ítalo-descendente? Então. Os italianos podem nunca ter escravizados os pretos, mas os romanos escravizaram os judeus. E eles já se vingaram de mim com juros e correção monetária, pois já fui escravo durante anos de um carnê das Casas Bahia.

Se é engraçado piada de gay e gordo, por que não é a de preto? Porque foram escravos no passado hoje são café com leite no mundo do humor? É isso? Eu posso fazer a piada com gay só porque seus ancestrais nunca foram escravos? Pense bem, talvez o gay na infância também tenha sofrido abusos de alguém mais velho com o chicote.

Se você acha que vai impor respeito me obrigando a usar o termo “negro” ou “afrodescendente” , tudo bem, eu posso fazer isso só pra agradar. Na minha cabeça, você será apenas preto e eu, branco, da mesma raça – a raça humana. E você nunca me verá por aí com uma camiseta escrita “100% humano”, pois não tenho orgulho nenhum de ser dessa raça que discute coisas idiotas de uma forma superficial e discrimina o próprio irmão.”

Metendo a mão na colher quente

O humorista Hélio De La Peña, do Casseta & Planeta Urgente, enquanto representante do humor negro, black ou afrodescendente, resolvi pôr a mão nessa cumbuca quente.

Esse é um tema que provoca discussões passionais. Há os que querem condenar quem faz piada com preto, há os que querem condenar quem reage a uma piada com preto. Sou contra proibir piadas, mas acho que a reação a elas deve ser encarada com naturalidade.

Não tenho problemas com piadas de qualquer natureza, desde que elas sejam engraçadas. Não foi o caso. Quando a piada é boa, não cria constrangimento. E as explicações patinam, não esclarecem nada. No caso, ela me incomodou porque faz um paralelo do gorila com um jogador. Mas não qualquer jogador e sim um jogador preto. Afinal, a graça estaria aí. Ninguém comenta ou faz piada se um jogador branco pega uma loura. O estereótipo com o qual nós, humoristas, trabalhamos com freqüência é a do jogador negro (ou pagodeiro negro) que subiu de vida e, como tem grana, consegue pegar uma lourinha. O argumento de que não foi citada a cor do jogador é furado.

Danilo publicou um texto no seu blog sobre o assunto. Ali argumenta que quem chama um preto de macaco é crucificado. E afirma que “eu mesmo cresci ouvindo que sou uma girafa”. E que muitos gordos são apelidados de “baleia”ou “elefante”. O problema é que ninguém parado numa blitz foi xingado de girafa pelos canas. Também não ouvi falar de um porteiro que tenha dito a um gordo: “Sobe pelo elevador de serviço, baleia.” Associar o homem preto a um macaco não é novidade no anedotário e causa desconforto aos homens pretos.

Se alguma vez você sofreu discriminação racial, sabe o quanto isso é desagradável. Esta é a razão deste tipo de piada bater na trave. Isso não significa que eu seja a favor de cotas raciais – sou contra, prefiro um ensino de qualidade para todos. Também não sou militante da causa negra. Sou militante da mistureba geral das etnias. A fúria do “politicamente correto” é fruto de fanatismo. Mas democracia é o direito de se manifestar contra ou favor do que quer que seja, inclusive de uma piada.

Acho exagero imolar o humorista em praça pública. Processo é bobagem. Danilo não apontou o dedo na cara de nenhum preto e disse “olha aqui, seu macaco.” Ele fez uma piada, quem não gostou expôs sua opinião. Eu não gostei. E só.”

Não sou ‘100% Humano’

Euzinho [aqui] como representante e defensor das etnias misturadas, reconheço que existe a piada de bom e mau gosto. Tem gente que gosta. Outros não. Agora, não se pode confundir a  liberdade de expressão e irreverência com agressão.  Pra fazer sucesso hoje na TV e no rádio tem que ser engraçadinho.  Esse modelo de apresentar programas é tido como inovador. Só que alguns apresentadores esquecem do cuidado que se deve ter como a fala e passam a destilar veneno pelos cantos da boca.

Não é que seja contrário a esse formato de programa, mas às vezes vem o exagero e em tom ofensivo.  Seu Gentili, eu não quero vestir a camisa dos ‘!100%  Humano’, mas sou contra qualquer tipo de chacota, bullying, assédio moral ou qualquer tipo de atitude que desesrespeita o direito humano. Não quero com isso me definir moralista ou legalista.

Mas tirar onda com o discurso da verdade absoluta é querer humilhar. Cidadãos e cidadãs vamos repudiar, denunciar e condenar os(as) autores(as) de piadas jocosas e preconceituosas.

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Pergunta do dia…

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Pergunta do dia: E se juntar o Tche Tchererê + Lê lê lê + “Eu vou pegar você e Tãe tãe tãe + Bará Berê. Se tocar diariamente no rádio e na TV vira praga de rodeio ?

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Festival de Música Carnavalesca

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O Festival Maranhense de Música Carnavalesca, promovido pela Mirante FM, se tornou um programa obrigatório no calendário do carnaval de São Luís. Na noite deste sábado (28/01), foi realizada a décima primeira edição do evento com casa cheia, no Ceprama.  Nesta edição, foram selecionadas doze músicas, entre mais de noventa inscrições. No entanto, apenas onze músicas participaram da etapa final. A música “A Cobra”, de Ronald Pinheiro, não compareceu ao festival.

A música campeã foi “Pra largar essa mulher”, de Allyson Ribeiro e Dany Coelho Ribeiro e interpretada por Allyson Ribeiro. Como premiação, o autor recebeu um cheque de R$ 10 mil.

Em segundo lugar ficou “400 Carnavais” de José Paulo Costa Carvalho e interpretada por Zé Paulo, Chico Chinês. Chico Nô e Nivaldo Santos. Com a segunda colocação, o autor recebeu um cheque de R$ 4mil.

O festival ainda premiou o melhor intérprete. Pela bela apresentação, a dupla Celso Reis e Gerude levou R$ 2 mil. Eles cantaram “São Luís de todos Carnavais”.

Além da premiação, os finalistas terão as composições automaticamente incluídas em um CD de divulgação que será lançado durante o Carnaval de 2012.

Ouça as músicas que foram premiadas no 11º Festival de Maranhense de Música Carnavalesca, realizado no sábado (28), no Ceprama.

1º lugar: Pra largar essa mulher

2º lugar: 400 Carnavais

Melhor interpréte: Celso Reis e Gerude (São Luís de todos os Carnavais)

Fonte: Paulo de Tarso Jr./Imirante.com

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Casa Cor em São Luís

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Muito legal a sacada dos arquitetos, decoradores, paisagistas, designers em festejar os 400 Anos de São Luís a mostra da casa Cor em São Luís tendo como cenário o Casino Maranhense, um dos prédios emblemáticos do Centro Histórico de São Luís.

Pela força que tem a Casa Cor, considerado o maior evento de arquitetura, decoração e paisagismo das Américas, o segundo maior do mundo, o evento que traz como tema em 2012, “Moda, Estilo e Tecnologia” será um sucesso.

Além de ocupar o espaço do Casino Maranhense, A Casa Cor Maranhão 2012 vai aumentar o número de ambientes para 54 produções. Os destaques são para: a sala de música em homenagem à cantora Alcione; biblioteca e sala de leitura, em homenagem ao escritor Ferreira Gullar; Espaço São Luís 400 anos; charutaria; entre outros.

Enfim, parte da história de São Luís será contada na Mostra e o público só tem que prestigiar.

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